Manifesto do Seminário do Movimento Estudantil
Seminario Nacional Movimento Estudantil

Manifesto do Seminário do Movimento Estudantil

Leia na íntegra o manifesto aprovado na plenária final do I Seminário Nacional do Movimento Estudantil, realizado nos últimas dias 19 e 20 de fevereiro.

Juntos! 23 fev 2021, 13:29

Leia na íntegra o manifesto aprovado na plenária final do I Seminário Nacional do Movimento Estudantil, realizado nos últimas dias 19 e 20 de fevereiro.

Manifesto do I Seminário Nacional do Movimento Estudantil

Estamos vivendo um dos períodos mais difíceis na história para os estudantes no Brasil. Desde quando se elegeu, o Governo Bolsonaro busca implementar seu projeto autoritário e anti-povo, responsável por tirar a vida de quase 250 mil brasileiros desde o início da pandemia. Neste momento, em mais uma ação criminosa, o governo tenta submeter a volta do auxílio emergencial a um plano duríssimo de ajuste fiscal, com uma agenda de ataque aos serviços e aos servidores públicos, privatizações, e retirada de direitos, enquanto segue privilegiando os bilionários, que não deixaram de lucrar com a pandemia. Para a juventude, são cada dia mais sentidos os efeitos da pandemia, a crise econômica, o desemprego e as questões relacionadas à saúde mental.

Na educação, Bolsonaro tenta aplicar mais um gigantesco corte no orçamento para 2021, reduzindo em até 16% o orçamento para as universidades e institutos federais, o que pode colapsar por completo o ensino superior público e básico federal no Brasil, com cortes de bolsas de assistência estudantil e de pesquisa, afetando especialmente aqueles que têm sido os primeiros das suas famílias a entrar nas universidades e os estudantes dos IFs, que podem ser fechados por todo país. Ao mesmo tempo, o desmonte da pesquisa brasileira, com os cortes nas bolsas de pesquisa podem ser nefastos, especialmente em um momento em que a ciência tem sido fundamental no combate à pandemia. Por fim, o plano de retorno às aulas presenciais nas escolas, somado à precarização, podem ameaçar diretamente tanto a vida dos estudantes, que podem ser expostos ao COVID-19, quanto das suas famílias. Diante disso, começam a surgir propostas para a implementação do ensino híbrido de forma permanente, no que pode significar a combinação de uma precarização estrutural do ensino com a elitização e restrição do acesso aos estudantes pobres e negros.

O movimento estudantil, por isso, precisa ser linha de frente na luta contra Bolsonaro, tanto por suas políticas genocidas que já nos afetam dia a dia, mas também pelo seu plano de desmonte geral da educação brasileira. Foram os primeiros a frear a sanha autoritária e a agenda de cortes do Governo através da mobilização massiva no Tsunami da Educação em 2019. Defender a educação é um grande desafio nesse momento, e é através da aposta nas mobilizações em todo o país que conseguiremos derrotar esse projeto.

Por isso, não podemos vacilar! A aposta das direções da UNE e da UBES de articular unidades por cima com parlamentares e com as reitorias  são importantes para isolar o bolsonarismo e o negacionismo, mas só isso é insuficiente, pois sabemos que o que é decisivo e pode virar o jogo é a luta das ruas, organizadas de baixo pra cima com as entidades de base. É vindo de nós, negras e negros, mulheres, LGBTs, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, que vai surgir o maior potencial para derrotar Bolsonaro e sua agenda de retrocessos, e construir uma educação livre e emancipadora. As entidades estudantis, como os Grêmios e Centro Acadêmicos podem ser fundamentais nesse combate – apostar na mobilização e na construção de lutas pela base é um passo central em fortalecer o movimento estudantil.

Em um momento onde a juventude e os estudantes têm sido protagonistas de mobilizações por toda América Latina, também é necessário que mostremos nossa força! Por isso precisamos de um plano de mobilização que defenda a educação pública e a pesquisa, como instrumentos fundamentais, inclusive, para o combate à pandemia. Colocando na pauta do dia a luta contra os cortes, construiremos o dia 25 de fevereiro como um primeiro passo às ruas do nosso movimento em enfrentamento ao Bolsonaro. Faremos esse dia nacional de mobilizações, com atos e microfones abertos como primeiro dia nacional como um início de uma jornada de lutas neste ano! Uma primeira iniciativa fundamental para apostarmos na nossa mobilização como saída para a crise e fortalecer iniciativas ainda mais amplas a partir de março. 

Se Bolsonaro é o vírus, nossa luta é a vacina. Faremos de cada escola, universidade e instituto uma trincheira de luta. A luta contra a extrema-direita e o capitalismo é internacional.

Impeachment Urgente Já!

Vacina para todos!

Nenhum corte na educação, permanência é um direito!

Não à volta às aulas!

Diversas cidades do Brasil conectadas, 20 de fevereiro de 2021.


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