Jeff Bezos vai ao espaço, enquanto a maioria mundial conhece o inferno
Foto: Matthew Staver/Bloomberg/Getty Images

Jeff Bezos vai ao espaço, enquanto a maioria mundial conhece o inferno

Enquanto não houver superação do capitalismo, a alegria de uma vida plena de fartura e liberdade para todos e todas que aqui vivem, será só uma espaçonave distante a quilômetros de distância indo ao espaço.

Fabiana Amorim 20 jul 2021, 18:45

A principal notícia do dia espalhada pelos grandes meios de comunicação, é a chegada do homem mais rico do mundo ao espaço para fazer turismo. Enquanto o planeta atravessa uma crise ambiental catastrófica, entre secas e chuvas, tenta a duras penas sair da situação da pandemia, que na América Latina está provocando níveis de desigualdade sem precedentes, com mais de um terço da população vivendo na pobreza. 

Para a maioria da população mundial, sobretudo dos países da periferia global, esse período significou desemprego, perda de renda, fome e precarização do trabalho. Mas ainda assim, há quem tenha ganhado com essa situação. No mesmo período, os lucros de Jeff Bezos mais que triplicaram. Mas o homem mais rico do mundo ganhou companhia. Mesmo diante de tanta calamidade social, 493 pessoas viraram bilionárias.

Por vezes é difícil termos noção do que isso realmente significa. Mas, concretamente, estamos dizendo que um grupo de apenas 2.755 pessoas possui mais que o dobro da quantidade de riqueza de 7 bilhões de pessoas. Muito escutamos por aí, e Bolsonaro se elegeu sob esse discurso, de que devemos temer o comunismo, de que esse sistema deu errado no mundo inteiro. Mas e o capitalismo? Se deu certo, como é possível que tenhamos um bilionário indo espaço fazer turismo enquanto vivendo sob essa situação de tanto desespero para a maioria do povo?

Se pode dizer que essa viagem, é um passo adiante da “humanidade”, que em nome do “desenvolvimento tecnológico”, se irá reverter em serviços e melhora de vida para as pessoas. Mas a verdade é que a tecnologia tem servido para ampliar a exploração, para retirar ainda mais lucro para os grandes detentores dos meios de produção, como o que temos visto na uberização do trabalho com os trabalhadores de aplicativo.

É importante dizer: não é o coronavírus que gerou essa crise. Não são tampouco os governos autoritários, como aqui no Brasil, o Bolsonaro, ainda que o tenham feito piorar a situação. A crise de fundo e mais importante que estamos vivendo, é a do capitalismo. Por isso não há outra saída. Diante de tanta concentração de renda, destruição do planeta, e miséria da maioria da população, esse sistema precisa ser superado. Toda e qualquer luta que a juventude se coloca nesse período, precisa ter essa perspectiva. Enquanto não houver superação do capitalismo, a alegria de uma vida plena de fartura e liberdade para todos e todas que aqui vivem, será só uma espaçonave distante a quilômetros de distância indo ao espaço.


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