O que o Teatro Municipal de São Gonçalo diz sobre a cultura do Município?
Todos que moram em São Gonçalo com certeza já saíram daqui e encontraram gonçalences nos lugares mais aleatórios possíveis. O que faz um morador ir procurar cultura e diversão em outros lugares à não ser na sua própria cidade?
Todos que moram em São Gonçalo com certeza já saíram daqui e encontraram gonçalences nos lugares mais aleatórios possíveis. O que faz um morador ir procurar cultura e diversão em outros lugares à não ser na sua própria cidade?
Em um evento que aconteceu 2 meses antes da pandemia, na baixada do Rio, o DJ perguntou: “Levanta a mão aqui só quem é de São Gonçalo!”. Mais de 70% das pessoas levantaram a mão, o que me fez pensar sobre o desgaste dessas pessoas que se deslocaram para outra cidade atrás de algo que o próprio município não oferece. Mas por que o município não oferece? Se 70% das pessoas daquele evento enorme moram em São Gonçalo, por que a cidade não acolhe esses 70%? Não investe na produção e no desenvolvimento das suas próprias potencialidades?
Vivi num meio musical onde precisei ir toda semana pra outra cidade atrás de acesso a arte e cultura. Vi meus amigos contando os centavos para ir pra cidade do Rio tocar nas orquestras e participarem de projetos da prefeitura onde ganhavam bolsas de estudos para o incentivo ao ensino da música. Vi Gabi Amaral, poetisa, mulher, preta, Artista! Indo pra Itaipuaçu participar de batalha de rap, onde ganhou e trouxe o prêmio pra sua cidade, da qual nunca lhe deu UM sequer incentivo pra fazer o que ela faz.
Quantos jovens saem de São Gonçalo pra se profissionalizar? Quem reembolsa o dinheiro de passagem que esses jovens gastam? Porque não tem nenhuma política nem projetos da prefeitura realmente eficaz que incentiva a arte em São Gonçalo? Deve ser porque até meses atrás à pasta de Cultura iria ser excluída!
O Teatro Municipal de São Gonçalo por si só, antes de ser “inaugurado” não representava cultura, mas sim muita indignação do que já rola lá dentro.
Infelizmente a cultura em nossa cidade, terra de Claudinho e Buchecha, de Orochi, de Seu Jorge, de tantas personalidades que fizeram e fazem muito sucesso, é tratada como moeda de troca em relações políticas espúrias que ainda perpetúan uma lógica colonial.
O atraso de 3 gestões para finalmente uma cidade com mais de um milhão de habitantes possuir um teatro, é retrato de como somos tratados aqui: com descaso e abandono.
Mas pedimos pra ficar ligados: somos uma juventude que cada vez mais tem buscado seu espaço. E vamos lutar aqui dentro, da nossa cidade, para ter o nosso lugar.