No dia 28 de março de 1968, Edson Luís foi assassinado pela Ditadura Militar aos 18 anos. Edson era um estudante secundarista de origem paraense, que se mudou para o Rio de Janeiro para estudar no Instituto Cooperativo de Ensino. Assim como hoje, diversos estudantes dependiam de políticas de permanência. Edson Luís foi um desses estudantes: na escola em que estudava, funcionava o Restaurante Calabouço, um restaurante estudantil que servia alimentação por valores mais baixos para estudantes.

Naquele mês, foi anunciado que os preços do Restaurante Calabouço sofreriam um aumento, o que prejudicaria estudantes pobres que dependiam do restaurante estudantil. Edson Luís e outros estudantes, nesse contexto, organizaram um protesto contra essa medida dentro do Restaurante Calabouço. A polícia foi chamada e invadiu o local em que os estudantes estavam de forma autoritária e violenta, até que um policial atira e mata Edson Luís e Benedito Frazão Dutra, estudantes que estavam lutando em defesa de condições mínimas para estudarem.

O assassinato de Edson Luís marcou uma geração. Depois daquele acontecimento, importantes setores da sociedade se mobilizaram para condenar a violência e o autoritarismo da ditadura, como progressistas da Igreja Católica, o movimento estudantil, organizações de esquerda e intelectuais. Logo de imediato, o Rio de Janeiro assistiu a histórica passeata dos Cem Mil, retomando o fôlego da luta contra a ditadura. No entanto, aquele seria apenas o começo da intensificação da repressão da ditadura, que viria a perseguir e matar diversos ativistas do movimento estudantil e de outros movimentos sociais a partir daquele momento.

57 anos depois da morte de Edson Luís, seguimos reivindicando sua memória e sua coragem de ter lutado contra a ditadura e em defesa de políticas de permanência estudantil. Mas fazemos isso não apenas pelo passado, mas também pelo que ainda não foi dito. Nosso país, o único da América Latina a não fazer justiça de transição após a ditadura, convive hoje com a polícia que mata a juventude negra e com a organização de uma extrema-direita saudosista da ditadura que tentou dar um golpe dia 8 de janeiro.

Mais do que apenas memória, queremos neste 28 de março afirmar: prisão para Bolsonaro e todos os golpistas! O legado de Edson Luís levamos em cada bandeira do movimento estudantil que erguemos, mas também colocando no devido lugar aqueles que tentam repetir nossa história.

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