PERU: Jovens derrotam o governo e barram a retirada de direitos
A juventude peruana se colocou de pé e com sua luta derrotou a iniciativa governista que pretendia liquidar os direitos laborais dos jovens compreendidos entre 18 e 24 anos. A Lei “Pulpin” foi sepultada pela mobilização.
Pela pressão da juventude e do povo peruano que estão saindo às ruas sucessivas vezes desde o fim de 2014, o Congresso peruano revogou na última segunda-feira a reforma trabalhista apresentada pelo governo de Ollanta Humala, que retirava uma série de direitos sociais dos empregados de 18 a 24 anos.
Os peruanos nos apontam o caminho para barrar as medidas dos governos que atacam os direitos da juventude: a mobilização permanente. A rua é o lugar de quem quer mais direitos!
Abaixo segue traduzida (por Charles Rosa) a declaração dos nossos companheiros peruanos do Movimento Pela Grande Transformação:
Jovens derrotam o governo e a CONFIEP: Agora vamos por mais! Outro modelo econômico e nova constituição!
A juventude se colocou de pé e com sua luta derrotou a iniciativa governista que pretendia liquidar os direitos laborais dos jovens compreendidos entre 18 e 24 anos. A Lei “Pulpin” foi sepultada pela mobilização que obrigou a muitos congressistas – que num primeiro momento votaram por esta iniciativa- a terminar votando pela sua revogação.
Isso demonstra que a juventude peruana se colocou à altura de um fenômeno mundial que é a radicalização e politização da juventude que sai a lutar contra a ditadura do capital, em defesa do meio ambiente e por mais democracia. Em seu ritmo, terminam com governos ditatoriais como nos países árabes, colocam de joelhos os governos social-liberais como no Brasil, e gestam novas alternativas como na Grécia com o SYRIZA, que acaba de obter a vitória eleitoral, ou o Podemos na Espanha que lidera as intenções de voto.
Demonstra também que os jovens e o povo juntos unidos e na rua podemos tudo, inclusive quebrar a espinha de um governo que decidiu governar para as transnacionais e para os empresários da CONFIEP traindo o povo que o elegeu justamente para fazer algo distinto.
Como em Cajamarca, com o projeto CONGA, desta vez o casal presidencial saiu novamente chamuscado, com o agravante que agora perde sua condição de primeira maioria no Congresso, pois sua bancada parlamentar sofreu uma nova debandada de suas fileiras. A teimosia do governo queimou seu próprio gabinete, aprofundou a instabilidade política e ninguém mais sabe como terminará pois seu descompasso com a realidade é absoluto.
O que sim é seguro é que Ollanta Humala passará para história como um governante inescrupuloso, falso e cínico, que vendeu sua alma para os poderosos para ir mais longe que ninguém na entrega de nossos recursos, e nos ataques aos direitos laborais, sociais e democráticos da sociedade. Fica uma grande lição, não basta ter um líder, faz falta um programa que não seja letra morta e uma organização que possa controlar o poder junto ao povo mobilizado.
Tudo isso faltou em 2011 e se agravou quando alguns se prestaram a mudar o programa da grande transformação pelo roteiro com o qual se fizeram cúmplices da grande traição. São os mesmos que, com qualquer pretexto, advogam por uma aliança com os setores populares com forças neoliberais. São os mesmos que querem nos afastar das ruas para lhes deixar o bastão no Congresso. Valorizamos todo o apoio, certamente, mas nunca mais nos prestaremos a ser utilizados. Por isso não aceitamos que nos designem “dirigentes” ou “coordenadores”, daqui em diante tudo sairá desde abaixo.
Além disso, temos que rediscutir o que significa ser líder ou dirigente pois isso de acreditar-se o predestinado que não presta contas a ninguém não serve mais. Ollanta não só enterrou uma ilusão, enterrou também uma maneira equivocada de se fazer política.
Os jovens não aceitaremos que voltem a nos enganar. Temos direito a desconfiar por isso deveos manter nossa própria organização juvenil que surgiu das regionais de Lima e dos comitês unitários contra a lei “pulpin” no interior do país. A luta não terminado, temos que nos solidarizar com os trabalhadores ameaçados por novos ataques aos direitos trabalhistas, com os povos que enfrentam projetos extrativistas como o de Tia Maria em Arequipa, ou o do Rio Tinto em Tacna. Junto ao povo e suas organizações nos propomos a ir por mais. Ao longo deste mês de luta tomamos consciência de que não só se trata de uma lei senão de todo um sistema injusto que temos de enfrentar.
Temos a vontade e a capacidade de formar um novo movimento de jovens, unitário, amplo, nacional, que não só lute por uma nova lei do trabalho, a qual é necessária, senão que se proponha a ir mais longe: acabar com este modelo econômico neoliberal depredador de nossas riquezas naturais e o meio ambiente, assim como terminar com a espúria constituição de 1993 que é a mãe de todas as leis que se fazem contra os interesses nacionais e do povo. Necessitamos uma nova constituição para um novo país, e não descansaremos até consegui-la.
26.01.2015