Indígenas LGBTQIA+: existimos e resistimos
Reprodução: Yasmin Velloso - Mídia Ninja

Indígenas LGBTQIA+: existimos e resistimos

O amor surge da nossa essência humana e está intimamente ligado à liberdade de sermos quem verdadeiramente somos

Marcela Karapotó 12 maio 2025, 14:17

Ao longo da história, a existência de indígenas LGBTQIA⁺ nunca foi uma imposição recente, mas parte integrante das culturas e cosmovisões dos povos originários. Antes da chegada dos colonizadores, cada comunidade vivia sua identidade de forma livre e natural, sem rótulos ou imposições externas.

Como bem destaca Herbert Tupinambá, cada pessoa nasce livre para ser exatamente quem é – pois a autenticidade reside na liberdade de existir. Essa verdade, que ecoa na memória ancestral, é um lembrete poderoso de que a diversidade sempre foi a essência dos nossos povos.

Contudo, a colonização não tardou a tentar apagar essa pluralidade. Sob o peso das imposições religiosas e das normas ocidentais, o que era natural passou a ser rotulado de pecado ou desvio. Essa tentativa de impor uma moralidade externa gerou séculos de opressão, marcando um histórico de dor que, apesar de sua intensidade, nunca conseguiu extinguir a verdade central: a identidade indígena é fluida, múltipla e, acima de tudo, resistente. Ao relembrarmos esses momentos, somos convocados a questionar paradigmas que ainda hoje tentam nos limitar.

O amor, nesse contexto, não é apenas um sentimento; é um ato revolucionário. Ele derruba barreiras e reconecta nossas raízes, reafirmando nossa capacidade de vivenciar a liberdade sem medo. Nos territórios indígenas, onde o cuidado com a terra e com o outro é um princípio vital, amar livremente é recusar os preconceitos impostos pelo exterior. Ser indígena e LGBTQIA⁺ não diminui a identidade – pelo contrário, ela se fortalece com a multiplicidade de narrativas que se entrelaçam, enriquecendo nossa história com a força da diversidade.

A promoção do amor é também um chamado à construção de comunidades inclusivas, onde o bem-estar e a conexão são fundamentais para a superação dos limites impostos. Em um mundo que insiste em fragmentar identidades, o amor se torna o elo indestrutível que une indivíduos, permitindo que cada um floresça em sua autenticidade sem medo ou vergonha. Ao defender o direito de amar e se expressar plenamente, assumimos um compromisso com um futuro onde a diversidade é celebrada como fonte de força e criatividade — e onde cada gesto afetivo se transforma em um ato de resistência.

Enquanto houver amor, haverá resistência. Convido cada leitor a refletir sobre a urgência de combater as opressões que persistem e a cultivar um espaço onde a liberdade de ser é inegociável. Que cada palavra seja um grito de identidade, cada atitude um marco na luta contra a opressão, e que o pulsar vibrante de nossos corações reafirme: somos livres, somos resistentes, e nossa história continua a ser escrita com a tinta inapagável do amor.


Imagem O Futuro se Conquista

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