Ontem a Universidade Federal do Ceará foi palco de uma das maiores assembleias estudantis desde que a crise sanitária impôs o ensino remoto e consequentemente uma série de dificuldades à organização de nossas lutas. Um espaço com mais de mil estudantes presentes e que expressou a revolta com o interventor bolsonarista a frente da Reitoria, que comanda um projeto de elitização do ensino superior público e sequer nos permitiu ter acesso ao Restaurante Universitário, uma política de permanência fundamental no retorno presencial das aulas.

Essa assembleia marca o início de um novo patamar para o movimento estudantil, em que voltamos ao chão da universidade e temos maiores condições de potencializar as nossas reivindicações. Trata-se de uma demonstração de força importante das e dos estudantes, construída pelas bases, com forte mobilização dos Centros Acadêmicos, antecedida por assembleias setoriais nos cursos e operativos de passagens em sala. Mesmo diante das chuvas intensas, houve adesão massiva de quem verdadeiramente se preocupa com os rumos da UFC.

Em que pese exista um esforço coletivo legítimo para impulsionar a defesa da reabertura do RU, os velhos e ineficazes métodos de condução de uma ferramenta imprescindível como a assembleia frustraram a maioria das e dos estudantes presentes. Esse sentimento é absolutamente compreensível! Quem tem fome e pressa não pode ser refém da desorganização e vaidade de uma parte dos coletivos que já não possuem mais capacidade de compreensão dos anseios das bases. Intervenções intermináveis e repetitivas; confusões na direção da mesa e principalmente as debilidades na aprovação de um calendário propositivo mais distanciam que aproximam da luta.

Não descartamos a importância da atuação unitária daqui para frente e é justamente em razão dela que manifestamos aqui as nossas críticas e esforços na construção de um movimento que respeite a dedicação de cada estudante que se some a ele. Enfrentamos de conjunto um cenário de criminalização por parte da direita bolsonarista e da própria Reitoria, que tenta nos pintar de baderna, enquanto somos nós que sentimos na pele todos os obstáculos que nos separam do direito de estudar.

Por isso, o Coletivo Juntos! na UFC reafirma a posição por um grande ato que feche a Avenida da Universidade e a Reitoria, a mobilização permanente até que o RU seja reaberto para todas e todos e a elaboração de um calendário que seja pensado e aprovado pelos Centros Acadêmicos, na ausência grave de uma gestão eleita para o DCE. Temos que subir a pressão contra a Reitoria e arrancar, pela nossa luta, vitórias das e dos estudantes que não querem voltar ao ensino remoto e precisam de condições dignas pra estar na universidade hoje.