A aliança da classe trabalhadora com a juventude é estratégica para derrubar Bolsonaro
Não há nada mais importante nesse momento do que ampliar ainda mais a mobilização de massa, a única possibilidade de frear a sanha golpista do governo e dos militares e a agenda anti-povo do Congresso Nacional.
No Brasil de crises e de Bolsonaro, como dizemos nas redes, “o brasileiro não tem um dia de paz”. Depois do recesso do Senado que paralisou as atividades da CPI da COVID, as últimas semanas voltaram a ser bastante agitadas na vida política nacional. Em resposta à sua perda de popularidade e aos atos que levaram milhares às ruas em maio, junho e julho, Bolsonaro buscou novamente radicalizar seu discurso em direção à sanha golpista que orienta sua política: tentou pautar o voto impresso no Congresso no mesmo dia em que organizou um desfile de tanques do exército brasileiro na Esplanada dos Ministérios, e nos últimos dias tem reafirmado que irá pautar o impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Todas essas medidas se explicam por uma combinação de fatores. Ao mesmo tempo em que os atos de rua foram importantes para expressar uma opinião política de uma parcela da população contra Bolsonaro, têm esbarrado em dificuldades tanto de setores da classe trabalhadora organizada para se mobilizar, quanto tem sido uma opção de parte majoritária da Campanha Fora Bolsonaro não elevar a temperatura das ruas a ponto de criar uma situação de anormalidade que permita a derrota de Bolsonaro, já que apostam na via eleitoral como a principal forma de tirar o genocida da presidência. Por outro lado, Bolsonaro conta com um apoio parcial da classe dominante brasileira, cujas disputas entre seus diferentes setores se expressam nos conflitos políticos entre as instituições comandadas pelo andar de cima.
Enquanto uma parcela do agronegócio, da cúpula militar, e do setor do comércio aposta numa guerra social mais intensa contra o povo, com cerceamento das liberdades democráticas, perseguição de ativistas e movimentos sociais, e desregulamentação total da legislação ambiental, um setor mais liberal capitaneado pela Rede Globo, com representação no STF e nos partidos tradicionais de Centro-Direita, busca se opor aos retrocessos democráticos do Governo Bolsonaro, e tenta alçar uma candidatura de terceira via da burguesia liberal para 2022, ao mesmo tempo em que segue mantendo relações com Lula. Entretanto, o que ainda unifica a classe dominante brasileira e ajuda a sustentar Bolsonaro no poder é o programa econômico com centro no rebaixamento do nível de vida do povo e na entrega de todo o patrimônio público para a iniciativa privada.
Essa agenda é o que tem movimentado bastante o Congresso nos últimos dias. Ao mesmo tempo em que barrou o voto impresso para colocar um freio em Bolsonaro, esse setor da burguesia aproveitou da crise do governo para passar a boiada e aprovar projetos de massacre aos trabalhadores. Tivemos a aprovação da privatização dos Correios, o que além de colocar em risco o emprego de milhares de trabalhadores, ameaça nossa soberania em garantir educação e cultura nos rincões mais distantes do Brasil; a mudança na Reforma Eleitoral, que foi mais um balcão de negócios instaurado no Congresso, com a volta das coligações logo após a aprovação do aumento bilionário do fundo eleitoral; aprovação ainda da MP 1045, que possibilita contratação de jovens de 18 a 29 em empregos sem direitos e com salários mais baixos, nos transformando em trabalhadores de “segunda classe”; além da própria Reforma Administrativa que segue em discussão nas comissões e deve ir a plenário em qualquer momento, atacando a estabilidade do funcionalismo público e precarizando o serviço público.
É necessário ter clareza de que Bolsonaro ainda que seja um completo imbecil que cria a toda semana alguma cortina de fumaça para tumultuar e criar clima de golpe, ele é útil à burguesia brasileira, que se utiliza do Estado apenas para colocá-lo a serviço de seus lobbys e próprios interesses. Por outro lado, também não podemos duvidar das até então ameaças antidemocráticas de Bolsonaro. As recentes declarações do General Heleno, sobre a “constitucionalidade” de uma intervenção militar, nos alerta a não descartar o risco. Não há nada mais importante nesse momento do que ampliar ainda mais a mobilização de massa, a única possibilidade de frear a sanha golpista do governo e dos militares e a agenda anti-povo do Congresso Nacional. O Juntos! estará de norte a sul do país nesse 18 de maio ao lado do funcionalismo público que está construindo uma paralisação contra a Reforma Administrativa e os ataques do governo, e estamos a disposição para ajudar na construção de uma greve geral no Brasil, pois não temos dúvida que a resposta mais contundente que podemos dar é parar o país pela nossa classe.