As eleições passaram. Algo muda?
Depois de alguns meses de muitas promessas vazias e pouco conteúdo, acabaram-se as eleições e a nova presidenta do Brasil é Dilma Roussef. Quem propôs algo diferente foi o PSOL, que disputou a presidência com Plínio de Arruda Sampaio fazendo uma boa campanha em conjunto com os candidatos nos Estados.
Nas eleições mais despolitizadas dos últimos tempos, pouco conteúdo e nenhuma mudança
Depois de alguns meses de muitas promessas vazias e pouco conteúdo, acabaram-se as eleições e a nova presidenta do Brasil será Dilma Roussef. Na disputa mais despolitizada e desanimada da história, três candidatos muito parecidos disseram quase a mesma coisa o tempo todo. Dilma, Serra e Marina foram três cores para o mesmo projeto: defenderam as mesmas políticas nos temas mais importantes e receberam doações milionárias de campanha das mesmas empresas, que financiaram as três candidaturas.
Dilma estava na frente e não queria arriscar. Fugiu dos debates, se utilizou da figura de Lula e do discurso da continuidade e mudou de posição algumas vezes para garantir o eleitorado. Já o Serra denunciava a corrupção até descobrirem os maiores escândalos ao lado dele. Enquanto isso, Marina Silva se utilizava do discurso ecológico e tentava se colocar como uma nova alternativa apesar de, na prática, defender a velha política de seu partido, o PV. Entre os três vimos de tudo, menos debate sobre os problemas reais do país.
E por que os grandes candidatos concordaram? Porque Dilma, Serra e Marina representam a continuidade de um mesmo projeto, de defesa do capitalismo e dos interesses das empresas e do mercado financeiro internacional, contra as reais necessidades dos trabalhadores e do povo brasileiro. Todas as campanhas receberam dinheiro dos mesmos lugares, das grandes empresas, bancos e latifundiários, para garantir que o Brasil continue na mesma, sendo um dos países mais ricos do mundo e ao mesmo tempo um dos mais desiguais (segundo a própria ONU).
As migalhas distribuídas durante o governo Lula em forma de políticas assistenciais foram muito poucas se compararmos aos lucros daqueles que realmente estão faturando. No entanto, essa situação é frágil como uma bolha de sabão, como estamos vendo em vários países da Europa e nos Estados Unidos, e em um primeiro momento de crise os primeiros a pagar a conta são os trabalhadores. Por esses motivos nenhum dos três candidatos apresentou uma proposta concreta de mudança da realidade social de nosso país, que precisa de uma inversão de prioridades em favor dos que mais precisam.
Outra alternativa é possível
Apesar disso, este processo eleitoral teve uma alternativa: quem propôs algo diferente foi o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), que disputou a presidência com Plínio de Arruda Sampaio fazendo uma boa campanha
com pouco dinheiro, mas muita política e militância na rua, marcando posição sobre temas importantes que ninguém mais queria tratar. Enquanto Dilma dizia que o Brasil virou um paraíso e até o Serra defendia o governo Lula, Plínio botou o dedo na ferida e falou sobre a verdadeira situação da educação pública, da saúde, da falta de moradia, dos problemas do transporte. Com 80 anos de idade, foi com certeza o candidato com atitude mais jovem e incomodou bastante nos debates. A candidatura de Plínio representou um amplo movimento de lutadores sociais, jovens, estudantes e trabalhadores em defesa de outro projeto para o Brasil. Por isso o PSOL foi o partido que mostrou ser necessária e possível uma nova forma de fazer política.
O crescimento do PSOL é o resultado positivo deste processo eleitoral, pois um partido de esquerda amplo, independente e comprometido com a mudança social é coisa rara hoje em dia. A campanha do Plínio para
presidente e a vitória dos deputados estaduais Carlos Giannazi em São Paulo e Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, além de vários outros parlamentares, mostram que ainda é possível fazer política sem defender os interesses de poderosos corruptos e endinheirados. E agora, com um novo governo mas os mesmos problemas de sempre, é preciso muita luta e organização pra algo mudar de verdade. E o PSOL representa parte deste processo de mudança e de consolidação de uma alternativa necessária na política de nosso país.
É possível uma campanha diferente? a juventude paulista com a palavra!
“Todas as campanhas receberam dinheiro dos mesmos lugares, das grandes empresas, bancos e latifundiários”
Com tanta corrupção, desigualdade e fisiologismo da velha política brasileira, por que os jovens deveriam se engajar nas eleições?
O discurso de Plínio de Arruda Sampaio ao final do debate da Globo pode dar uma indicação. Chamou a juventude a “pensar grande” e disse que “o impossível pode se tornar possível, se você quiser”
Em São Paulo o PSOL realizou uma importante experiência. A partir da deliberação de diversos militantes, dos movimentos sociais, sindical, estudantil e de educação, foi lançada a candidatura de Maurício Costa a deputado federal.
Maurício é um jovem professor, fundador da Rede Emancipa de cursinhos populares, tendo sido líder estudantil e participado da fundação do PSOL. Foi escolhido como porta-voz de uma série de movimentos – especialmente os de educação, cultura e luta contra a corrupção – para enfrentar a dura batalha contra a velha política dos poderosos do Brasil.
Com o lema “Semeando um novo futuro!” a candidatura-movimento de Maurício Costa ganhou as ruas. A marca principal foi o trabalho militante e voluntário, protagonizado principalmente por jovens que acreditam na necessidade da construção de uma nova política para conquistar um outro futuro, mais justo, democrático e igualitário para o povo.
O programa da candidatura, construído a muitas mãos, representou uma elaboração que claramente nadou contra a corrente da demagogia, da hipocrisia e do fisiologismo tão atuais no meio político de nosso país. Por isso pôde abordar temas como a luta contra a corrupção, o fim do extermínio da população jovem e negra das periferias, o combate à homofobia e ao machismo e a luta por uma educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis.
Com a tarefa de reencantar a necessidade de construção de uma nova alternativa na política, a candidatura do Maurício deu exemplo. Como o trabalho coletivo que a elaborou não começou nem terminou com as eleições, a luta segue!
Giannazi: um educador militante na Assembléia Legislativa
Com uma marca superior a 100 mil votos (o dobro das últimas eleições), São Paulo reelegeu o educador Carlos Giannazi do PSOL para deputado estadual. Em seu último mandato Giannazi se destacou por diversas lutas em favor dos movimentos sociais, especialmente da educação. Confira abaixo o depoimento de Bruno Magalhães, um jovem militante da campanha de Giannazi: “Tive a oportunidade de participar da campanha do deputado Carlos Giannazi e o que vi foi um grande movimento de diversos setores da população, educadores, moradores de áreas de risco, militantes do movimento negro, da diversidade sexual e do feminismo, além da juventude e de trabalhadores em luta. Esse amplo campo de apoio reflete a atuação do deputado, estendida a todos os oprimidos e sempre disposta a encampar lutas contra a injustiça social.”