Greve na UFF entra em segundo dia. Reitor foge da responsabilidade e aplica multa ao sindicato.
Com uma atitude extremamente autoritária e desrespeitosa com os funcionários em greve, o reitor Sidney Mello protocolou uma ocorrência junto à Polícia Federal, que notificou o sindicato dos terceirizados com uma multa em R$10 mil.
por Elis Lemos e Ariano Amorim*
Com uma atitude extremamente autoritária e desrespeitosa com os funcionários em greve, o reitor Sidney Mello protocolou uma ocorrência junto à Polícia Federal, que notificou o sindicato dos terceirizados com uma multa em R$10 mil. Em menos de uma semana houve paralisações de servidores de diferentes empresas que prestam serviços à UFF. Na semana passada, funcionárias e funcionários da empresa Luso Brasileira paralisaram as atividades e conseguiram receber seus salários atrasados. Hoje, 18 de Março, pelo segundo dia consecutivo, funcionários da Croll responsável pela segurança e vigilância dos campi, também reivindicam o pagamento de seus salários atrasados.
O método utilizado em todas as paralisações foi a interdição do acesso ao Campus do Gragoatá. É a melhor forma de escancarar para a comunidade universitária de que a UFF não pode seguir funcionando sem o trabalho destes servidores. Mas é também uma forma de exigir respeito e valorização do trabalho que realizam para a universidade.
Empresas e reitoria trocam acusações, mas ninguém se responsabiliza pela resolução do problema. O reitor, em nota, se eximiu completamente da culpa e se mostrou incapaz e inábil para resolver o impasse. Chegou ao ponto de acionar a Polícia Federal para acabar com a greve sob o método da intransigência e ausência de diálogo.
Os funcionários, que são os mais interessados em resolver o impasse, fizeram a proposta de liberar o acesso ao campus para que as atividades possam voltar ao normal ainda hoje, caso haja o compromisso formal por parte do reitor em garantir os pagamentos até sexta-feira, 20 de março. Contudo, continuarão em greve, pois ninguém merece trabalhar tendo seus vencimentos atrasados. Esse impasse é de total responsabilidade do reitor, que foi eleito com a missão de garantir o bom funcionamento harmônico da universidade. Se ele não é capaz de estabelecer o mínimo para que as atividades acadêmicas sejam normalizadas, que assuma a responsabilidade pela paralisação das atividades.
Em tempo: este cenário por ora conturbado de início das aulas traz à tona os rumos da mais nova “Pátria Educadora”. O corte no orçamento da educação, que totaliza R$7 bilhões, está apresentando seus primeiros efeitos danosos às instituições de ensino por todo o país. Nós, do Juntos! estivemos e estaremos ao lado de toda luta justa para a garantia de uma educação de qualidade e verdadeiramente pública, a exemplo destas que estão em curso na UFF. Pois sabemos que, infelizmente e inevitavelmente, o atual cenário afetará também aos estudantes de maneira direta. Resta-nos, portanto, a tarefa de elaborar sínteses entre a diversidade estudantil e seguir pressionando para que não tenha nenhum retrocesso em nossos direitos. Afinal, ainda temos muito que avançar para tornarmos uma verdadeira “Pátria Educadora”.
Convocamos todos a participar do dia nacional do estudante, 26 de março.
https://www.facebook.com/events/1023277294368325/
*Estudantes de História na UFF e militantes do Juntos!