Hernandes é Vahan! Nenhum voto nos inimigos dos estudantes da USP!
IMG-20211117-WA0046

Hernandes é Vahan! Nenhum voto nos inimigos dos estudantes da USP!

Após 4 anos da eleição da desastrosa gestão Vahan-Hernandes, o processo eleitoral bate à porta para eleger uma nova chapa que irá estar à frente da Universidade no próximo quadriênio.

Juntos USP 18 nov 2021, 10:33

Vivemos hoje uma crise profunda em nosso país, fruto da pandemia da covid-19 que ainda tem seus reflexos no nosso dia a dia, mas principalmente decorrente da política genocida, autoritária e de desmonte dos direitos sociais promovida por Jair Bolsonaro. O preço da gasolina, dos alimentos e do gás de cozinha, junto das cenas onde famílias inteiras buscam por ossos de boi e carcaças de frango, escancaram o abismo social em que o Brasil se encontra. Para se manter no poder, Bolsonaro descarrega bilhões de reais no Congresso ao mesmo tempo em que acaba com o Bolsa Família. Mas o governo também vive uma crise: a rejeição a Bolsonaro nunca foi tão alta e nos últimos meses as ruas expressaram que a maioria social quer a derrubada de Bolsonaro. 

As universidades, por sua vez, também enfrentam um cenário de calamidade, seja com os ataques constantes vindo dos negacionistas, seja com os ataques daqueles que cortam dinheiro da ciência e não investem em permanência estudantil. Tanto Bolsonaro quanto Doria, têm um projeto privatista e de precarização para as universidades. E a USP não está de fora dessa crise. Por isso, pensar nas eleições da reitoria da nossa universidade neste momento não é algo pontual, mas precisa ser algo conectado com a urgência de pensar uma saída global para os problemas que vivemos hoje, sejam eles a fome, a retirada de direitos ou as dificuldades que a educação enfrenta. 

Após 4 anos da eleição da gestão Vahan-Hernandes, o processo eleitoral bate à porta para eleger uma nova chapa que irá estar à frente da Universidade no próximo quadriênio, com uma consulta à comunidade universitária que infelizmente não possui muito peso na decisão no dia de hoje, 18 de novembro, e Assembléia Universitária (composto apenas por representantes do Conselho Universitário, Conselhos Centrais e Congregações das Unidades) no dia 25 de novembro. Um processo antidemocrático e que não representa a realidade da Universidade, já que possui pesos díspares que superestima votos de docentes e subestima votos de estudantes e funcionários. A desigualdade fica ainda mais evidente quando notamos que estudantes (de graduação e pós) representam 83% do corpo universitário, funcionários 12% e docentes apenas 5%, ainda sim, os últimos são quem possuem maior poder de escolha, pois são maioria no Conselho Universitário e nas Congregações de faculdade, que juntos são as instâncias que votam de forma definitiva a indicação da universidade para a nova reitoria, muitas vezes não levando em conta o que a consulta à comunidade universitária indica.

A partir do processo eleitoral antidemocrático, a gestão Vahan-Hernandes foi eleita e deu jus ao próprio processo que garantiu sua eleição: coordenou a Universidade a partir da falta de democracia e diálogo, para além das práticas de repressão, que perduraram os 4 anos de gestão, como foi a proibição de debates políticos na Escola Politécnica durante as eleições onde Bolsonaro foi eleito e a vigilância da guarda universitária durante assembleias estudantis. E, para manter tal projeto, o atual vice-reitor, Antonio Hernandes, compõe a cabeça da chapa “Somos Todos USP”, que visa garantir a política desastrosa que está em andamento desde 2014 na Universidade. Ou seja, Hernandes é Vahan! 

Os últimos quatro anos sob a gestão Vahan-Hernandes foram repletos de arbitrariedades que limitaram a Universidade de garantir permanência estudantil e qualidade no ensino, sendo articulado, inclusive, o rompimento do papel público, social e autônomo da USP. Isso se expressa de forma latente com a crescente popularização da Universidade, que atingiu 50% de alunos oriundos de escola pública, que se contrapõe às políticas ínfimas que garantam a permanência destes, como as condições insalubres das moradias estudantis, como o CRUSP; o valor insuficiente da bolsa-permanência, que estava estagnada desde 2013 e após pressão estudantil a Reitoria aumentou 100 reais neste ano – que, apesar de bem-vindo, ainda é insuficiente para a realidade do Estado de São Paulo -, e por isso, a Campanha “Permanência Não é Esmola” reivindica o valor de 800 reais; e a insuficiente política de saúde mental, questão agravada durante o período de ensino remoto emergencial que potencializou o adoecimento mental de estudantes, evidenciada pelos casos de suicídio no campus. Se fortaleceu, ainda, a militarização da Universidade, com instalação de bases fixas da PM no campus de Ribeirão Preto e no Butantã, onde um estudante do CRUSP foi detido e levado de forma abusiva a uma delegacia, um avanço da lógica repressiva e intimidatória aos estudantes e ao espaço estudantil-público da USP, que afeta sobretudo residentes nas moradias estudantis.

