O legado de bell hooks para a construção de uma luta antirracista: em defesa de uma educação emancipadora e feminista!
Uma perda irreparável ecoa entre os militantes da causa antirracista: a grande teórica feminista negra bell hooks nos deixa um legado histórico!
Uma perda irreparável ecoa entre os militantes da causa antirracista: a grande teórica feminista negra bell hooks nos deixa um legado histórico!
Autora de mais de 40 obras de temáticas distintas, como racismo, feminismo e educação, bell hooks faleceu nesta tarde de 15 de dezembro de 2021, devido a complicações de saúde nos Estados Unidos, contudo rodeada de familiares e amigos. Glória Jean Watkins (seu famoso pseudônimo bell hooks homenageia sua bisavó materna) nos deixa aos 69 anos, porém com grandes contribuições à luta antirracista.
A teórica, dentre suas diversas colaborações, mostrou por meio de seus escritos a importância de uma educação libertadora, a qual coloca no centro a perspectiva de um ensino voltado para os estudantes e que este processo não seja apenas uma transmissão de conhecimento. Pelo contrário, hooks acreditava que a educação poderia ser um processo divertido e emancipatório, porém sem perder o rigor e o compromisso com o aprendizado.
No movimento feminista, bell hooks se destacou pela forma de escrita didática que tinha como objetivo, para além de compartilhar seus acumulos teóricos, contribuir para a construção de um movimento que abordasse a realidade das mulheres negras e trabalhadoras. A luta antiracista e antissexista passa obrigatoriamente pela luta pelo fim do capitalismo.
Além disso, bell hooks deixa um legado histórico com suas obras, que ensinavam sobre a potência dos afetos nas lutas que travamos. Se tornou uma referência nos movimentos sociais que se colocam para pensar uma sociedade que rompa com as opressões de classe, gênero e raça. Para a juventude negra, bell hooks não é apenas uma teórica, mas uma pessoa que através de seus escritos nos mostra a potência que temos quando rompemos o silêncio que nos é imposto por uma sociedade estruturalmente racista.
Refletir sobre a atualidade desta importante autora para a história do movimento negro a nível internacional nos traz conclusões da urgência da centralidade na luta antirracista, bem como a necessidade de pensar a educação como mudança social. Esta discussão precisa se incluir na defesa de uma educação que valorize os talentos existentes nas escolas públicas, não apenas como reprodutores de uma educação bancária (que apenas recebe o conhecimento dado pelo professor), mas também como agentes transformadores dessa realidade e que colocam suas vivências nesta relação. Este debate está conectado com a defesa da renovação das cotas étnico-raciais nas universidades em 2022, visto que a Lei 12.711/2012 mudou o perfil universitário, porém ainda precisa de mais tempo como método de reparação histórica das desigualdades sociais que se encontram a população negra. A política de cotas é a ferramenta para novas oportunidades na vida de milhares de negros e negras brasileiros.
Além disso, a autora nos ensina a necessidade de organização da negritude em torno de reivindicações centrais em defesa de políticas públicas não apenas para reparações na história do povo negro, mas para avançar na consciência social sobre os danos do racismo e de estigmas negativos à população negra e sua cultura. Para isso, é importante o aquilombamento do povo negro, a transição do silêncio para a fala como um ato de revolução em prol das nossas lutas, construir um projeto antirracista, anticapitalista e de mudança da cultura política brasileira.
bell hooks, presente!