Pelé diz…
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Pelé diz…

“Pelé diz” tem sido o enunciado frequente de todo tipo de baboseira, frequentemente ofensiva. O rei disse que a morte de operários na Copa é normal.

Felipe Ultramari Moreira 9 abr 2014, 22:37

*Felipe U. Moreira

“Pelé diz” tem sido o enunciado frequente de todo tipo de baboseira, frequentemente ofensiva. Tratando-se de um campeão sempre esperamos a própria superação e, claro, Pelé não nos frustra. Diante da morte do 8º operário envolvido na construção dos estádios da Copa o atleta sentenciou “é normal”. Seguiu e disse que o que importa é a situação dos aeroportos do país.

É uma lógica da caixa registradora, enquanto o dinheiro continua entrando está tudo normal. Não importa que a conta seja paga em sangue operário. E vamos abrindo ala para o progresso de chuteiras.

Pelé apresenta cruamente o que dizem os envolvidos com a Copa, da FIFA ao governo Dilma, ainda que a essa altura fosse mais correto dizermos mancomunados com a Copa. Noves fora as negociatas e o dinheiro “não contabilizado”, o campeonato foi um dreno de dinheiro num país já carente de escolas e hospitais, por exemplo. Evidente que tudo segue normalmente, os ricos enriquecem e os pobres empobrecem. Pelé sorri pela frase clarividente.

Na semana passada Joseph Blatter, um sócio de ideias do futebolista, disse que o atraso da Copa era culpa da inatividade dos brasileiros. Agora dizem que as mortes são normais. A seguirem a toada veremos culparem o corpo estendido no chão pelo atraso do jogo. E tome tiro, porrada e bomba pra quem não fizer coro.

Supor que essas figuras criem juízo é, a essa altura, ingenuidade. Resta o constrangimento, para que frases como essas não passem por normais. Temos que escrachar figuras com Pelé e Blatter, nas ruas e nas redes. Que a indignação seja o normal.

*Felipe U. Moreira é sociólogo e militante do Juntos/RN


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