VOLTAR ÀS AULAS PRESENCIAIS SOB QUAIS CONDIÇÕES?
Cartaz em defesa de assistência estudantil

VOLTAR ÀS AULAS PRESENCIAIS SOB QUAIS CONDIÇÕES?

Sabemos que essas condições necessárias esbarram na grave situação orçamentária da educação, que recebeu em 2021 um corte bilionário e teve o pior orçamento para assistência estudantil da década. Fazemos um chamado a todos estudantes mas também a todos que constroem a universidade pública para entrar nessa enorme batalha que devemos ter para ter condições de funcionamento, garantindo o orçamento necessário, que necessariamente precisa passar pelo combate a este governo genocida e inimigo da educação.

Juntos UFF 23 nov 2021, 16:46

Estamos indo provavelmente para nosso último período no ensino remoto emergencial nas universidades públicas. Ainda que uma medida necessária para darmos continuidade aos estudos em meio a pandemia, é evidente os problemas e lacunas que esse formato deixou. Tanto do ponto de vista das dificuldades do acesso e a sobrecarga mental/emocional, quanto da defasagem (sócio)educacional. 

Ainda que de forma parcializada por categorias e institutos, o debate sobre o retorno já iniciou na UFF. Essa tem sido a estratégia da reitoria da UFF, ao invés de convocar a comunidade acadêmica como um todo para refletir sobre como faremos esse processo. Soma-se a isso, a paralisia completa do DCE da UFF, que na prática, não mais existe, e não faz nenhum esforço para envolver os estudantes nessa discussão. Prejudicando a primeira premissa sobre a situação do retorno presencial: nada pode ser decidido sem a nossa opinião e participação, ao contrário do que o Ministério Público tem tentado fazer nas Universidades e Escolas Federais do Rio de Janeiro, com exceção da UFF, que já aderiu parcialmente ao retorno das aulas práticas.

É necessário construirmos um amplo debate sobre os protocolos necessários para o nosso retorno. Que ao contrário do que prega o governo federal que nos quis laboratório de imunização de rebanho, exija o comprovante de vacinação completa, pois as universidades precisam ser exemplo no combate a qualquer tipo de negacionismo que atue contra a vida. Precisamos preparar nossas salas de aulas com ampla ventilação, entendendo que antes da pandemia nossa estrutura já se encontrava limitada, com janelas que não abriam, (ou até) com estudantes tendo aula em container, como é o caso do pólo de Campos. 

Os cuidados no bandejão precisarão ser redobrados, e por isso é o funcionamento pleno de todos os restaurantes universitários (destoante da situação anterior a pandemia, inclusive) com Equipamentos de Proteção garantidos a todos trabalhadores. Entendendo o momento de vulnerabilidade que estamos, a universidade precisa garantir álcool em gel e distribuição de máscara para todos que não possuem condições de adquirir. 

Mas é importante o conjunto da universidade compreender que muito além do problema sanitário, o principal problema e preocupação dos estudantes para o retorno presencial é sobre suas condições de permanência, levando em conta uma realidade marcada pelo desemprego, pelo aumento do custo de vida e piora na vida (cotidiana?) da maioria de nós. Não há nenhuma condição real de se ter um retorno presencial que não seja elitista, sem a ampliação da assistência estudantil para os estudantes, especialmente os alunos cotistas da UFF. 

Nós do Juntos! UFF viemos defendendo a necessidade da desburocratização das bolsas na universidade, a qual  se utiliza das dificuldades burocráticas como forma de seleção para os que podem ou não receber bolsa. Achamos, mais do que nunca, que é necessário facilitar o acesso àqueles que já comprovaram para a universidade que estão em situação de vulnerabilidade social, e que esses possam ter acesso a uma ajuda mínima para que não tenham que escolher entre estudar ou sobreviver. O acesso ao ensino superior não pode ser um privilégio daqueles que não precisam trabalhar. 

 Por fim, não é possível ignorar que muitos estudantes ainda convivem com a realidade de caras passagens de transporte público, sem a garantia do direito ao passe livre na maioria das cidades que sediam a UFF e seus arredores. Essa é uma antiga luta que não podemos abandonar, sobretudo para garantir o bilhete universitário intermunicipal para quem se desloca de locais distantes pagando passagens caras para chegar até a UFF. 

Sabemos que essas condições necessárias esbarram na grave situação orçamentária da educação, que recebeu em 2021 um corte bilionário e teve o pior orçamento para assistência estudantil da década. Fazemos um chamado a todos estudantes mas também a todos que constroem a universidade pública para entrar nessa enorme batalha que devemos ter para ter condições de funcionamento, garantindo o orçamento necessário, que necessariamente precisa passar pelo combate a este governo genocida e inimigo da educação. 

PREMISSAS SOBRE O VOLTA ÀS AULAS

(baseado na pesquisa feita pelo Coletivo Juntos aos estudantes da UFF):

  • NADA SOBRE NÓS SEM NÓS – RESPEITO À AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E AMPLO DEBATE!
  • SOMOS MAIORIA COTISTA, PIORA NA SITUAÇÃO DA RENDA (64% teve a renda comprometida), mas ainda assim menos de 20% recebem algum auxílio do PROAES e menor ainda de bolsa acadêmica (17%), PRECISAMOS DE UMA AMPLIAÇÃO DA COBERTURA DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UFF
  • EXIGÊNCIA DO PASSAPORTE DA VACINA (22% ainda não receberam a segunda dose)
  • REFLETIR A DEFASAGEM DO ENSINO REMOTO  (apenas 37% se adaptaram) mais de 80% acreditam que não tem a mesma qualidade, mais de 75% não tem o mesmo rendimento, 77% teve dificuldade de realizar atividades acadêmicas na pandemia)
  • AMPLIAÇÃO DO ACESSO AO ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO – (89% teve a sua saúde mental afetada no período da pandemia), mais de 40% não tem acompanhamento psicológico por falta de condições financeiras
  • CONDIÇÕES PARA VOLTAR (Mais de 74% concordam com o retorno no próximo período, mas 19% terão problemas para moradia, sendo 12% contando com assistência estudantil para poder sobreviver na cidade)
  • FORTALECER A LUTA EM DEFESA DO PASSE LIVRE – dependência de 71% do transporte público, com 28% sem condições financeiras de arcar com ele

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