Queremos vacina e não copa!
Os ventos da América Latina soprarão no Brasil novamente: queremos vacina e não copa!
Na manhã desta segunda-feira (31/05) foi noticiado pela Conmebol que a nova sede da Copa América 2021 será o Brasil. Entre prioridades do momento atual, o governo genocida de Bolsonaro mais uma vez coloca sua prioridade: o dinheiro, a ganância e a cortina de fumaça, acima das mais de 460 mil vidas ceifadas pela Covid-19.
O sorteio realizado no dia 5 de fevereiro apontou a Colômbia como país sede da Copa América. Porém, o clima de mobilizações de rua dos nossos companheiros colombianos, mostrou que o país tem outras prioridades: a luta contra a reforma fiscal e a retirada de direitos de seus habitantes. O país vive em um momento de grandes atos e greves, fortemente reprimidos pelo governo colombiano.
A resposta da população nas ruas, somada a repressão por parte do governo, chamou ainda mais atenção depois do jogo do Atlético MG contra o América de Cali. A repressão foi tão grande que os jogadores sentiram os efeitos do gás lacrimogêneo dentro de campo.
O governo do país desistiu de sediar a Copa América, por conta dessas grandes mobilizações. Em uma segunda tentativa, a Conmebol contatou a Argentina, que prontamente tomou a atitude correta para o momento em que vive: disse não! Isso pois a pandemia tem se agravado no país nas últimas semanas e ainda não há estrutura sanitária suficiente para comportar um campeonato de tal tamanho.
A Conmebol, podendo suspender o campeonato, tendo em vista o colapso sanitário que vive a América Latina, não desistiu de seus interesses financeiros. Já havia recebido um lote de 50 mil unidades da vacina da Sinovac a fim de vacinar jogadores representantes das competições sul-americanas, furando descaradamente a fila da vacinação, passando por cima de todo o contexto trágico do continente e se importando apenas com as suas competições e consequentemente com o seu lucro.
A falta de local para o campeonato não durou muito tempo, o país que ignorou diversos e-mails da Pfizer e do Instituto Butantan, oferecendo o contrato de milhões de vacina, respondeu o chamado da Conmebol, mais específico do presidente Alejandro Domínguez, em menos de 24 horas, aceitando ser sede da Copa América. Sem hacker e sem vírus nos computadores do Planalto, Bolsonaro e sua equipe fazem chacota com cada brasileiro e brasileira que perderam familiares e amigos para a Covid-19, aceitando um campeonato mundial em seu país, sem o mínimo de estrutura sanitária.
No Brasil, já são mais de 460 mil mortes causadas pelo coronavírus, uma das maiores tragédias da história do país, sendo que muitas delas poderiam ter sido evitadas se não fosse o governo negacionista de Jair Bolsonaro. Desde o começo da pandemia, Bolsonaro manteve uma postura obscurantista e de negação à ciência, promovendo a venda de remédios sem nenhuma comprovação e participando de eventos e aglomerações sem uso qualquer dos protocolos de saúde.
A aceitação do governo Bolsonaro gerou um espanto na população brasileira. Afinal, qual a estrutura que o Brasil, o epicentro da Covid, o país que tem a pior gestão em relação à pandemia, tem a oferecer para todos os profissionais, jogadores e toda a população que será exposta com o campeonato?
A verdade é que tanto no Brasil de Bolsonaro, quanto na Colômbia de Iván Duque existe uma grande disposição de luta por grande parte do povo. Na Colômbia, a luta contra a reforma tributária, no Brasil, a luta contra o genocida e por vacina para todos. Ambos, lutando contra governos autoritários que querem colocar a conta nas costas do povo. O 29 de maio no Brasil demonstrou essa força. Atos em mais de 200 cidades do país ecoaram gritos de “Fora Bolsonaro, Auxílio Emergencial Digno e Vacina Já!”, levando centenas de milhares às ruas, com todo cuidado sanitário necessário. O cartaz colombiano, com os dizeres “Quando o povo protesta em meio à pandemia, é porque o governo é mais perigoso que o vírus” ecoou nas ruas brasileiras.
E agora teremos mais uma luta em comum dos nossos companheiros colombianos: contra o absurdo de sediar um campeonato de futebol em meio a uma pandemia. O espírito que se criou na América Latina ecoará também no Brasil: Afinal, por que a prioridade em sediar um campeonato de futebol, ao invés de centrar forças no plano de vacinação? Por que colocar um campeonato milionário na frente de quase meio milhão de mortes que poderiam ser evitadas?
Sabe-se que esse campeonato é mais uma cortina de fumaça para a crise que Bolsonaro sofre no país. O apoio da população ao pedido de impeachment de Bolsonaro já chega a 59%, por conta da sua péssima gestão em mais de um ano de pandemia. Porém, a população brasileira não se deixará enganar com mais uma tentativa negacionista desse governo.
Dirigentes de clubes já se posicionaram contrários à realização da competição. O Presidente do Grêmio FBPA, em Reunião com o Prefeito de Porto Alegre, bolsonarista de carteirinha, disse que não vai disponibilizar o estádio do clube para os jogos. Parlamentares, como Fábio Félix, já entraram com pedido para que o campeonato não aconteça em suas cidades e estados. A bancada do PSOL pediu explicações ao secretário de esporte, Marcelo Magalhães, do porquê o Brasil ter aceitado um campeonato desse nível.
Os ventos da América Latina soprarão no Brasil novamente: queremos vacina e não copa!