Na terra de Chico Mendes, a luta é por independência e liberdade
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Na terra de Chico Mendes, a luta é por independência e liberdade

É hora de formar no Acre uma juventude que volte a sonhar com um futuro diferente. Resistiremos na trincheira da defesa de um movimento estudantil combativo e atuante, contra todas as tiranias, contra a letargia, contra a política educacional neoliberal, contra a mercantilização da natureza, contra o capitalismo verde ora estabelecido.

Jaidesson Peres 5 fev 2014, 19:51

*Por Jaidesson Peres

Nos 25 anos em que lembramos a morte de Chico Mendes- figura emblemática da luta dos trabalhadores da Amazônia, preservação ambiental e reforma agrária-, os estudantes da Universidade Federal do Acre realizaram a eleição para escolher a nova diretoria do DCE. Depois de quase seis anos com a pífia participação dos alunos no processo, finalmente foi alcançado o quórum mínimo de 25%.

Tal fato é uma conquista para o movimento estudantil e um sinal claro de que os alunos estão demonstrando interesse em participar das discussões dos rumos da universidade pública, sobretudo com os levantes de junho em que a juventude protagonizou nas ruas uma das maiores manifestações já vistas no estado contra a corrupção.

O momento histórico que vivemos lembra os velhos anos em que o movimento estudantil causava orgulho aos seus militantes intrépidos e medo aos governantes conservadores que comandavam o Acre. Dessa efervescência toda, nasceram nomes que hoje prevalecem ou prevaleceram na política local e até nacional, dos quais Binho Marques, Marina Silva e o atual vice-prefeito de Rio Branco, Márcio Batista.

Muitos desses bravos homens e mulheres do passado envelheceram e seus inflamados discursos já não arrebatam como antes. O grupo que controla o estado, representado pelos irmãos Viana e seus aliados, parece não mais encontrar respaldo entre os eleitores. Em quase duas décadas de domínio total no estado, os irmãos Viana, remanescentes da Arena, experimentam uma inevitável decadência.

A luta por liberdade é uma das principais bandeiras dos movimentos e organizações que resistem à cooptação e à intimidação vindas do poder vigente, que chega a causar inveja às oligarquias do Norte e Nordeste. A perseguição é outra que fardo que recai sobre aqueles que tentam se manter independentes e críticos aos novos coronéis de barranco.

Na eleição do DCE, nossa principal bandeira foi a independência do movimento estudantil universitário e uma atuação longe do governismo que impera nos movimentos sociais. Por isso recebemos apoios de diversas personalidades que criticam o modo atual de governar o estado. Nossa proposta era de resgatar a imagem do DCE e lhe devolver a credibilidade perante a comunidade acadêmica após sucessivos rombos nas contas.

Tamanho peleguismo era notável nesta eleição. Enfrentamos a máquina poderosa do PT, que patrocinava abertamente três chapas, pertencentes a correntes internas diferentes. Seus materiais e seus investimentos mostraram que não se tratava de apenas de uma eleição do DCE, mas uma aposta no vale-tudo para manter a universidade como curral eleitoral para as eleições estaduais que se aproximam.

A chapa CARA NOVA, composta por membros independentes e de alguns jovens do Juntos, a despeito dos exíguos recursos a seu favor, chegou ao terceiro lugar na votação, ganhando em importantes urnas, principalmente nas Letras, Licenciaturas e Artes, e disputando urna a urna, até o último momento, pelo segundo lugar. Realizamos uma campanha conscientizadora, crítica, propositiva e criativa. O princípio de autofinanciamento teve sua vantagem: devemos apenas gratidão aos estudantes. Para isso, organizamos rifas e contamos com doações de amigos simpatizantes da causa.

Em nossa opinião, o resultado das urnas chega a ser uma bonita vitória, já que participamos de uma disputa pela primeira vez, na qual estavam sete chapas inscritas. Nosso objetivo agora é manter unido o grupo, prosseguir com nossas discussões, fiscalizar a diretoria empossada e dialogar com todos os centros acadêmicos.

Passadas as eleições, é hora de construir o Juntos no Acre e formar uma juventude que volte a sonhar com um futuro diferente e com uma sociedade humana. Resistiremos na trincheira da defesa de um movimento estudantil combativo e atuante, contra todas as tiranias, contra a letargia, contra a política educacional neoliberal, contra a mercantilização da natureza, contra o capitalismo verde ora estabelecido.

*Jaidesson Peres é estudante de Letras/Português na UFAC e militante do Juntos! no Acre.


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