Pinheirinho vive! Alckmin nunca mais!
Foto/Divulgação PSTU

Pinheirinho vive! Alckmin nunca mais!

Sobre os 10 anos do massacre de Pinheirinho e a truculência do governo Alckmin

Letícia Chagas e Luiza Gonzalez 22 jan 2022, 10:21

Neste mês de janeiro, completam-se 10 anos do massacre de Pinheirinho, uma ocupação que existiu por 8 anos na cidade de São José dos Campos, que funcionava organizada pelos moradores, com pequenos comércios, casas, igrejas e praças. Em janeiro de 2012, porém, famílias que tinham em Pinheirinho seu lar foram surpreendidas com uma ação policial às pressas, visando a reintegração de posse do local, um terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados. Os moradores de Pinheirinhos, entre barricadas de pedras, viram pessoas morrerem, e centenas desaparecerem e serem duramente feridas por um corpo de mais de 1750 homens da polícia militar, operação cujos estragos são omitidos até hoje pelo Governo do Estado.

A ação, autorizada pelo então governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, em conjunto com Eduardo Cury, prefeito da cidade, ambos do PSBD, foi considerada uma das maiores violações aos direitos humanos na época e teve repercussão de nível internacional. Pinheirinho é um símbolo do terror de Estado e do Poder Judiciário, que leva à morte e à indignidade os trabalhadores e trabalhadoras, em sua maioria negros em nosso país, enquanto busca proteger os grandes milionários.

O terreno em que Pinheirinho se instalava há anos estava sem qualquer função social, e ainda hoje permanece vazio. A Selecta, empresa falida que detém o terreno nunca pagou um centavo de imposto por ele. Mesmo assim, o Estado preferiu garantir a propriedade de Naji Nahas – um milionário que detém mais de R$200 milhões de dívidas com o poder público e já foi alvo de diversas acusações envolvendo corrupção -, em detrimento da defesa dos direitos humanos e constitucionais de acesso popular à terra e moradia.

O que aconteceu em Pinheirinho é, ainda, expressão de um projeto político de violação constante protagonizado por Geraldo Alckmin em seus mais de 10 anos à frente do governo de São Paulo junto do PSDB. Nas últimas semanas, Alckmin tem sido um nome frequente nos debates políticos de nosso país, diante da possibilidade de que ele se torne candidato a vice-presidente na chapa de Lula. O próprio Lula tem realizado declarações simpáticas a Alckmin, afirmando não ver problemas em tê-lo como vice.

Na última quarta-feira, o secretário-geral do PT, Paulo Teixeira, em entrevista à Folha de SP, declarou que Alckmin faz parte do polo democrático e não altera as diretrizes programáticas do PT. No mesmo sentido, o MST garantiu seu aval à chapa Lula-Alckmin, difundindo a narrativa de que seu governo teria sido marcado por um “comportamento democrata”. Mas a história demonstra que Alckmin foi figura ativa no desenvolvimento de um projeto de país que só é democrático para os grandes milionários; para pessoas como os mais de 6 mil moradores de Pinheirinho, o que há são constantes violações de direitos e necropolítica.

Num momento de crise e aprofundamento das contradições sociais, do aumento da fome, e do desemprego de nosso povo enquanto milionários continuam enriquecendo, relembrar é viver: não esqueceremos os nomes daqueles que massacraram Pinheirinho. De Nahas à Alckimin, é preciso derrotar os bilionários que declaram guerra a quem luta por vida digna e moradia, e fazer com que paguem a conta de uma crise que é do andar de cima. Pinheirinho vive em nossas mentes e corações e faremos como fizeram os secundaristas nas ocupações de escolas em 2015: colocaremos Geraldo Alckmin e sua tropa na lata de lixo da história.

Assim como quando Pinheirinhos foi reintegrado seus moradores declararam que iriam até o fim para que tivessem moradia, hoje, 10 anos após uma das maiores operações de violência policial da história nacional, é preciso que também sigamos até o fim, só que dessa vez declarando a guerra: nem a fome, nem os bilionários deveriam existir. Pinheirinho vive!

Acervo Juntos! SP

*Em nosso site, você pode buscar por “Pinheirinho” para ler textos produzidos à época dos eventos, em que estivemos presentes


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