O Novo Ensino Médio, uma ponte para o passado
SP - PROTESTO/REFORMA/EDUCAÇÃO - 18/10/2016 - Foto: SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

O Novo Ensino Médio, uma ponte para o passado

Embalada por uma forte campanha publicitária, a reforma do ensino médio aprovada em 2017 acelera sua implementação contrariando o que dizem as propagandas

Daniel Oliveira 16 fev 2022, 13:58

Embalada por uma forte campanha publicitária, a reforma do ensino médio aprovada em 2017 acelera sua implementação contrariando o que dizem as propagandas. Significa um passo atrás na educação que há muito tempo é precarizada. Com um discurso de inovação e especialização em áreas específicas do conhecimento, a reforma do Ensino Médio prometia mais condições para que os estudantes pudessem ingressar no mercado de trabalho, mas o efeito disso é totalmente contrário.  

Com essa reforma, os estudantes de escolas públicas que já sofrem as consequências do desmonte da educação diminuem ainda mais suas chances de aprovação nas universidades. Isso porque os estudantes terão uma redução drástica na grade curricular, tendo que optar por períodos de matérias específicas. 

O que está por trás dessa reforma? 

Enquanto os estudantes terão suas grades curriculares reduzidas com matérias que são importantes para aprovação nas universidades, como história, geografia, sociologia e filosofia. Também terão reduzidas, matérias como a Educação Física que é importante para o desenvolvimento da prática de esporte e do exercício físico nas escolas públicas. Ao mesmo passo, as escolas particulares poderão escolher se adotam, ou não essa proposta de Novo Ensino Médio, deixando ainda mais difícil para o estudante de escola pública o ingresso à universidade. 

O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), maior ferramenta de acesso à universidade, também não sofre nenhuma alteração do ponto de vista do conteúdo exigido para os estudantes. Ou seja, com o Novo Ensino Médio os estudantes de escola privada seguirão tendo mais oportunidades de ingresso ao ensino superior, enquanto os de escola pública seguirão tendo mais dificuldade.  Essa reforma serve para agravar a desigualdade social através do sistema educacional.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) segue a cartilha do Ministério da Educação na implementação da reforma.  Por isso é importante o pedido de audiência pública apresentado pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL) para debater a redução de carga horária nas disciplinas do Ensino Médio. 

A Reforma do Ensino Médio, não significa somente um problema para os estudantes, os professores que já tem duras condições de trabalho, agora terão sua carga horária reduzida e em algumas áreas, seus empregos comprometidos. Isso também se aplica aos estudantes de licenciatura, que correm o risco de não conseguir lecionar por conta dessa reforma. A unidade de educadores, estudantes, futuros professores, famílias, entidades é chave para derrotar o Novo Ensino Médio.


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