As vassouras nunca foram tão perigosas
A população e trabalhadores cariocas sabem que o problema do Rio de Janeiro não é a falta de recursos, mas sim a prioridade dos governos. Assim como o governo do estado, a prefeitura do Rio opta por beneficiar empresários e empreiteiros, enquanto as escolas públicas, hospitais e transportes passam por uma situação caótica.
*Por Pedro He-man e Thaís Coutinho
Em pleno Carnaval carioca, mostrando o fluxo do ascenso político da luta de classes, a categoria dos Garis do Rio de Janeiro dá sua contribuição a mais uma etapa desse processo. A reivindicação de seus direitos mais básicos, como um salário digno, vale-alimentação compatível com a demanda de energia gasta em sua função e a mais que merecida hora extra para quem trabalhar nos domingos e feriados, é compreendida pela população carioca, que em apoio à greve não se incomoda em cair na Folia no meio de montanhas de lixo.
Com total autonomia, inclusive sobre o próprio sindicato, os garis cariocas deflagraram uma greve que já é histórica e que se manteve em pleno carnaval. Atualmente o piso salarial de um gari é de R$803,00 e o valor do vale-alimentação é de R$12,00 diários. A categoria reivindica aumento do salário para R$1.200 e vale à R$20 diário. O baixo salário dos garis mostra a contradição da cidade que esbanja recursos públicos nos megaeventos. A prefeitura do Rio, que em 2013 foi a cidade do Brasil a ter o maior gasto com carnaval (35 bilhões de reais), é a mesma que no Carnaval de 2014 se recusa a atender o aumento salarial reivindicado pelos garis.
Mas a população e trabalhadores cariocas sabem que o problema do Rio de Janeiro não é a falta de recursos, mas sim a prioridade dos governos. Assim como o governo do estado, a prefeitura do Rio opta por beneficiar empresários e empreiteiros, enquanto as escolas públicas, hospitais e transportes passam por uma situação caótica. A greve dos garis é mais uma das respostas que a cidade do Rio tem dado, desde 2013, ao prefeito Eduardo Paes. As Jornadas de Junho que continuaram em 2013 com a maior greve da Educação que a cidade já teve, mostra que ainda tem muitos frutos a colher. A greve dos garis em pleno carnaval é mais um símbolo para este novo momento histórico em que estamos vivendo.
*Pedro He-man é estudante de história da FFP/UERJ e militante do Juntos!RJ.
**Thaís Coutinho é professora das redes municipal e estadual do Rio, diretora do SEPE/RJ e apoiadora do movimento Juntos