Por mais direitos para as negras: seguir na luta contra o machismo e o racismo
O dia 25 de julho, dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, tem de ser reafirmado e irradiado pelo mundo todo. Lutar pela visibilidade dessa data é transversalizar o combate a um sistema que explora a vida, e nos coloca abaixo do lucro.
O dia de hoje tem de ser reafirmado e irradiado pelo mundo todo. Ele é fruto do I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, ocorrido em 25 de Julho de 1992, na República Dominicana. Nesse dia, mulheres negras de 70 países se organizaram para debater suas lutas e demandas, já que os espaços políticos e o próprio movimento feminista não as abarcavam, por não fazer recorte de raça e classe. Essa data foi escolhida como um marco para representar a resistência e organização de mulheres negras.
A secundarização e exploração da mulher negra existem de fato, e a América Latina ainda carrega o peso da colonização e exploração do povo negro, que foi basilar na formação da sociedade. Isso deixou às mulheres um legado de hipersexualização e objetificação, e nos fazem sofrer duplamente com opressões estruturadas pela exploração: racismo e machismo, tendo então nossos corpos e afetividade apropriados e mercantilizados.
Esse histórico de opressões se escancara ainda mais com as contradições pelas quais o capitalismo passa, onde as primeiras pessoas prejudicadas são as mulheres negras, que têm seus poucos direitos retirados e sangrados. No Brasil, por exemplo, projetos como a terceirização, atingem substancialmente mulheres negras, que majoritariamente ocupam os cargos mais precarizados e são as mais vulnerabilizadas e descartadas pelo serviço terceirizado. Além das MPs 664 e 665, que restringem as pensões por morte e auxilio-doença, das que mais têm maridos e filhos mortos pela PM, e dificultam o acesso ao seguro desemprego, pra uma classe que é demitida com mais facilidade do mercado de trabalho. Com isso – e, infelizmente muito mais, temos constatado que a retirada de direitos, seja onde for, afeta em um grau substancialmente mais elevado as pessoas negras, em especial as mulheres.
Por isso é importante fortalecer a identidade e resistência das mulheres negras. A luta para arrebentar as correntes que nos prendem, para que construamos movimentos, ocupemos espaços e os façamos para darmos a batalha pelos nossos direitos, é significativa e necessária. Temos que encarar o momento como tempos de luta aguerrida contra opressões de gênero, raça e silenciamento das negras, e coloca-lo na ordem do dia.
O combate às invisibilidades e a disputa pela afirmação da mulher negra como sujeito de direitos dentro da história tem de ser cotidiano. E sendo assim, temos que dar batalha para que o dia 25 e seus propósitos sejam reconhecidos nas escolas, universidades e em todas as instituições, que reforçam a secundarização e apagamento das mulheres negras ao não pautar esse assunto.
Lutar pela visibilidade dessa data é transversalizar o combate a um sistema que explora a vida, e nos coloca abaixo do lucro. E isso não acontecerá sem a luta das mulheres negras. Se não nos abarcam no movimento, seremos o movimento. Não existe emancipação humana sem o combate ao machismo e racismo. Pelas Dandaras, Cláudias e Acotirenes, seguimos na luta!