Vitória dos estudantes! Sobre a exigência do passaporte vacinal para acessar a UnB
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Vitória dos estudantes! Sobre a exigência do passaporte vacinal para acessar a UnB

Ainda no dia de sua aprovação já surgiram algumas reações à medida tomada. Uma delas foi o desligamento da agora ex-coordenadora da graduação do curso de Medicina, uma negacionista declarada, representante dos antivacina na UnB.

Guilherme de Miranda 2 fev 2022, 18:40

Na quinta-feira passada, dia 27, o Conselho de Administração da UnB (CAD) decidiu pela exigência do comprovante de vacinação completa contra a Covid-19 (o “passaporte vacinal”) para o ingresso em todas as edificações acadêmicas e administrativas. Vamos discorrer sobre as questões que envolvem essa decisão, mas, primeiramente, é preciso fazer uma constatação importantíssima: essa é uma grande vitória para o Movimento Estudantil (ME)!

De acordo com o texto aprovado, será exigido o “comprovante de vacinação completa contra a Covid-19” e, no § 4°, é explicado que “A vacinação completa contra Covid-19 […] compreende todas as doses disponibilizadas    no Distrito Federal para cada faixa etária, incluindo dose(s) de reforço […]”. Ainda, fica a cargo dos “Conselhos das unidades acadêmicas ou dos centros vinculados à Reitoria e as unidades administrativas” exigirem essa comprovação para participar de atividades específicas promovidas fora da Universidade, como estágios, visitas de campo e viagens. A medida passará a valer 15 dias após a publicação da resolução.

Ou seja, para acessarmos os espaços físicos da universidade, teremos não só que estar com as duas doses (ou dose única) da vacina, mas também com a dose de reforço caso ela já esteja disponível para você.

Essa vitória chega num momento crítico para a situação da pandemia no DF: as UTI’s de Covid da rede pública estão sempre próximas a 100% de ocupação ou estão completamente ocupadas. De acordo com os dados disponibilizados pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), 90% dos pacientes internados nessa condição são pessoas não vacinadas ou com o ciclo de imunização incompleto. Esse dado revela a eficácia e a importância da vacinação como meio de reduzir drasticamente o número de internações e mortes.

Contudo, como defendemos no texto Em defesa do passaporte vacinal: uma polêmica com a JR do PT, “Apenas defendendo e pautando a recuperação orçamentária, a assistência estudantil, as cotas e o direito ao estudo que conseguiremos universidades fortes e capazes de responder também pela necessidade da testagem massiva dos estudantes, pela distribuição de máscaras e EPIs, entre outras medidas importantes para assegurar a saúde coletiva da comunidade. O contrário é forçar um retorno sem garantias de entrada, permanência e saúde, ou seja, corroborar com o projeto bolsonarista de destruição e exclusão da população das universidades públicas e de genocídio por contaminação”. Dessa forma, é falso afirmar que o Juntos! considera menos importante as outras medidas como a testagem em massa, a ampliação da frota de ônibus e a realização de campanhas de vacinação nos campi. É preciso, como juventude marxista, ter uma visão do conjunto, da totalidade dos fatores que envolvem pensar uma política de saúde pública para a UnB.

Ainda no dia 27 já surgiram algumas reações à medida tomada. Uma delas foi o desligamento da agora ex-coordenadora da graduação do curso de Medicina, uma negacionista declarada, representante dos antivacina na UnB. O desligamento é devido à negação da professora a se vacinar, o que a impede, portanto, de acessar os prédios e instalações da UnB, a impossibilitando de exercer seu antigo cargo.

Pertencente ao grupo de menos de 10% da comunidade acadêmica que não está completamente vacinada, a professora declarou em sua carta que entende “ser uma incongruência a imposição do passaporte sanitário, desconsiderando os indivíduos que se recuperaram da infecção pela Covid-19 e que possuem imunidade natural, bem como aqueles que não sentem segurança nas vacinas disponíveis e julgam que o risco supera o benefício. Além disso, sou árdua defensora das liberdades individuais”. Essa argumentação é bastante comum entre os bolsonaristas. Contudo, é evidente a contradição expressa nessa suposta defesa das “liberdades individuais”: na tentativa de defender as liberdades individuais, ela acaba desincentivando a vacinação, o que colocaria toda a comunidade acadêmica em maior risco de contaminação, internação e mortes!

Além disso, mais de 90% da comunidade acadêmica está devidamente imunizada! A restrição do acesso à UnB aos não vacinados tem um impacto mínimo entre discentes, docentes e técnicos e ainda contribui para incentivá-los a se vacinarem.

Assim, a adoção da exigência de passaporte vacinal para acessar a UnB garante maior segurança sanitária, é uma política que visa a saúde coletiva de toda a comunidade acadêmica! É uma medida central para garantirmos uma volta segura ao presencial, prevenindo uma maior exposição ao vírus.

Sozinha, ela é insuficiente para promover uma volta adequada ao presencial: precisamos continuar exigindo outras políticas sanitárias como a testagem em massa, a distribuição de EPIs e a ampliação da frota de ônibus, ao mesmo tempo que continuamos lutando por políticas sociais como a recuperação orçamentária, a assistência estudantil e as cotas!

Como juventude radical, ancorada na tradição teórica e prática que botou abaixo o corrupto edifício do capital, devemos permanecer sempre mobilizados em defesa dos nossos direitos e pelo aprofundamento das nossas conquistas! Ainda há muita luta e, onde há luta, há Juntos!

Referências

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/01/25/covid-19-90percent-dos-internados-no-df-sao-pessoas-nao-vacinadas-ou-com-imunizacao-incompleta-diz-saude.ghtml

https://noticias.unb.br/76-institucional/5481-unb-amplia-exigencia-do-comprovante-de-vacinacao-contra-covid-19

https://noticias.unb.br/76-institucional/5423-mais-de-90-da-comunidade-academica-esta-vacinada


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