Escola é território antifascista e anticapitalista
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Escola é território antifascista e anticapitalista

Um balanço do Seminário de Educação da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas

Dani Costa e Luiz Philipe 13 fev 2023, 18:45

O QUE FOI O SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO DA UBES
O seminário de educação da UBES aconteceu no dia 02 de fevereiro de 2023, no CEFET/RJ, com o objetivo de debater a escola no Brasil, e seu desenvolvimento e perspectivas para o futuro. Dentro do seminário, houve um total de 5 espaços, sendo no período da manhã o Painel Panoramas da Educação Básica – A escola do Brasil para o futuro, a mesa de abertura. Durante a tarde, foram realizados 4 GTs de discussões, sendo eles: Educação Básica, Escola Libertadora, Ensino Técnico e Inovação nas Escolas; e logo após, tivemos a reunião da executiva nacional da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas).

Diante do Painel de abertura, tivemos a presença da Poliana, codeputada estadual de São Paulo, pelo Movimento das Pretas. Nesse painel, foram apresentados dados, relatos e predicações que o Novo Ensino Médio vem causando na educação brasileira, como a evasão escolar, a falta de ofertas para as eletivas, a precarização das escolas públicas diante dos cortes e reduções de verbas, o que inviabiliza a escola de ter um espaço adequado e coerente com as propostas de eletivas. A Poli foi muito aplaudida, e referenciada não somente pelos militantes do Juntos!, mas de maneira geral, demonstrando a necessidade de uma política consequente pela revogação da Reforma. Ao resto, coube um debate qualificado, mas com ainda algumas limitações, como a política de apego ao governo e às propostas de políticas públicas, por parte dos convidados da majoritária, que cumpriram um papel agitativo, mas com pouca armação e combinado às lutas futuras, que devem ser planejadas e incentivadas.

Nos GTs de educação básica, ensino técnico e inovação, foi dado um maior interesse sobre a revogação do novo ensino médio, a recomposição orçamentaria da educação, a merenda escolar e a uberização do mercado de trabalho, trazendo vínculos da pandemia relacionado ao estudante trabalhador. Houve um crescimento no debate político, mais propositivo, participativo e dinâmico. Nesses GTs, tivemos as intervenções do nosso Diretor de Cursinhos Pré-Vestibulares da Executiva Nacional da UBES, o Luiz Philipe, na mesa de educação básica, do Diretor de Grêmios da UBES, Kaiky na mesa de ensino técnico, e, por último, no GT de Inovação, o Augusto, militante do coletivo Juntos no IFMA (Instituto Federal do Maranhão).

Nossas intervenções focaram na revogação do novo ensino médio, debates sobre a evasão escolar, relacionado com o mundo do trabalho, mercantilização do ensino, recomposição orçamentaria e desmilitarização das escolas. Além disso, a ideia das escolas como ponto de disputa ideológica, e a ideia das brigadas antifascistas, também foi tocada exclusivamente por nós, e em aceita pelo público e debatedores, em geral. O papel das entidades, da UBES, e do movimento estudantil frente a esse novo governo, também foi um ponto de diferenciação, com um debate de defesa do governo, a fim de contrapor a investida fascista, mas com independência e cobrança.

REVOGAR O NOVO O NOVO ENSINO MÉDIO É A NOSSA PRIORIDADE
A ideia do Novo Ensino Médio, foi colocada de uma forma grotesca e atropeladora para os profissionais de educação e para os estudantes, sem ao mínimo uma discussão sobre a formação do currículo, trazendo grandes predicações para o ensino e formação dos estudantes brasileiros, como a diminuição da carga horaria para matérias importantes para a formação social, como história, sociologia, filosofia e geografia. Isso prova que cada vez mais, a reforma estava se dando com o objetivo de formar as pessoas para o mercado de trabalho precarizado.

O novo Ensino Médio trouxe ainda mais prejuízos ao ensino, quando falamos de evasão escolar dentro das escolas de todo o Brasil, é relatado que durante o dia das aulas optativas, as escolas costumam ter uma redução grande no número de estudantes em comparação com as matérias obrigatórias.
O nosso principal objetivo é a revogação do Novo Ensino Médio e a construção de uma educação libertadora para os estudantes, com isso devemos entrar nas escolas, conversar e debater com os estudantes sobre a revogação e firmar o nosso projeto de educação de qualidade para todos.

O ESTUDANTE TRABALHADOR
Durante os anos de 2020 a 2022, tivemos grande aumento no número de estudantes tendo que trabalhar por falta do que comer em casa, em razão da pandemia de covid-19 e da crise multidimensional que passou pelo Brasil e o mundo, uma vez que todas as escolas estavam fechadas e não existia um programa de auxílio financeiro para os estudantes que visasse pela necessidade de sobrevivência. Por isso, muitos estudantes teriam que trabalhar para garantir o sustento próprio e da família. O desespero, somado à investida de retirada de direitos trabalhistas, trouxe como principal perspectiva de trabalho para a juventude, o trabalho uberizado, sem garantias, direitos, com um alto nível de exploração.

