REFLEXÕES SOBRE O ENEM 2024
Reprodução: Quero Bolsa

REFLEXÕES SOBRE O ENEM 2024

Até quando permitiremos que governantes desprezem a educação pública e perpetuem um sistema que exclui, oprime e nega à maioria o direito de sonhar com um futuro melhor?

Lucas Cunha 15 jan 2025, 10:58

O resultado do ENEM escancara algo que já sabemos há tempos: o sistema educacional brasileiro não é apenas falho, é deliberadamente excludente. De 4.325.960 milhões de inscrições confirmadas no Enem de 2024, apenas 12 (doze) pessoas atingiram a nota máxima na redação. Dessas 12 (doze), apenas UMA única pessoa veio da escola pública. Esse dado não é um acaso. É a consequência direta de um projeto político que insiste em tratar a educação como MERCADORIA. Enquanto bilhões de reais são destinados ao pagamento da dívida pública e à manutenção dos privilégios das elites, a educação segue com CORTES ORÇAMENTÁRIOS, FALTA de investimentos em infraestrutura, formação docente precária e abandono de políticas públicas que poderiam reduzir desigualdades históricas. O desmonte da educação pública não é um erro, é uma estratégia: manter as camadas populares longe das universidades, do poder e das decisões.

A implementação do Novo Ensino Médio é mais uma peça nesse tabuleiro excludente. Vendido como inovação, ele empurra os jovens das escolas públicas para itinerários formativos que os afastam da formação integral, enquanto mantém a elite focada em um currículo voltado para os vestibulares mais concorridos. Quem ganha com isso? Certamente não é o estudante da periferia, que enfrenta salas lotadas, materiais insuficientes e um sistema que o força a se contentar com o mínimo. Os vestibulares, por sua vez, continuam sendo instrumentos de segregação. A lógica é clara: quem tem dinheiro paga por uma educação de excelência e ocupa as vagas nas universidades públicas. Quem não tem, luta para sobreviver em um sistema precarizado e ainda é culpabilizado por não atingir os mesmos resultados. Esse modelo perpetua desigualdades e reafirma o projeto de um país que não quer sua juventude periférica, preta e pobre, ocupando os espaços universitários.

A escola pública deveria ser o coração da política educacional. Mas, ao invés disso, ela é deixada à própria sorte, enquanto governos e instituições tratam a educação como uma prioridade apenas no discurso. O resultado disso está nos números do ENEM, no aumento da evasão escolar com a implementação do Novo Ensino Médio, na exclusão de milhões de jovens e na perpetuação de uma sociedade que insiste na segregação. É preciso romper com essa educação tradicionalista. O modelo educacional atual é ultrapassado e serve apenas para perpetuar desigualdades, mantendo a elite no topo e relegando a juventude periférica ao abandono. A escola pública, que deveria ser um espaço de emancipação, é tratada como segundo plano por políticas que ignoram sua importância. É nela que os estudantes deveriam não apenas aprender a ler e escrever, mas questionar, transformar e construir uma sociedade mais justa.

Educação de qualidade não é um privilégio, é um direito garantido pela Constituição Federal e um pilar de qualquer sociedade democrática e igualitária. Apenas por meio de uma educação crítica e transformadora podemos desmantelar as estruturas que perpetuam as desigualdades e construir um país onde justiça e equidade sejam práticas concretas, não apenas palavras bonitas. A educação é mais do que ensino, é um ato político. É uma ferramenta de luta, de resistência e de transformação. Transformar a educação pública em prioridade não é apenas necessário, é um compromisso com a emancipação coletiva e com a construção de um Brasil verdadeiramente inclusivo e democrático. Negar isso é perpetuar um sistema que nega o direito à educação e aos sonhos de milhões de pessoas.

