Não tirarão nosso sonho de estudar!
Bolsonaro interfere no ENEM 2021, um dos mais elitizados da história, para alterar questões que tratam da história recente do país
Faltando 13 dias para a realização do ENEM 2021, somos surpreendidos por um pedido de demissão de mais de 30 servidores do INEP, órgão responsável por desenvolver e aplicar o maior exame do país. Dentre esses servidores, ao menos 29 deles estavam ligados ao ENEM, e ao menos 22 deles eram coordenadores do exame.
Em sua carta de demissão, os servidores denunciam uma “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do INEP”, dirigindo a crítica a atual gestão de Danilo Dupas como presidente do órgão. Além disso, os funcionários relataram uma relação hostil no ambiente de trabalho, com assédio moral de seus superiores e perseguição aqueles que criticam seus métodos de censura.
O governo Bolsonaro desde sua posse em 2019 tem como sua prioridade o ataque e o desmonte da educação pública brasileira, acumulando ao longo de sua gestão. Isso não é à toa. O setor da educação não dá espaço para seu projeto retrógrado. Nas palavras de Milton Ribeiro, atual ministro da Educação, as universidades devem ser espaço apenas para uma elite, numa falaciosa polarização entre ensino técnico e ensino superior, dizendo que o primeiro deve ter prioridade em relação ao segundo para gerar mais empregos. Sabemos que o projeto que representa o governo Bolsonaro, pertence a uma burguesia que apresenta um futuro de empregos precarizados para gerar mão de obra barata à juventude da classe trabalhadora, sem que tenhamos oportunidade à educação de qualidade.
Milton Ribeiro esquece de dizer que as escolas técnicas, como os Institutos Federais, também estão sendo atacados por seu governo. O corte bilionário na educação feito em 2021, também afetou os IFs, especialmente a expansão para cidades no interior e regiões periféricas, tendo obras paralisadas sem perspectiva de retorno.
O último ENEM foi considerado o mais desigual da história, com evasão superior a 50%, tendo ainda em 2021 apenas 11% dos inscritos se autodeclarando pretos. Essa é a materialização de um processo de negação do direito à educação, num momento em que crescem o número de bilionários que expandem seus lucros e enviam dólares ao exterior, crescem também os que passam fome e estão vivendo sob piores condições de vida. Precisamos ter a convicção de que o desmonte da educação é parte da necessidade de servir a um projeto de ampliação da exploração à classe trabalhadora mais precarizada, tendo a juventude como alvo e refém de salários mais baixos.
Mas nós viemos de longe e não calaremos diante desses ataques. Em 2022, faremos 10 anos da Lei de Cotas, que transformou as universidades públicas e permitiu que a juventude preta pudesse também ter acesso a um espaço que sempre pertenceu apenas a uma elite branca. Lutamos muito para chegar até aqui, especialmente aqueles que são os primeiros das suas famílias a ingressar na universidade pública e não permitiremos que sejamos a última geração. Precisamos garantir a existência do ENEM, mas também avançar na luta contra o desmonte da educação, um plano de combate às evasão escolar nas escolas e universidades, pela recomposição orçamentária e por um plano de assistência estudantil que reflita a atual realidade que estamos vivendo.
Enem fica, Bolsonaro sai!
Não aceitaremos censura!
Não tirarão nosso direito de estudar!