Um povo sem história é um povo sem futuro!
A Praça Rodrigues dos Santos é patrimônio de Santarém
Na última terça feira (4) a população santarena foi surpreendida com a derrubada de árvores na Praça Rodrigues dos Santos, que logo em seguida se tornaria cenário de um verdadeiro crime contra a história da cidade.
A obra do camelodromo, executada pela prefeitura de Santarém, está acontecendo sem nenhum estudo ou acompanhamento dos setores arqueológico, antropológico, histórico e cultural, e o resultado não podia ser diferente: a destruição total de um patrimônio. Além da destruição patrimonial, o prefeito opera pelo apagamento da história que carrega a praça quando simplesmente ignora a informação que foram encontrados ossos e pedaços de cerâmicas indígenas no local.
O espaço onde fica a Praça Rodrigues dos Santos é um marco histórico da cidade. Foi lá que o padre colonizador João Felipe Bettendorf desembarcou em 1661, dando início a missão de Nossa Senhorada Conceição que deu origem a cidade de Santarém. Lá está o marco dos 500 anos de presença portuguesa em terras indígenas. Aquele espaço foi o centro da aldeia dos indígenas Tupaiu ou Tapajó que chamavam de Ocara-açu (Terreiro Grande). Foi também nesse local que ocorreu a última execução pública de negros em Santarém.
A Praça Rodrigues dos Santos, é repleta de significados históricos e culturais. É inclusive reconhecida pelo estado como patrimônio histórico e arquitetônico de Santarém. Não podemos permitir que nossa história seja arrancada de nós.
Além da relevância histórica, ali também é e foi território de resistência indígena, apesar do marco enquanto cidade ser considerado após a chegada das missões, sabemos que aqui já viviam os donos da terra.
Hoje a região do Baixo Tapajós enfrenta um processo de etnogenese muito delicado, impactante e ao mesmo tempo grandioso de se ver. Por muitos anos as pessoas ditas caboclas, ribeirinhas, “gente do sitio”, não tinham noção de que em suas veias corriam, e corre, sangue dos indígenas que resistiram ao conflito com o colonizador. Os espaços como o da praça Rodrigues dos Santos é o símbolo de luta e vida que nos possibilita afirma que essa terra é nossa porque nossos antepassados (r) existiram aqui e que somos sim filhos e netos dos indígenas dessa região.
O espaço de Santarém está tomando os moldes de grandes centros onde cada vez mais excluí da cidade quem não passa na peneira da “higienização” urbana. Além de ter retirado o espaço de lazer das pessoas mais pobres que frequentavam a praia do Maracanã, jogando concreto sobre a praia, e projetar o mesmo fim para a praia Ponta de Pedras, Nélio ainda destruiu o paisagismo da praça em discussão. Um verdadeiro inimigo, também, do meio ambiente.
Não somos contra a obra que dá mais dignidade de trabalho aos ambulantes, mas não concordamos de forma alguma com os moldes que está sendo feita: destruindo nossa história, destruindo nossa memória, nossa identidade e nosso patrimônio. Além disso, a instituição que deve ser ouvida durante esse momento, a universidade, está sendo totalmente ignorada e marginalizada.
Queremos respeito com o que é nosso, queremos manter nossa história viva!