O Congresso da UNE e os desafios do movimento estudantil
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O Congresso da UNE e os desafios do movimento estudantil

Sobre a luta contra a extrema-direita e a necessidade de construir uma alternativa à esquerda

Fabiana Amorim 19 jul 2023, 14:01

O Congresso da UNE de 2023 foi sem dúvida um marco. Especialmente por dois aspectos. O primeiro o que significou o hiato que tivemos com a pandemia. Ainda estamos em um processo de reorganização do movimento estudantil, de redescobrir métodos e relocalizar uma nova geração. Por isso desde o início denunciamos a artificialidade de fundação de DCEs, que em nada contribui para tal tarefa.

O segundo passa pela reorganização da esquerda. A UNE foi certamente um dos principais polos dinâmicos de oposição ao Bolsonaro, e não é demais dizer que uma das responsáveis, visto o papel fundamental que o Tsunami da Educação cumpriu em 2019, ainda que durante os atos da pandemia que abriram uma brecha de ofensiva contra o governo, tenha optado por seguir a fórmula dos atos “domingueiros” que visava uma saída eleitoral.

Mas a presença de figuras como Barroso que representam a defesa da institucionalidade do regime burguês na abertura do Congresso e a postura de fugir das pautas que geram enfrentamento ao governo, como a insistência em seguir aplicando o Novo Ensino Médio, demonstra uma necessidade de seguir afirmando um pólo alternativo e independente na UNE. O Juntos! tem dado a batalha pela unidade da oposição desde o início desse CONUNE. Desde quando articulamos a carta de denúncia da artificialidade e das cláusulas de barreira desse Congresso, mas também buscando construir chapas que expressassem essa unidade.

Achamos que as dificuldades da oposição passaram pela postura por vezes autocentrada de alguns setores, que não foram capazes de atrair um pólo de independência. Mas essa seguiu e segue sendo uma necessidade. Não significa que está em jogo nossa unidade contra a extrema-direita, Bolsonaro e os fascistas. Todos os setores estiveram com Lula contra Bolsonaro, repudiando o 8 de janeiro, os atentados nas escolas e todas as tantas vezes que foram e serão necessárias defender o governo e os setores oprimidos contra o bolsonarismo. O que disputamos nesse Congresso e seguiremos fazendo nas ruas e universidades, é que é muito pouco para esse momento de crise profunda que ainda vivemos, limitar o movimento estudantil ao que é possível dentro da institucionalidade.

Polarizar outras lutas caras ao movimento estudantil como a regulamentação do PNAES à revogação do Novo Ensino Médio é um erro. O que estamos dizendo é que os estudantes nem mais chegarão perto das universidades. E que se entrarmos rendidos naquela que tem sido uma das principais lutas da nossa geração na educação, tampouco teremos força para discutir uma Reforma Universitária.

Insistimos e lamentamos que não tenha sido consenso o chamado por um 11 de Agosto nas ruas contra o NEM. Por isso também lamento a escolha da Juventude Sem Medo que optou por garantir uma mesa diretora 100% governista do que fortalecer um campo independente. As consequências veremos daqui pra frente.

Por fim, tenho muito mas muito orgulho mesmo que fizemos enquanto Juntos! nesse CONUNE. Elevando o nível dos debates políticos, construindo a unidade em defesa do MST, pautando uma oposição contra o NEM e o Arcabouço Fiscal e sobretudo apresentando uma nova geração muito disposta. O que me dá certeza que esse é apenas um novo ponto de partida do que o movimento estudantil será nos próximos anos.


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