Em defesa da vida: não ao retorno das aulas presenciais!
Nos últimos dias vem sendo colocado em pauta pelos governadores dos estados o planejamento de volta às aulas presenciais nas escolas estaduais. João Doria, governador de São Paulo, e Helder Barbalho, governador do Pará já anunciaram as datas de retorno das atividades mesmo com a curva de contaminação crescente. Do Distrito Federal, onde há poucos […]
Nos últimos dias vem sendo colocado em pauta pelos governadores dos estados o planejamento de volta às aulas presenciais nas escolas estaduais. João Doria, governador de São Paulo, e Helder Barbalho, governador do Pará já anunciaram as datas de retorno das atividades mesmo com a curva de contaminação crescente. Do Distrito Federal, onde há poucos dias ocorreu um decreto de calamidade pública devido a pandemia, o governador Ibaneis Rocha autorizou a reabertura das escolas entrando para o hall dos piores governadores no tratamento da pandemia. Posições como essas colocam ainda mais em risco a vida dos estudantes, professores e técnicos das escolas.
O Brasil está em 3° lugar no ranking mundial de casos e mortes pelo novo Corona Vírus(Covid-19), ultrapassando a marca de mais de 1,4 milhão de infectados e 59 mil mortes. Temos uma crise política orquestrada por governos que não priorizam a vida das pessoas e que geram grandes incertezas e instabilidades. Colocar em perigo a vida dos estudantes e de suas famílias, lhes dando a opção de ou ter uma educação de qualidade ou ter saúde, é algo que nós não podemos aceitar.
Essa iniciativa dos governos surge a partir uma pressão de empresários para o retorno às atividades normais da economia. Sabemos que a escola é uma instituição fundamental na construção do capitalismo e que seu funcionamento movimenta além de muito dinheiro (seja na iniciativa privada ou pelo poder público) também gera a movimentação de muitas pessoas e mercadorias na cidade. Para além desse fato fundamental, muitas empresas também tem o interesse pelo retorno das escolas já que esse é um local importante de cuidado dos filhos da classe trabalhadora, principalmente das crianças em idades mais tenras. Uma prova disso é que nos planos de retorno de atividades escolares em sua grande maioria privilegiam o retorno do ensino infantil.
Ao mesmo tempo, o interesse dos governos em atenderem às pressões de setores da economia que querem o retorno das aulas em nome de seus lucros não é percebido na busca por soluções ao problema de financiamento. Segundo o Movimentos Todos Pela Educação a educação pode perder até 28 bilhões de reais da arrecadação dos estados sem nenhum sinal do governo federal e do MEC de solução a esse grave problema que pode levar a educação pública brasileira ao colapso.
É necessário ter um enfrentamento severo aos governos estaduais, pois mais uma vez a educação tem sido tratada como mercadoria, não podemos aceitar que a vidas de milhares de pessoas sejam colocadas em risco por governadores irresponsáveis que colocam o lucro acima da vida. Atualmente vemos que não é só uma “gripezinha”, mas sim um vírus com alto poder de destruição de vidas não só no nosso país mas no mundo inteiro.
O ensino remoto é mais um exemplo que o governo Bolsonaro e grande parte dos governos estaduais não se preocupam nem um pouco em salvar vidas, mas sim em salvar a economia. Mesmo com as insuficiências do ensino remoto, que exclui milhares de estudantes, não podemos deixar isso ser usado como discurso para forçar um retorno presencial, por isso necessitamos continuar agitando nas redes sociais o não retorno às aulas enquanto a situação da pandemia não estiver sobre controle. É preciso exigir dos governos, ao invés desse retorno prematuro, um mapeamento dos estudantes que hoje se encontram sem poder assistir as aulas, e a solução desses casos com o envolvimento da comunidade escolar e apoio das secretarias de educação. Em defesa da vida dos estudantes, dos professores, e de todos os profissionais que trabalham na área da educação, dizer não ao retorno às aulas presenciais significa salvar vidas!