As vidas pretas importam!
Juntos por Mike Brown, Juntos pelos Mortos da Chacina de Belém, Juntos pelo fim dos autos de resistência da polícia militar. Juntos pelos direitos da negritude.
*Por Winnie Bueno
Juntos por Mike Brown, Juntos pelos Mortos da Chacina de Belém, Juntos pelo fim dos autos de resistência da polícia militar. Juntos pelos direitos da negritude.
Não há justiça. E a falta de justiça é humilhante. Talvez vocês não lembrem de Mike Brown, mas nós não esquecemos. Mike Brown foi assassinado no dia 9 de agosto de 2014. Ele tinha 18 anos. Foi alvejado por um policial. Mike não estava portando uma arma. Mike não tinha nenhum antecedente criminal. Mike tomou tiros que lhe ceifaram a vida por que era um afro- americano.
O policial que atirou em Mike não respondeu pelo seu ato. O policial que atirou em Mike voltou para casa, para sua vida, para o conforto da hegemonia caucasiana. Não houve qualquer justiça. Não há justiça para os negros. Não há justiça para os negros na terra de Obama, não há justiça para os negros em nenhum lugar do mundo.
Aqui, todos os dias, morre um jovem negro vítima dos autos de resistência da polícia. Todos os dias morre um Brown. Os noticiários brasileiros não tem veiculado a grande mobilização que ocorre nos Estados Unidos em decorrência da absolvição do homem branco que atirou em Mike. Não tem divulgado porque tem medo. Tem medo do que nós, afro brasileiros, recordamos de quantos jovens já perdemos para os tiros perdidos, se nos recordamos de Claudia, se nos relembrarmos de Amarildo, se nos insurgimos pelos mortas da Chacina de Belém e pelos mortos da Chacina de Candelária e por tantos outros negros mortos brutalmente pela polícia. A polícia tem nos matado covardemente, tem atirado em nossas costas, tem eliminado jovens negros. E eles não se importam.
Ferguson vive um clima permanente de tensão, de luta por justiça. Organizam-se ações de boicote ao “black Friday”. Baseado em um estudo recente, o poder de compra dos afro americanos vem crescendo a largos passos. A população norte americana irá dar voz ao seu poder de compra, silenciando as suas compras no momento de maior consumo no país. Organizam esse protesto como uma forma de dizer não. Como uma basta. Como um recado muito bem dado ao poderio econômico dos Estados Unidos : “nós não iremos aceitar outra vez”.
Não nos peçam para protestar pacificamente. Atiram em nós mesmo quando estamos desarmados, atiram em nós mesmo quando pacificamente andamos pelas ruas. Atiram em nos pacificamente. Nos matam pacificamente.
Estou cansada de ser pacifica.
Chegou a hora de ser leoa.
Por Mike, por Amarildo, por Claudia, pelos meus irmãos, pelos meus primos, pelos meus irmãos e irmãs pretas.
E por mim.
*Winnie é estudante de direito da UFPEL e militante do Juntos Negras e Negros.