Em 2010 durante seu segundo governo, Lula expedira as licenças para o início das construções de Belo Monte, em Altamira no Pará. Na ocasião fez um discurso onde bateu de frente com ambientalistas, lideranças indígenas, população local, movimentos sociais dizendo que Belo Monte seria algo novo, que não seria uma tragédia, uma “insanidade”. Contudo, 13 anos depois desse discurso temos as provas de que Belo Monte foi um dos maiores crimes ambientais cometidos em nosso país. 

Os governos do PT, Lula e Dilma, foram entusiastas da construção da usina de Belo Monte passando por cima da decisão de milhares de pessoas que viviam naquele território, na cidade de Altamira, e no Pará como um todo, que lutavam contra a implementação desse projeto de destruição. Além disso na época feriu os direitos indígenas ao nao realizar consultas prévias, livres e informadas. A usina hidrelétrica de Belo Monte trouxe destruição da vida humana e não humana. Um verdadeiro crime ambiental. 

Foram aproximadamente 55 mil pessoas expulsas de suas casas, territórios, comunidades ribeirinhas, jogadas contra sua vontade na cidade que sem ter planejamento e condições para receber essa população, colapsou. Altamira se tornou uma das cidades mais violentas do Brasil, com altos índices de mortes, estupros, prostituição infanti, suicídio. Altos índices de desmatamento e a Volta Grande do Xingu, território de três povos indígenas, de uma grande biodiversidade, lar de comunidades ribeirinhas, está secando. 

Agora temos novamente nas mãos de Lula e do PT o futuro de toda uma população. Lula vai assinar as licenças de renovação de Belo Monte? 

Os olhos do mundo estão voltados pra Amazônia, o debate internacional acerca da proteção do meio ambiente e seus povos, da crise climática e suas saídas, estão em todos os setores, desde os defensores dos direitos humanos e ambientais, a esquerda, movimentos sociais e indígenas; até a direita, grandes empresas nacionais e internacionais. Hoje a Amazônia é o pote de ouro no final do arco-íris, alvo de grandes predadores do capital financeiro que buscam impor um “capitalismo verde”. 

Nas últimas eleições Lula teve o apoio dos movimentos sociais, ambientais, indígenas, por estarmos enfrentando a extrema direita fascista de Bolsonaro. Durante sua campanha e nesse início de mandato, Lula deu algumas sinalizações de acatar demandas desses movimentos, como por exemplo a criação do Ministério dos Povos Indígenas. Mas, nós sabemos que não basta o aparato do governo, ou o discurso por si só. Queremos ver na prática qual vai ser a postura de Lula e do PT sobre Belo Monte. 

Conceder a renovação da licença de Belo Monte, além de violar as leis condicionantes para o funcionamento da hidrelétrica, é um atestado de que Lula e o PT não são aliados dos povos da Amazônia. É seguir violentando corpos, rios, florestas. É fechar os olhos para uma população que hoje vive e condições de miserabilidade, que perderam seus territórios. 

Não queremos mais sofrer os impactos de Belo Monte. Precisamos de políticas ambientais efetivas que miniminizem os danos de Belo Monte, que o Rio Xingu volte a ser majestoso, que os peixes dos nossos rios voltem a viver nas nossas águas, que as populações que foram expulsas de seus territórios retornem com condições socioambientais, que a população ribeirinha tenha novamente seu sustento vindo da floresta. Ouvir os povos da Amazônia é o mínimo que um governo que foi eleito pelo povo pode fazer. Estaremos agora em um momento crucial do governo Lula, não tem saída. Ou está do lado dos povos amazônidas, ou é traidor de nossas lutas. 

Para nós, do Juntos!, a luta ambiental é raiz, está no nosso DNA e gênese. Estivemos presentes em 2011 nos atos e caravanas contra Belo Monte, lutando pelo Xingu Vivo, e agora seguiremos firmes em nossas convicções de que a luta ambiental é urgente, necessária e imprescindível. Belo Monstro NÃO!