A ideologia burguesa, que a reforma do ensino médio ajuda a propagar, mantendo uma ideia de confusão de classe com essa juventude, que tem uma grande parcela fetichizadora da ideia de “ser seu próprio patrão” e “trabalhar quando quiser”, mesmo havendo necessidades objetivas de trabalho, e patrões bilionários que não metem a cara, nem pagam direitos e seguros trabalhistas. Entretanto, movimentações como o Breque dos Apps, mostra dinamicidade em meio as contradições, bem como as greves que acontecem nos Estados Unidos.

A nossa luta é por direitos e permanência estudantil, queremos que os nossos estudantes tenham acesso a uma educação de qualidade, a trabalhos com direitos e defendemos a criação de um novo e mais estável Plano Nacional de Assistência Estudantil.

A NECESSIDADE DE MERENDA ESCOLAR DE QUALIDADE E RECOMPOSIÇÃO ORÇAMENTARIA DA EDUCAÇÃO
A necessidade da adequação das merendas escolares, visando que muitos estudantes têm a sua única alimentação certa na escola e é preciso que essa alimentação seja de qualidade. É preciso retomar a ideia da recomposição orçamentaria dos 10% do PIB para a educação, cobrar que o governo recomponha a verba de alimentação escolar, uma vez que a alimentação de cada estudante de ensino médio custa em média 32 centavos para o governo, e nas creches, pouco mais de 1 real. Esse valor é inviável para uma alimentação de qualidade para os estudantes, o que faz muitas vezes faltar alimentos, contribuindo para a evasão escolar.

CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO PÚBLICO
Com o novo ensino médio, abriram-se grandes portas para a mercantilização do ensino. Sabemos que a educação deve ser prioridade para o governo federal, devendo viabilizar mais investimentos na educação e não a privatização de escolas, modelos de ensino como homeschooling e módulos privados de ensino online, que mais funcionam como telecurso. Com isso, é de extrema importância que o governo federal trabalhe com a recomposição orçamentaria, bem como a reformulação do Fundo Nacional de Educação Básica.

DESMILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS JÁ
Uma das principais atuações de disputa da educação brasileira pelo governo Bolsonaro, foi a militarização de escolas públicas, criando escolas modelo com alto nível de investimento, porém com baixo nível de rendimento comparativo. Essas escolas eram transformadas em escolas cívico-militares e continham policiais militares no corpo educacional, demonstrando a disposição pela censura do movimento estudantil, a disputa da moral burguesa dentro das escolas e disputa ideológica por meio da extrema direita na juventude. Em diversas escolas do Brasil foram relatados abusos de autoridade policiais, agressões e entre outros.

Contudo, devemos lutar pela extinção das escolas cívicos-militares e a readequação para o ensino regular, mas para além da extinção desse modelo, devemos criar em todas as escolas as Brigadas Antifascistas, sabemos que com o governo anterior a extrema direita fascista cresceu em todo o Brasil, fazendo assim comum com que se aparece vídeos de professores fazendo saudações nazistas dentro das escolas, estudantes fazendo desenhos de suásticas e até com itens que estão vinculados.

O ESTUDANTE NA SOCIEDADE
A vida escolar estar ligada diretamente com fatores sociais, na qual os estudantes, principalmente das periferias do Brasil, enfrentam problemas ligados a insegurança pública, muitas vezes ligadas ao abuso de poder pelas polícias militares e a criminalização das periferias. A nossa luta é nas escolas, nos bairros e nos territórios periféricos.

Um novo modelo de segurança deve ser pensado, a educação é prioridade, mas enquanto não combatermos as desigualdades sociais, as violências contra a população preta e periférica, devemos encerrar o ciclo de violência que o Estado insiste em perpetuar, precisamos debater sobre a desmilitarização da polícia militar, sobre o investimento em uma polícia que priorize a inteligência, a investigação e não a ostensividade que atual nos dias atuais. Não podemos naturalizar que estudantes deixem de fazer uma prova do ENEM, por conta de uma operação policial em uma favela, na qual prende todos os estudantes que realizariam a prova naquele dia.

PELO PASSE LIVRE ESTUDANTIL
O passe live estudantil é uma politica de acesso à educação, na qual em varios estados tem o meio passe, ou o passe livre total. Mas sabemos que a politica do passe livre estudantil está ligado muito além do acesso à educação, mas também ao acesso a cultura, lazer e a vivencia em sociedade. O passe livre deve funcionar em todos os dias da semana, com a liberdade para os estudantes terem acesso à sociedade e os meios de ensino.

PELA INDEPENDÊNCIA NO MOVIMENTO ESTUDANTIL
Por fim, defendemos que as entidades estudantis sejam independente de qualquer governo, buscando e defendendo o melhor para os estudantes brasileiros, as entidades não podem ser transformadas em um “Ministério dos Estudantes” como aconteceu nos governos petistas anteriores, mas isso não quer dizer que devemos ser oposição do governo e sim defender o governo diante da vitória democrática que foi realizada nas ultimas eleições, com a finalidade de contrapor as investidas fascistas da extrema-direita brasileira, mas com independência e cobrança.


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