Borba Gato não é nosso herói! Liberdade a Paulo Galo e a Gessica.
As mãos que queimaram Borba Gato são as mãos daqueles que não aceitam que a história homenageie seus algozes.
No último sábado (24), vimos um dos símbolos que fazem menção a um passado racista, misógino e escravista pegar fogo no centro político e econômico do Brasil. Para quem não sabe, os Bandeirantes foram figuras do Brasil colonial responsáveis por um processo de genocídio da população negra, indígena e por uma violência sexual sem tamanho com as mulheres. Nesse sentido, Borba Gato é a representação da violência que estruturou o nosso país: o racismo estrutural como um elemento fundante da formação do capitalismo brasileiro, a exploração e opressão da população negra que hoje é vítima de uma barbárie social.
Se hoje a população negra é o principal alvo de morte: seja no índice de mortes por covid-19, seja no mapa da fome, seja pela bala da polícia é porque existiu um passado e agentes responsáveis por tal processo. Figuras como Bandeirantes, barões de cafés e senhores de engenho foram os agentes diretos nesse processo que prosseguiu após 133 anos da falsa abolição. E romper com esse legado histórico, é romper com o passado que hoje coloca essas figuras como heróis nacionais.
Quantos nomes de Bandeirantes, barões de café e senhores de engenho o Estado de São Paulo não homenageia? Basta ver que a Casa do Executivo se chama Palácio dos Bandeirantes, que a principal Avenida do Estado se chama Avenida dos Bandeirantes e que um dos principais monumentos da capital é o Monumento às Bandeiras. A todo momento, a cidade faz questão de lembrar que ela não foi construída para os setores oprimidos e perpetua o seu legado de violência.
Apesar disso, vivemos uma ascendência das lutas contra o sistema capitalista, o racismo, o machismo e a LGBTfobia. No ano passado, vivemos uma das maiores mobilizações antirracistas mundialmente. Um dos principais símbolos deste momento foi a derrubada de estátuas de escravagistas, demonstrando que era necessário romper com esse passado violento. Por tudo isso, é necessário políticas públicas que visem tal objetivo, assim como, que garanta a defesa da vida. Na cidade de São Paulo, a vereadora do Juntos! – Luana Alves (PSOL), protocolou o projeto de lei São Paulo é Solo Preto que visa justamente a retirada de símbolos racistas, eugenistas e fascistas, assim como, a inserção de símbolos e monumentos que retomem uma história sob a ótica dos oprimidos. Nossos heróis são Luiz Gama, Tereza de Bengala, Maria Carolina de Jesus, Luiza Mahin, Zumbi dos Palmares, Marielle Franco e tantas outras figuras do nosso povo.
Por isso, homenagear genocidas e racistas é tão violento e criminoso quanto atear fogo neles. Recontar a história a partir da ótica dos oprimidos é um compromisso civilizacional, estando em conexão com as tarefas e os desafios dos nossos tempos. Logo, as mãos que atearam fogo em Borba Gato não são só as mãos de Paulo Galo e Gessica, que hoje estão presos por conta de tal ato, mas de todos aqueles que hoje lutam por uma história anticapitalista, antirracista e feminista!
Liberdade a Paulo Galo e Gessica!
São Paulo é Solo Preto!
Assine a nota de solidariedade pela liberdade para Paulo Galo e Gessica: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeLunCq1Q39VgQzpAMhKcc08CwMP7xaYkDCvl-00_Rrm8gwYA/viewform