O desafio do movimento estudantil de construir o Tsunami Antifascista pela queda de Bolsonaro
Diante desse cenário de desmonte das Universidades e da Assistência, o ME deve encampar amplas campanhas em defesa da reestruturação orçamentária, da defesa da Ciência e Tecnologia e principalmente das Políticas de Permanência representadas pelo PNAES. O momento é da construção de um calendário de lutas capaz de construir um Tsunami Antifascista que derrote de vez Bolsonaro e sua política de fome, morte, interesse privado e desmonte da Educação Pública!
Até o presente momento, a pandemia da COVID-19 não acabou, e atingimos mais de 600 mil mortes, em grande parte devido à uma política genocida gerenciada pelo Governo Federal. Aos poucos, com contribuição da CPI instalada no Senado, a sociedade brasileira ficou a par que as ações do governo federal em relação à pandemia em curso se baseavam em 3 eixos: o interesse econômico de setores contrários à medidas de distanciamento, a corrupção envolvendo a compra de vacinas (sendo o caso da COVAXIN o mais escandaloso, sendo barrado a propina de 1 dólar por dose em um contrato de 400 milhões destas por um servidor público) e o negacionismo envolvendo a propaganda de tratamentos ineficazes e desinformações e mentiras acerca da vacina, como forma de justificar a inação coordenada do governo ou até mesmo ações de boicote contra medidas combativas contra a pandemia, buscando pôr em prática a tese negacionista da imunidade de rebanho gerada pela contaminação geral. Não podemos, assim, dizer que as 600 mil mortes foram causadas por ineficiência do Governo, pelo contrário, o banho de sangue que presenciamos acontecendo no país ocorreu devido à uma política extremamente bem estruturada de disseminação do vírus e interesse econômico corrupto. Em poucas palavras, o Governo Bolsonaro executou uma política genocida no Brasil, sendo seu Impeachment e prisão extremamente urgente!
Para piorar a situação, 2021 está sendo marcado pela inflação generalizada principalmente de produtos alimentares e nos setores de habitação. No acumulado de agosto, o IBGE indica que “o índice acumulou alta de 5,81% e, em 12 meses, de 9,30%, acima dos 8,59% observados nos 12 meses imediatamente anteriores”. A inflação alimentar é ainda maior, acumulando alta no geral de 14,66% (!!), sendo os maiores altas no açúcar (44%), óleo de soja (32%) e carnes (25%). Estamos vendo a população literalmente sendo empurrada para comprar ossos e carcaças! A política de desvalorização do real frente ao dólar e a manutenção de uma política de vinculação do preço de combustível e gás da Petrobras frente ao preço internacional que está em alta são políticas que geram não apenas uma generalização da inflação, mas beneficia setores privados importadores e o mercado financeiro, bem como incentiva à importação em detrimento da circulação de mercadorias interna, o que gera a fome que estamos vendo ser mais um flagelo da população brasileira em meio a pandemia. Para piorar, a crise energética gerada por uma condução ecocida de destruição do meio ambiente fez o governo criar uma nova tarifa na energia, a “bandeira de escassez hídrica”, que nada mais é do que repassar a destruição do agronegócio, pecuária e garimpo ilegal poiados por Bolsonaro para a população. O benefício do aumento do gás e da energia vai para as grandes imobiliárias e especuladores imobiliários, que lucram com aumento do preço dos aluguéis e da desocupação de imóveis, colocados para mais especulação. O que estamos presenciando são os ricaços do Brasil ficando mais ricos enquanto a grande maioria da população enfrenta o empobrecimento e a fome, que já atinge 19 milhões de brasileiros e ameaça mais da metade da população!!!
Frente a essa profunda crise, o que faz o governo? Aumenta a taxa de juros, colocando o país na rota da recessão econômica, aumento do desemprego e fomento para acumulação privada de capital. Em poucas palavras, a política do Governo de Bolsonaro e de Paulo Guedes é lucrar na fome e morte dos brasileiros!
Diante desse cenário é que as movimentações pelo Fora Bolsonaro ganharam corpo e se tornaram um fato político de extrema importância e necessidade de continuação. O Movimento Estudantil foi protagonista de sua construção e deve continuar exercendo o papel mobilizador pela queda do Presidente e reversão de sua política assassina. Tais movimentos de rua encarnaram uma série de demandas acumuladas durante o último período, sendo o combate ao genocídio e a pressão pela compra de vacinas e aceleração do PNI, motes que mobilizaram milhares, mas ainda não conseguimos atingir os milhões necessários.
A urgência de seguir as mobilizações dão a um setor tão dinâmico como o estudantil o desafio de reacender sua base e ser a ponta de lança do movimento pelo Fora Bolsonaro. Diferente de sindicatos e outras agremiações representativas, o ME possui mecanismos de ativação interna muitas vezes mais conectados às bases, à exemplo dos CAs/DAs e suas imensas importâncias nas mobilizações por curso. Outra questão é que são os estudantes o segmento da sociedade que mais rejeita Bolsonaro, beirando os 80% de reprovação. Reativar a mobilização pelo ME pode significar dar o gás necessário às movimentações de rua para tirar Bolsonaro.
Para fazer isso, o Movimento estudantil deve construir uma série de iniciativas e atos que denunciem a situação das Universidades, em especial o desmonte das agências de fomento à ciência e pesquisa, como o CNPq e CAPES, e a situação dramática da Assistência Estudantil. Com o agravamento da crise econômica e pandêmica, as Universidades mostraram não só sua importância como polo de desenvolvimento científico capaz de frear o corona vírus, mas demonstraram que o desafio da nossa geração é conquistar as políticas de permanência como essenciais para o projeto social e político de educação superior inclusiva, plural, democrática e popular. Se hoje estamos vendo que a política de Bolsonaro é lucrar na fome, a defesa da Assistência Estudantil para garantir as condições dos estudantes sobreviverem e estudarem deve ser uma das bandeiras principais do ME!
Na atual conjuntura, podemos afirmar com todas as letras que Bolsonaro é inimigo desse nosso projeto! Seu governo busca privatizar e elitizar o ensino superior, acabando com a possibilidade de financiamento público de pesquisas e da permanência de estudantes que muitas vezes são os primeiros de suas famílias a entrarem nas universidades. Para piorar, o Governo busca através do MEC institucionalizar como permanente o ensino híbrido, forçando cursos das ciências humanas, básicas, das artes e outras a permanecer em formato remoto como forma de justificar seu sucateamento e enfraquecimento. Não podemos aceitar isso!
A aprovação de um calendário de lutas na última plenária da UNE foi importantíssimo e contou com a participação do Juntos! na sua defesa e confecção. O desafio agora é evitar que esse calendário seja cumprido de forma protocolar. Devemos colocar para o conjunto dos estudantes os balanços e perspectivas de tal conjuntura, mostrar que em nós está a força de reativar as mobilizações, e inclusive debater que se queremos uma volta à presencialidade, teremos que derrubar Bolsonaro e toda sua política de sucateamento que pode inviabilizar o retorno.
Por isso, diante desse cenário de desmonte das Universidades e da Assistência, o ME deve encampar amplas campanhas em defesa da reestruturação orçamentária, da defesa da Ciência e Tecnologia e principalmente das Políticas de Permanência representadas pelo PNAES. O momento é da construção de um calendário de lutas capaz de construir um Tsunami Antifascista que derrote de vez Bolsonaro e sua política de fome, morte, interesse privado e desmonte da Educação Pública!