Dia Nacional da Visibilidade Trans: enfrentar a transfobia e a extrema-direita
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Dia Nacional da Visibilidade Trans: enfrentar a transfobia e a extrema-direita

Hoje é também um dia para lembrar que a luta segue, porque se nós conseguimos alguma visibilidade hoje, os outros 364 dias do ano são todos Dias da Invisibilidade Trans.

Sarah Micoski 29 jan 2023, 20:11

Hoje é dia 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans. A importância do Dia da Visibilidade Trans está declarada em seu nome: a população trans é uma das mais invisibilizadas, sendo que a transfobia estrutural faz com que muitos espaço ignorem a a sua mera existência. Pessoas trans frequentemente têm dificuldade no acesso à saúde, tanto por legislações transexcludentes, que impedem que homens trans retificados tenham acesso a ginecologista pelo SUS, quanto por profissionais despreparades para lidar com corpos trans.

A data surgiu em 2004, com o ato que lançou a campanha Travesti e Respeito, e desde então a mobilização da população trans já conquistou diversos direitos, como o direito à retificação de documentos e a instalação de ambulatórios trans do SUS.

No entanto, essas conquistas não mudam estruturalmente as condições desumanizadoras de vida a que pessoas trans são submeridas em um lugar como o Brasil, que é o país que mais mata pessoas trans todos os anos — há 14 anos (não há dados antes disso). Nesse contexto, a falta de políticas públicas e o silenciamento das pautas colocadas pela comunidade trans é um fator de extermínio.

A dificuldade no acesso à educação e a discriminação na hora de contratar empurram a grande maioria da população trans, e especialmente travesti, para a prostituição como única forma de subsistência — algo que já seria perigoso por si só, mas que se torna ainda pior considerando a violência transfóbica (física e psicológica) a que essas trabvestis estão sujeitas ao venderem seus corpos.

Isso é especialmente grave agora, num contexto de pós governo Bolsonaro e todos os ataques dele à população trans, e de ascensão de um neofascismo organizado na forma do bolsonarismo, que persiste vivo e forte após a derrota eleitoral de Jair. É preciso punir os crimes do genocida e esmagar o fascismo nas ruas também porque seu objetivo é a destruição de tudo (e todes) o que não reflete a autoimagem da classe dominante.

Se você é uma pessoa trans, hoje é um dia a ser celebrado, pois representa a luta em ascensão da nossa comunidade e o fato de que não vamos mais aceitar calades os problemas estruturais gritantes que nos afetam. Mas é também um dia para lembrar que a luta segue, porque se nós conseguimos alguma visibilidade hoje, os outros 364 dias do ano são todos Dias da Invisibilidade Trans. É nas ruas que vamos impor a nossa visibilidade, e é nas ruas que podemos — e vamos — conquistar a vida digna para nós, com uma verdadeira mudança estrutural da sociedade.

E se você é uma pessoa cisgênero: trabalhe para desconstruir a sua transfobia internalizada e para dar voz às pessoas trans ao seu redor. Mas para além disso, e principalmente, participe diretamente da luta trans. Some-se aos atos, aos debates, siga as redes sociais de quem está lutando pelas cotas trans nas universidades, pelo acesso digno ao emprego e à saúde e pelo fim da impunidade que encontra a transfobia. A melhor forma de ajudar a luta trans é somar o seu corpo e estar presente nesses espaços, ao nosso lado.


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