Porque defender o legado de Marielle Franco
Seguiremos defendendo o legado de Marielle e de todos aqueles lutadores que foram silenciados na luta da defesa do nosso povo!
Neste 14 de março completam cinco anos do Assassinato da vereadora e militante do PSOL Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, assassinato político que até hoje não sabemos o mandante. Muitos se perguntam o porquê de tanta repercussão no caso e por que tantos movimentos, assim como nós do Juntos!, perpetuam o nome de Marielle em palavras de ordem e defendem seu legado mesmo depois de tanto tempo.
“Mulher, negra, mãe e favelada”. Essa era Marielle segundo suas próprias palavras, e para além disso ela foi destaque como vereadora, sendo a 5º mais votada nas eleições da cidade do Rio de Janeiro em 2016, assumidamente bissexual, lutava principalmente em defesa de direitos humanos nas favelas do RJ, defendia mulheres, pretos, LGBTs e pessoas periféricas.
Porque temos a certeza que o caso foi assassinato político?
O carro que Anderson dirigia com Marielle foi perseguido após a vereadora sair de um evento de mulheres negras numa periferia do Rio, perseguição que durou quatro quilômetros até que o carro ser alvejado por 13 tiros de fuzil, enquanto 5 das 11 câmeras que haviam durante esse trajeto foram desativadas dois dias antes do ocorrido, o que pode indicar premeditação do crime. Hoje, cinco anos depois Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, milicianos que executaram o crime estão presos, enquanto Adriano da Nóbrega (Ex capitão do BOPE), responsável pelo chamado “escritório do crime” organização de milicianos que cometia assassinatos a mando dos poderosos do RJ foi morto por PMs no dia 09 de fevereiro de 2020 enquanto estava foragido, Adriano por ser o responsável pelas instruções do crime foi morto antes de dar explicações à justiça. Em tantos anos de investigação, a delegacia responsável pela investigação do caso teve o delegado trocado mais de cinco vezes, e também teve dois procuradores afastados do caso sob a alegação interferências na investigação.
A ligação da Família Bolsonaro com os envolvidos no crime
Não ironicamente, todos os três nomes citados anteriormente têm de alguma forma ligação com a familícia, inclusive no início deste ano veio a público a informação de que o ex-presidente impôs sigilo de 100 anos em telegramas do Itamaraty ligados ao caso Marielle. O miliciano Ronnie Lessa, que também era militar reformado assim como Bolsonaro, morava no mesmo condomínio que o ex-presidente, que negou que o conhecia. Em 2019 o delegado Giniton Lages, que na época era responsável pela delegacia que investigava o caso, afirmou que a filha de Ronnie Lessa havia namorado o filho mais novo de Jair, o Renan Bolsonaro.
Após a prisão de Ronnie e Élcio veio a público uma foto de Élcio (também ex-PM) ao lado de Bolsonaro, foto tirada poucos dias antes do 1º turno das eleições presidenciais de 2018. Outro fato relevante é que o chefe do Gabinete do Crime morto, Adriano da Nóbrega teve a filha e a esposa empregadas no gabinete de outro membro da familícia, Flavio Bolsonaro quando ele era deputado estadual pelo RJ, as duas juntas ganharam mais de um milhão de reais no gabinete, destes foram repassados mais de 200 mil à Fabricio Queiroz (o que viria a se tornar o escândalo das rachadinhas) este que era amigo de Adriano desde 2003 quando os dois serviram juntos no 18º batalhão da PM-RJ. Em 2005 quando Adriano foi julgado e condenado em júri popular por homicídio, foi defendido publicamente por Jair Bolsonaro enquanto era deputado federal.
Diante de todos os fatos expostos durante as investigações durante cinco anos, é inegável que os três principais envolvidos diretamente no assassinato de Marielle e Anderson tem algum grau de ligação com a família Bolsonaro. Teriam os Bolsonaro influência sobre o Escritório do Crime? Teria a família Bolsonaro alguma relação direta com o assassinato político?
Temos urgência de fazer ecoar as vozes daquelas pessoas vítimas da discriminação e racismo denunciando as múltiplas violações de direitos humanos.
As novas investigações serão comandadas pela Polícia Federal por determinação do ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino. O que desejamos é que as medidas transcorram de forma transparentes e a resposta de que mandou matar Marielle venha o mais rápido possível. Até lá seguiremos defendendo o legado de Marielle e de todos aqueles lutadores que foram silenciados na luta da defesa do nosso povo! Eles combinaram de nos matar, nós combinamos em lutar!
MARIELLE PRESENTE!