Com democracia e mobilização arrancaremos mais vitórias para a UNICAMP
Manifesto do Coletivo Juntos para as eleições do DCE
Nos próximos dias 6, 7 e 8 de novembro, teremos o processo eleitoral para a escolha da nova gestão do DCE da Unicamp (Diretório central des estudantes). Um processo de grande importância para o aprofundamento do debate e disputa sobre qual deve ser o papel do movimento estudantil e da principal entidade estudantil da Unicamp frente aos desafios crescentes que se apresentam a nossa geração.
Enfrentamos crises de impacto global como a já presente crise climática, sofremos com guerras e vivemos em um processo de escalada armamentista, somos perpassados pela intersecção de diferentes agravamentos, em diferentes setores. Lidamos com uma crise econômica, política e social e, além disso, nos deparamos com um brutal processo de genocidio contínuo do povo palestino, que conta com o apoio aberto de inúmeros países.
No Brasil, é claro, também travamos uma batalha intensa com os desdobramentos políticos de gestões desvinculadas aos interesses populares, vivemos em uma batalha contra as forças de extrema direita, setor que defende um projeto econômico neoliberal, privatista, autoritário e de ameaça constante às já insuficientes liberdades democráticas. Este setor, representante de forças políticas retrógradas, teve como expressão máxima o Bolsonaro e o bolsonarismo, responsáveis por inúmeros ataques a negritude, as mulheres, a comunidade lgbtqia+, aos povos originários, a classe trabalhadora, além de uma disputa declarada contra a educação e a ciência.
Acontece, entretanto, que se é verdade que esse setor permanece como uma força política viva dentro da nossa sociedade, também é verdadeiro afirmar que amplos setores se levantaram contra o projeto que a extrema direita representa. Assim, dentre os setores que estiveram na linha de frente do combate à extrema direita, mencionamos a centralidade e importância do movimento estudantil.
É evidente, claro, que no último período acompanhamos um refluxo no movimento estudantil, que esteve aquém dos desafios. Todavia, também é importante reconhecermos que neste período os ataques não cessaram e foram muitos. Fomos deflagrados com o novo ensino médio, as escolas cívico militares, a tentativa por parte de Tarcísio e Feder de privatizar a gestão de escolas, cortes orçamentários na educação e até mesmo a ameaça de redução do repasse para as universidades estaduais, como é o caso da Unicamp.
Assim, faz-se necessário, especialmente em um cenário onde Tarcísio conta com um aliado direto na cidade de Campinas, já que Dário Saadi se reelegeu, que nos organizemos tendo em vista a necessidade de enfrentar esse projeto que atua para minar qualquer possibilidade de avanço dos movimentos sociais e auto organizados da classe trabalhadora, projeto esse que é incompatível com a manutenção de serviços públicos de qualidade, visto sua sanha privatista e austera, e que certamente tem as universidades públicas na sua mira.
Para que o movimento estudantil da Unicamp volte a ser capaz de barrar o projeto de sociedade da extrema direita e pautar qual futuro queremos, é necessária a existência de um movimento vivo, pulsante! Uma organização em que haja participação ampla des estudantes, isto é, precisamos de um movimento estudantil mobilizador, que opere como em 2022, em que uma exemplar mobilização para derrotar o Bolsonaro foi estabelecida. Devemos almejar a construção de uma entidade fortificada como a que existiu na greve de 2023, capaz de mesmo em um cenário defensivo, já que Tarcísio avançava seu programa privatista e autoritário, arrancar conquistas que fazem da Unicamp uma universidade mais democrática e acessível para todes. É preciso, com isso, que recuperemos o espírito vitorioso da greve para construirmos um projeto político cujo eixo se paute na formação de uma unidade plenamente mobilizadora, com enfrentamento aberto.
É importante destacarmos que outro mérito desta unidade foi a capacidade de envolver a massa des estudantes e romper com os espaços protocolares do movimento estudantil, que reunia apenas uma reduzida vanguarda. Uma vez que, Nós do Juntos, que estivemos a frente desses dois processos junto a outros setores, sabemos que para que fosse possível tal unidade deveria se ter em mais alta conta a democracia, para garantir a participação de todes, inclusive aquelus com divergências, além de colocar os interesses des estudantes acima de qualquer interesse de organizações do movimento estudantil, especialmente aquelas que apostam numa lógica burocrática e antidemocrática, que por vezes colocam os interesses gerais em xeque, como foi o caso da greve de 2023 na ocasião da abertura da mesa de negociações, que foi ocultada de todo o comando de greve.
Acreditamos estar em um momento decisivo para o movimento estudantil. Podemos decidir no próximo período se a entidade que queremos se pautará em uma unidade de todos os setores independentes de governo e reitoria, combativos, que apostam na mobilização, prezam pela democracia nos espaços do movimento estudantil e garantam a ampla participação estudantil, características essenciais para as últimas grandes vitórias do movimento estudantil.
Fazemos assim um chamado à unidade de quem também entende a necessidade de ter um movimento estudantil mobilizado e a altura dos desafios que temos pela frente. Que possamos construir uma unidade política onde a busca pelo consenso seja prioridade e não o sufocamento das divergências, onde não se vacile frente a necessidade de dar respostas aos ataques, mesmo quando vindos do governo federal, e onde os interesses das organizações que compõem a unidade não se sobressaiam aos interesses gerais do movimento estudantil.