EDITORIAL: Não vai haver empate: todos os esforços para derrubar Bolsonaro
Foto: Juntos! SP

EDITORIAL: Não vai haver empate: todos os esforços para derrubar Bolsonaro

O que faz o fascismo recuar é a demonstração de maioria social. Esse recuo momentâneo, pode servir para que eles acumulem mais forças, então precisamos ampliar seu isolamento. Por isso é tão fundamental que nossos esforços daqui em diante sejam pela construção de atos o mais unitários possíveis.

Acompanhamos no último dia 7 de setembro um novo dobrar de apostas de Bolsonaro. Ele, que trabalha desde o primeiro dia que chegou à presidência para fechar o regime, foi para o tudo ou nada convocar sua base mais fiel para ir às ruas. Depois da tentativa de várias pautas autoritárias, o alvo dos ataques se tornou o STF. Isso porque os bolsonaristas são alvos de vários inquéritos que vão das fake news a ameaças autoritárias, levando à prisão de algumas figuras aliadas do presidente.

Ainda que tenham sido semanas de muitas promessas de “furar o cerco das 4 linhas”, que envolveram a paralisação parcial de caminhoneiros influenciados por empresários, os atos concentraram em 3 grandes cidades: São Paulo, com tamanho expressivo, Rio de Janeiro e Brasília, que mesmo com caravanas de todo país, teve peso menor que o esperado. O desejo incessante de dar um golpe e implementar uma ditadura por parte de Bolsonaro não é novidade nem pode ser posto em dúvida. Acontece que há também muito medo do lado de lá. Medo de ser preso e ter seus filhos presos, de não ganhar as próximas eleições – o mais provável, de pagar pelos tantos crimes que cometeu nesse período que esteve à frente do país. Eles demonstraram força, de uma base radical  que está disposta a qualquer coisa, mas também demonstraram que são minoria.  Perto do que eles gostariam, os atos foram insuficientes, mas ainda assim, demonstraram forças no maior ato que fizeram este ano, e agora não podemos permitir que continuem acumulando forças.

Essa contestação é importante de ser feita porque quem estava na ofensiva até poucas semanas atrás éramos nós. Com a CPI da COVID no Senado desnudando um governo cada vez mais entregue à lógica da velha política das trocas de favores e da corrupção, chegamos a ser quase 1 milhão de pessoas nas ruas em mais de 400 cidades do país e do mundo. Ainda que os atos não chegassem a extrapolar a uma massa de trabalhadores, demonstraram força pela sua nacionalização (coisa que bolsonarismo tem muita dificuldade em fazer) e o apoio das parcelas que não foram às ruas, mas apoiam o impeachment e não suportam mais Bolsonaro.

É preciso dizer que não há, porém, espaço vazio na política. Muito menos quando o jogo das definições passa para o campo das ruas. Aqueles setores lulistas que que dirigem as convocatórias dos atos via campanha Fora Bolsonaro, já demonstraram que apostam na tática do desgaste, e não da derrubada de Bolsonaro. Isso fica evidente quando permitimos atos espaçados em mais de um mês, e permitimos que o bolsonarismo se rearticule nas ruas mesmo num momento defensivo a eles. Ainda que insuficiente para o que propunham, a mobilização bolsonarista só foi possível por esse vazio. Foi assim que conseguiram mobilizar um grande aparato, envolvendo muito dinheiro, inclusive público, para a construção dos atos.

Outro exemplo, é o bloqueio realizado por caminhoneiros em rodovias de pelo menos 16 estados. A cada momento que Bolsonaro tem para se recompor, é um retrocesso para nós. Armar o movimento para uma saída eleitoral  pode nos custar muito caro. Pois como o próprio Bolsonaro disse, só sai de lá preso, morto ou com a vitória.

O que faz o fascismo recuar é a demonstração de maioria social. Esse recuo momentâneo, pode servir para que eles acumulem mais forças, então precisamos ampliar seu isolamento. Por isso é tão fundamental que nossos esforços daqui em diante sejam pela construção de atos o mais unitários possíveis. Independente do arco ideológico, independente de quando tenham se tornado oposição, os que defendem o impeachment precisam atuar em unidade de ação. Isso não pode significar uma adesão a um projeto liberal e da direita, tampouco de conciliação de classes. Mas uma unidade pautada na bandeira do impeachment. É lógico que queremos e devemos discutir programa e saídas para a crise do país, afinal, a saída de Bolsonaro não vai resolver os problemas mais reais e concretos do nosso povo, mas nessa disputa de forças que está colocada não vai haver empate. E é preciso que tenhamos ousadia para construir um grande movimento democrático nacional para derrubar Bolsonaro, com unidade de ação nas ruas. Precisamos transformar o ato do dia 2 de outubro em uma enorme resposta ao golpismo, em ampla unidade e mobilização. É um compromisso que temos com a história, para evitar maiores problemas e dar um recado ao que vem pela frente.

Nós do Juntos! não iremos ao dia 12, ainda que achemos progressivo iniciativas de unidade ampla que impulsionam a luta pelo impeachment. Acreditamos ser necessário maior amplitude possível com todos os setores que defendem o Fora Bolsonaro. E nessa tarefa não temos tempo a perder. Eles saíram do 7 de setembro mais isolados, e sentindo bater na bunda a possibilidade real do impeachment. A divisão na burguesia se ampliou. Bolsonaro teve que recorrer a Temer para demonstrar seu recuo e dizer que foi tudo “calor do momento”. O que gerou inclusive insatisfação do núcleo mais duro do bolsonarismo, ao não ser correspondido pela sua liderança, trazendo fragilidades entre seu próprio campo. Nós, por outro lado, não temos motivo algum para recuar. Na realidade, não nos faltam motivos para derrubar Bolsonaro. É momento de ir pra cima, sem que estejamos reféns das instituições para uma resposta, compreendendo as mobilizações populares nas ruas como a chave para acabar com o jogo de Bolsonaro e sua base social. A retomada da ofensiva pelo impeachment depende de nós.

Inscreva-se e participe da nossa Plenária Nacional que ocorrerá nessa sexta (17) às 17h!


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