O governo Lula, embora tenha os meios e o poder para mudar o rumo educacional do país, falha em tomar as decisões necessárias para romper com um sistema que marginaliza milhões. A falta de ação contundente na educação demonstra um grande medo de romper com as grandes elites, aquelas mesmas que perpetuam a desigualdade e a exclusão. Lula, ao invés de priorizar uma reforma educacional que favorecesse a maioria da população, parece mais interessado em fazer o jogo de negociação entre as classes, mantendo o status quo e evitando qualquer medida que possa realmente transformar a estrutura educacional. Um exemplo claro disso é a não revogação do Novo Ensino Médio, uma reforma que retira da educação pública a possibilidade de uma formação integral, ao mesmo tempo que enfraquece os direitos dos estudantes. Em vez de investir na ampliação e melhoria do ensino, o governo prefere dialogar com aqueles que têm interesse em manter a educação como um espaço elitista e excludente, voltado para a formação de mão de obra barata e não para a emancipação do povo.

Lula tem a oportunidade histórica de reverter a lógica do desmonte educacional e construir um sistema que promova a equidade, mas sua postura de negociação constante com as elites mostra que o governo ainda teme romper com os poderosos que, há décadas, controlam os destinos do Brasil. A educação não pode ser uma moeda de troca em sua busca por conciliação. Ela deve ser tratada como uma questão urgente de justiça social. O atual Ministro da Educação, Camilo Santana, tem demonstrado uma postura que, embora seja marcada por discursos de compromisso com a educação, se revela ineficaz diante dos desafios urgentes que o país enfrenta em relação à educação. Seu governo parece hesitar em adotar medidas ousadas que poderiam transformar a educação pública de verdade. Em vez de promover reformas profundas e necessárias, Camilo Santana se limita a soluções superficiais, muitas vezes negociadas com setores que têm interesse em preservar o status quo e a privatização da educação. A educação precisa de coragem e radicalidade, não de acordos que só garantem a manutenção de um sistema excludente e desigual.

Lula tem a oportunidade histórica de reverter a lógica do desmonte educacional e construir um sistema que promova a equidade, mas sua postura de negociação constante com as elites mostra que o governo ainda teme romper com os poderosos que, há décadas, controlam os destinos do Brasil. A educação não pode ser uma moeda de troca em sua busca por conciliação. Ela deve ser tratada como uma questão urgente de justiça social. O atual Ministro da Educação, Camilo Santana, tem demonstrado uma postura que, embora seja marcada por discursos de compromisso com a educação, se revela ineficaz diante dos desafios urgentes que o país enfrenta em relação à educação. Seu governo parece hesitar em adotar medidas ousadas que poderiam transformar a educação pública de verdade. Em vez de promover reformas profundas e necessárias, Camilo Santana se limita a soluções superficiais, muitas vezes negociadas com setores que têm interesse em preservar o status quo e a privatização da educação. A educação precisa de coragem e radicalidade, não de acordos que só garantem a manutenção de um sistema excludente e desigual.

Por fim, o resultado do Enem é a prova incontestável de que o sistema educacional brasileiro está a serviço da exclusão. A nota máxima da redação, conquistada por uma minoria, evidencia um sistema que privilegia quem já tem acesso a uma educação de qualidade desde o início, enquanto a grande maioria, especialmente os estudantes da rede pública, segue sendo condenada a um ensino precário. Em vez de ser uma oportunidade de transformação, o Enem se tornou mais um mecanismo de perpetuação das desigualdades, refletindo a falência de um modelo educacional que não tem interesse em romper com as estruturas de poder e exclusão. Os políticos, em sua grande maioria, continuam a jogar esse jogo de manutenção das desigualdades, priorizando os interesses das elites enquanto ignoram as necessidades urgentes da educação pública. A falta de vontade política para implementar reformas reais e enfrentar as causas estruturais da exclusão educacional revela que, para muitos desses governantes, a educação não é um instrumento de transformação social, mas sim uma ferramenta de controle e perpetuação de um sistema que favorece os privilegiados. Eles preferem fazer política de fachada, aprovando medidas superficiais, ao invés de garantir um modelo educacional que de fato combata as desigualdades e ofereça igualdade de oportunidades para todos.

Paulo Freire nos ensinou que a educação é um ato político, Darcy Ribeiro alertou que a crise da educação no Brasil não é uma crise, mas sim um projeto, e Brizola defendeu uma escola pública que fosse o pilar da justiça social. Diante desses legados, a reflexão que fica é: até quando permitiremos que governantes desprezem esses ideais e perpetuem um sistema que exclui, oprime e nega à maioria o direito de sonhar com um futuro melhor?


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