No campo do ensino, o déficit de 900 docentes, somada à política de contratação massiva de professores temporários a partir de contratos precários impede o pleno funcionamento dos cursos, que se explicita com disciplinas que não são oferecidas no semestre ideal, conferencistas ministrando aulas, efetivos se sobrecarregando, impossibilidade de criar novas disciplinas, etc. Com a pandemia, a reitoria escancarou sua política de precarização do ensino na Universidade, pressionando para que as aulas se adequassem ao modelo de ensino remoto emergencial às pressas, sem planejamento e sem uma garantia ampla de equipamentos. Adoecimento mental, dificuldade de interação e foco em aulas remotas (síncronas e/ou assíncronas), falta de vivência universitária, etc. são outros problemas comumente encontrados durante o ensino na pandemia. E, apesar disso, a atual gestão da reitoria não está poupando esforços para garantir a manutenção de aulas remotas após a pandemia, articulação antidemocrática e arbitrária que busca instituir de forma permanente um ensino híbrido na USP.

Se alinhando com o projeto de desvalorização do funcionalismo público promovidos a nível Estadual pelo Governo de João Dória e a nível Federal por Jair Bolsonaro, Vahan-Hernandes seguiram uma política implacável no congelamento de salários, ampliando a terceirização das atividades básicas da Universidade e, durante a pandemia, consentindo com a demissão destes terceirizados. Além disso, a ADUSP denuncia frequentemente a promoção de um ambiente competitivo e produtivista por parte da reitoria. Vahan se recusou, ainda, a defender a pesquisa e autonomia universitária nos emblemáticos casos da Profa. Larissa Bombardi (FFLCH), que foi ameaçada pelo setor do agronegócio por conta de suas pesquisas que expõem o perigo dos agrotóxicos, e do Prof. Conrado Hubner (FD), ameaçado por Augusto Aras, Procurador Geral da República, após chamá-lo do que ele é: um poste da república conivente com os crimes cometidos por Jair Bolsonaro. Em ambos os casos, o Reitor se recusou a defender seus pesquisadores.

Percebemos, assim, que o projeto que se iniciou com Zago-Vahan, foi continuado com Vahan-Hernandes e quer se mantido por Hernandes-Cidinha com a chapa “Somos Todos USP” é incompatível com a Universidade Pública que acreditamos. Fica evidente: Hernandes é Vahan! Por isso cabe ao corpo estudantil não apoiar a chapa de Hernandes e Cidinha, que, se eleita, manterá a política antidemocrática, que não garante a permanência estudantil, qualidade e investimento no ensino e na pesquisa, contratação e valorização de servidores. Esse projeto não quer que a USP esteja voltada para os interesses da sociedade, ao contrário, quer se alinhar aos interesses privados que visam apenas os lucros; o oposto do papel que uma Universidade Pública deve cumprir, que é um desempenho regional e nacional de valorização da ciência e contra as elites e governos neoliberais autoritários.

Reafirmamos, portanto, que nós temos a convicção de que a continuidade do atual projeto de gestão expressa pela chapa Hernandes-Cidinha, por sua vez, é muito prejudicial para o futuro da USP, além de não se comprometerem na defesa da universidade 100% pública e gratuita, com pesquisa e ciência, diante dos ataques de Jair Bolsonaro à educação. Por isso, chamamos todos os estudantes a não darem nenhum voto em nossos inimigos! Nenhum voto em Hernandes e Cidinha!

Na disputa, temos também a chapa “USP Viva”, encabeçada por Carlos Carlotti e Maria Arminda, que apesar de apresentar propostas importantes como a criação de uma Pró-reitoria de Inclusão e Diversidade e mais democracia nas instâncias decisórias da USP, não apresenta um plano profundo de enfrentamento a herança maldita deixada por Rodas, Zago e Vahan, a frente da universidade, além de titubearam e não se posicionarem abertamente contra o financiamento privado na universidade e sobre a aplicação do ensino híbrido após o fim da pandemia. Por isso, como para nós o movimento estudantil tem a responsabilidade não só de buscar respostas imediatas, mas também saídas globais para a crise que a universidade enfrenta, não nos cabe votar numa chapa apenas porque pode ser enxergada como “menos pior”, pois se não há um comprometimento com um programa 100% democrático, público e de qualidade para a universidade, não há chances de se romper com a lógica de desmonte que está imposta na USP hoje. Por isso, Carlotti e Maria Arminda também não terão nosso voto.

Com isso, infelizmente, não temos uma chapa que represente todo o acúmulo que os movimentos sociais e o movimento estudantil da nossa instituição tem para transformar a USP numa universidade cada vez mais popular, plural, negra e de qualidade. E neste contexto, é papel do movimento estudantil não esvaziar o debate ou buscar supostas saídas fáceis. Seja qual for a próxima reitoria da USP, o movimento estudantil precisa garantir sua independência e mobilizar os estudantes para conquistar vitórias, como a manutenção das cotas, mais permanência estudantil, a não instituição do ensino híbrido, mais democracia na USP e a defesa da ciência e da pesquisa. Infelizmente não é o que vemos fazer hoje o DCE Livre da USP, que tem em sua gestão coletivos do PT, o Levante Popular da Juventude e a UJS. Por isso, seguimos em luta por um programa radical para a universidade pública e para colocar os estudantes em movimento!


Últimas notícias