Aylan nos alerta: é urgente mudar o mundo!
Essa semana, uma dura imagem rodou o mundo e no mínimo, partiu nossos corações: Aylan Kurdi, sírio de Kobane, 3 anos, sozinho de bruços ao mar. Morto. Exceto seu pai, toda sua família morreu em mais um naufrágio rumo a Europa.
Por Fabiana Amorim, diretora da UBES pela oposição de esquerda e militante do Juntos! RS
Essa semana, uma dura imagem rodou o mundo e no mínimo, partiu nossos corações: Aylan Kurdi, sírio de Kobane, 3 anos, sozinho de bruços ao mar. Morto. Exceto seu pai, toda sua família morreu em mais um naufrágio rumo a Europa.
Estima-se que por dia, 3 a 5 mil pessoas cruzem o Mediterrâneo em busca de refúgio. É a maior crise imigratória desde a Segunda Guerra Mundial. Um cenário caótico, com inúmeras faces, todas fruto de ganância, ódio, desumanidade e guerra.
Dentre os que mais partem de suas terras em busca de outro futuro, está o povo sírio. Aylan nem havia nascido e o seu país já se encontravam em estado de calamidade. O sanguinário ditador da Síria, Bashar al-Assad, e o imperialismo norte americano são responsáveis pela morte de 230 mil pessoas desde 2011. Nessa conta também está o Estado Islâmico (ISIS), chefes da barbárie no mundo, na qual quase que diariamente bombardeiam a terra síria, ainda que existam pontos importantes de resistência, como a heroica região curda. Região de onde era Aylan, a nossa triste esperança.
Ainda mais chocante, é a forma na qual a União Europeia tem lidado com essa situação. Aqueles que há centenas de anos saqueiam terras estrangeiras, hoje fecham as portas para o povo em desespero. Não somente fecham as portas, como também endossam o discurso xenofóbico, que beira o fascismo, chegando a gastar mais com repressão contra os refugiados (1,8 bilhões de euros) do que com a própria solidariedade (700 milhões de euros). A Hungria, país chave para a chegada até a Alemanha, tornou-se um dos principais símbolos dessa Europa que nos envergonha, que está de costas para o caos. Segundo seu premiê Viktor Orban, da extrema-direita, os refugiados são “uma ameaça à identidade cristã da Europa” e hoje constrói um muro anti-imigrante de 177 quilômetros.
Se a imagem do pequeno Aylan não mudar a postura dos poderosos frente ao que estamos vivendo, o que irá? Por quantos mais meninos precisaremos chorar para que a Europa receba os povos em apuros, no mínimo como retribuição a todo caos que já causaram à humanidade? Derrotar a face mais cruel e irracional do capitalismo é mais do que urgente, é inevitável.
Times de futebol, organizações de esquerda e países como a Islândia já tomam a frente em campanhas para que a Europa acolha os refugiados. A ONU estima ser necessário abrigo para 200 mil pessoas. As atrocidades do mundo além de nos causar dor, sempre trouxeram consigo esperança. Por isso Aylan não é menos do que um mártir dos povos massacrados, dos “clandestinos”, dos “ilegais”. Tanto para os que esperam uma terra digna e possível de viver, longe da guerra e da alta concentração de renda. Quanto para nós, que ficamos com a tarefa urgente de mudar a lógica do lucro acima da vida. A tarefa urgente de mudar o mundo.