As mulheres e os cortes nas universidades
Como esses ataques podem interferir na vida acadêmica e pessoal dos estudantes, especialmente das mulheres estudantes?
Nos últimos anos, as universidades públicas vêm sofrendo inúmeros ataques, fazendo com que tenham dificuldades em manter suas portas abertas. Isso passa por não ter verba para pagar o salário dos profissionais terceirizados, manter os bandejões funcionando, manter as bolsas de auxílio e de permanência, pagar contas básicas como água e luz. Não podemos deixar de nos perguntar como ficam os estudantes nesse processo, isto é, como esses ataques podem interferir na vida acadêmica e pessoal dos estudantes, especialmente das mulheres estudantes?
Essa é uma questão de suma importância. É necessária a análise de como tudo isso afeta as mulheres universitárias. Ora, nesse processo de desvalorização e desmonte das universidades e a educação construída nela, os cortes de verba se mostram uma violência, fazendo com que a permanência de milhares de estudantes seja abalada. Nisso, as mulheres são extremamente afetadas, pois muitas são mães e utilizam as bolsas de auxílio e permanência, não só para se manterem na universidade, mas para complementar a renda familiar.
Mulheres mães, negras, periféricas, entre outras, saem afetadas pois dependem de políticas estudantis das universidades para se manterem estudando e, por muitas vezes, trabalhando. Além de condições básicas que nos são negadas, como banheiros limpos, papel higiênico, água nas torneiras e pias – itens que são importantes quando pensamos em mulheres universitárias e trabalhadoras, que permanecem o dia inteiro dentro da universidade, que fazem pesquisa, que atuam todos os dias na manutenção dos espaços. E ainda assim, correm o risco de perderem seus auxílios, sua renda, as funcionárias que não sabem até quando terão seus contratos mantidos. Isso por conta de um plano de governo voltado para o extermínio das populações carentes dentro das universidades públicas, com um presidente que não tem respeito e nem empatia pelas nossas vidas.
A educação enfrenta, a anos, sistemáticos desmontes e desvalorização, o que faz das universidades alvos eminentes da mira de governos autoritários, negacionistas e anti-ciência, pois são nesses espaços que os estudantes produzem conhecimento, desenvolvem pensamento crítico e se formam profissionais qualificados. Onde produzem pesquisas e tecnologias de excelência e levam amparo, serviços diversos e acesso ao conhecimento para a população. Mesmo com o sucateamento das nossas universidades públicas, produz-se alta qualidade de pesquisa, fazendo com que elas sejam reconhecidas e premiadas internacionalmente, sendo referência para todo o mundo.
Tendo em vista que esses cortes orçamentários representam uma ameaça à vida e permanência das mulheres e todos os estudantes e profissionais terceirizados das universidades, tivemos um levante dos estudantes no dia 14 de maio, apesar da pandemia, levando estes às ruas contra os cortes. A indignação que nos move, por termos um presidente genocida e negacionista que inviabilizou as vacinas, este que não garantiu um auxílio emergencial justo para que os brasileiros consigam ficar em casa sem passar por dificuldades e fome – itens básicos que deveriam ser garantidos pelo estado, e não são, sempre nos levou muitas vezes antes para as ruas, e sempre levará quando estivermos de frente para a barbárie.
Além do dia 29 de maio, que contou com grandes manifestações ao redor do Brasil, fomos às ruas no dia 19 de junho, para mostrar que não estamos mais dispostos a aguentar todas essas violência contra nós, o povo que o Bolsonaro jurou proteger, mas que, ao contrário, nos deixou refém diante de um vírus mortal. A resposta que o genocida precisa é clara: vamos seguir nas ruas exigindo seu impeachment e gritando: Fora Bolsonaro!