Somos todos Verônica! Sobre o Estado que mata, humilha e invisibiliza.
A mesma violência institucionalizada que promove chacinas em favelas pelo país inteiro, exterminando a população pobre e negra. Verônica é uma das muitas oprimidas que são vítimas dessa polícia truculenta, machista, racista e LGBTfóbica.
Juntos! LGBT, Juntos Negras e Negros e Juntas
Somos todos Verônica!
Sobre o Estado que mata, humilha e invisibiliza.
Mais uma!
A violência policial fez mais uma vítima no último domingo (12/04): Verônica Bolina – travesti e negra.
Espancada cruelmente pela polícia de São Paulo, Verônica teve seu cabelo raspado, rosto desfigurado e corpo exposto pela mesma violência que, no Rio de Janeiro, matou Amarildo, Cláudia, Eduardo, e centenas de outros cujas mortes e violências sofridas não chegaram a conhecimento público. A mesma violência institucionalizada que promove chacinas em favelas pelo país inteiro, exterminando a população pobre e negra. Verônica é uma das muitas oprimidas que são vítimas dessa polícia truculenta, machista, racista e LGBTfóbica.
O que aconteceu com a Verônica tem nome: racismo e transfobia!
Assassinato e violência policial são só uma parcela da opressão que travestis e pessoas trans estão expostas diuturnamente, e que é reforçada e legitimada pela transfobia enraizada em todos os âmbitos da sociedade.
Desde a família, que em grande parte das vezes as expulsam de casa, passando pela educação, que poucas conseguem acessar e menos ainda permanecer devido a violência no ambiente escolar e a constante deslegitimação de suas identidades e existências, até o mercado de trabalho, que não abre espaço para essas pessoas, deixando-as na maioria das vezes sem outra escolha que não a prostituição. De acordo com a ANTRA (Associação nacional de travestis e Transexuais do Brasil) 90% das travestis e transexuais brasileiras estão se prostituindo. As poucas que conseguem inserção no mercado, são em sua maioria em empresas terceirizadas – que possuem os maiores índices de acidente de trabalho, discriminação, além de maior carga horária e baixa remuneração. Vivemos em um sistema projetado para levar travestis e pessoas trans para a prostituição e em seguida culpá-las por isso.
A essas pessoas, não é garantido nem mesmo o direito à vida. Verônica é travesti e negra, duas características que fazem com que a violência recaia de forma ainda mais pesada sobre ela. Fazer parte de um setor oprimido é uma luta diária em busca da sobrevivência e da conquista de direitos. Verônica, assim como toda mulher negra, é vítima diária do racismo institucional, presente nas mais diversas esferas, que deixa marcas profundas e dolorosas em quem o sente diariamente. Lutando arduamente para resistir enquanto negra, resistia também enquanto mulher, e parte do setor LGBT, ou seja, carrega consigo o peso de três opressões, estando no elo mais fraco e marginalizado da sociedade.
Jogada no chão da delegacia, seminua, algemada e com os pés arramados foi deslegitimada enquanto mulher, quando rasparam seu cabelo e deixaram seus seios a mostra e enquanto ser humano, quando a espancavam deixando seu rosto desfigurado e quase irreconhecível.
Não há surpresa em ver que as principais manchetes sobre ocorrido colocam Verônica em situação de criminosa condenada merecedora de tudo que lhe ocorreu. Para essa população, já culpabilizada por existir, não é necessário julgamento formal, a culpa é imputada automaticamente. Basta existir para ser culpada.
Esse caso reforça a necessidade de lutarmos para garantir o direitos das travestis e pessoas trans e pela desmilitarização da Polícia Militar.
O Juntos! se posiciona ao lado de Verônica. Nada justifica a barbárie que aconteceu com ela, independentemente do que ela tenha feito ou deixado de fazer. Os direitos humanos devem ser garantidos a todas as pessoas, a polícia não tem direito de espancar, despir e humilhar. Ninguém tem!
#SomosTodasVerônica