Carta de Goiânia
O I Encontro dos Estudantes Ecossocialistas e Internacionalistas, realizado em 17 de julho de 2025, em Goiânia (GO), aponta uma atualização programática do Coletivo Juntos. Esse documento é uma síntese das discussões apresentadas durante os dias evento, cujo objetivo foi apresentar a construção de uma juventude que tenha o Ecossocialismo como horizonte para a superação […]
O I Encontro dos Estudantes Ecossocialistas e Internacionalistas, realizado em 17 de julho de 2025, em Goiânia (GO), aponta uma atualização programática do Coletivo Juntos. Esse documento é uma síntese das discussões apresentadas durante os dias evento, cujo objetivo foi apresentar a construção de uma juventude que tenha o Ecossocialismo como horizonte para a superação das constantes crises do capitalismo e suas mazelas que hoje ameaçam a humanidade.
Não é possível construir um futuro diferente sob os marcos deste sistema que nos oprime, nos explora e avança na precarização das nossas relações de trabalho e de vida. Nesse sentido, de maneira a aprofundar a miséria, os grandes imperialistas utilizam o método da guerra para retirar a dignidade humana e refazer a lógica da limpeza étnica, como sempre utilizou, desta vez com a Palestina sendo alvo de um genocídio causado pelo estado assassino de Israel — com aval e incentivo do governo Trump, sobretudo à Faixa de Gaza. Assim como a revolução tecnológica não está a nosso favor, a Inteligência Artificial comandada pelas Big Techs hoje representa o aval para a dominação da extrema-direita nas redes sociais e também a destruição ambiental, com o consumo desenfreado de água pelas IAs. Queremos a tecnologia a favor de melhorar a vida do povo, e não para ampliar o autoritarismo, os conglomerados econômicos e a crise ambiental.
A política de extermínio promovido por Israel é levado adiante como um laboratório para descarte dos povos oprimidos, sendo sua expressão no Brasil o que significa a Polícia Militar, que amplia sua política de violência racista agora numa tentativa de legitimação com a criminalização do funk. As armas de Israel também matam aqui e nós precisamos ser firmes em defesa da vida da juventude.
Sabemos porém, que a extrema-direita se fortalece justamente pela falta de afirmação de uma esquerda que tenha o compromisso de pautar a independência de classe, apostar nas mobilizações de rua e defender um programa para os interesses da maioria.
Aqui no Brasil, apesar de termos tido a maior vitória democrática desde o fim da ditadura, derrotando Bolsonaro – prestes a ser preso -, o governo Lula 3.0 cede às relações com o centrão e o agronegócio, enquanto a educação, a saúde e as pautas sociais estão sob constante ameaça de retrocesso. As universidades perdem recursos constantemente e sofrem cortes orçamentários, inviabilizando o seu funcionamento. Na pauta ambiental, o governo apresenta a exploração da Foz do Amazonas na ordem do dia e a destruição do Pedral do Lourenção (PA) como forma de rifar os territórios da Amazônia em prol de uma lógica desenvolvimentista. Não podemos normalizar ataques aos territórios como moeda de troca com os grandes empresários!
A destruição ambiental é inerente ao capitalismo e sua lógica de exploração em nome do lucro. Mas as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 nos demonstram que estamos num momento de aprofundamento dos sintomas dessa crise. Não existe uma saída que não seja radical e de ruptura com esse sistema. Dessa maneira, queremos construir e fortalecer uma alternativa de movimento que busque pautar as lutas da juventude sob a perspectiva internacionalista, entendendo que a superaçāo das opressōes orquestradas pelo capitalismo nāo se restringem a um país, mas atuam de maneira combinada no mundo. Essa alternativa precisa apostar na força do povo organizado a partir de um programa antissistema, anticapitalista e que tenha como horizonte uma revolução ecossocialista.
- A saída é coletiva e anticapitalista: não é possível superar a crise ambiental dentro do capitalismo ou com medidas individuais.
- O marxismo e o internacionalismo são a nossa bússola: a luta de classes se dá no terreno internacional e sua principal contradição é a destruição ambiental que ameaça o futuro da classe trabalhadora. Destruir o capitalismo e construir uma revolução ecossocialista é a única alternativa!
- A nossa luta é anti-imperialista: não escolhemos um “imperialismo menos pior”. Derrotar Donald Trump é urgente e estamos ao lado do povo dos EUA em luta, mas também não compactuamos com o modelo chinês que no Brasil cumpre o papel de incentivar e desenvolver o agronegócio
- A luta palestina é a luta de todos os povos oprimidos! É urgente que o Brasil é as universidades rompam relações com Israel. Nenhuma gota de petróleo brasileiro à mais para contribuir com o genocídio palestino.
- Transicionar a Educação! Pela nacionalização da política de Cotas Trans para todas as Universidades e IFEs.
- Água não é mercadoria: contra a privatização das empresas de água e saneamento.
- Brasil é solo indígena e quilombola! Contra o Marco Temporal, o PL da devastação e pela demarcação de todas as terras indígenas e quilombolas.
- Petróleo no chão!: diante do avanço da crise climática e da concentração de gases poluentes na atmosfera, interromper a exploração de petróleo é uma tarefa prioritária, seja na Foz do Rio Amazonas ou na costa brasileira
- Redução da jornada de trabalho: contra a lógica produtivista da exploração do trabalho e do meio ambiente, trabalhar todos e trabalhar menos! Pelo fim da escala 6×1!
- Contra a perseguição e assassinato dos lutadores indígenas, quilombolas, sem-terras e ambientalistas.
- Chega de feminicídio! Queremos investimento real no combate à violência contra as mulheres.
- Não à criminalização do funk e da juventude negra! Pelo fim da polícia militar e justiça aos assassinados pelas mãos do Estado.
- Contra os mega-projetos desenvolvimentistas: não à Ferrogrão na Amazônia, ao complexo das hidrelétricas no Tapajós, à destruição do Pedral do Lourenção e qualquer projeto que busque seguir a lógica de exploração do neoliberalismo;
- Punição para Braskem, Vale e para todos os bilionários que enriquecem a custo da destruição ambiental!
- Reforma agrária, já! Expropriação dos latifundiários, distribuição de terras e alimentação digna e sem veneno!
- Tarifa zero, já! Diminuir a emissão de carbono e garantir o direito à cidade!
- Tecnologia para melhorar nossas vidas e não para destruir o planeta! Contra o autoritarismo e o conglomerado das bigtechs. A inteligência artificial não pode destruir postos de trabalho e sim cooperar com a defesa da vida.
- Universidades contra o fim do mundo: tornar as nossas instituições de ensino polos de produção científica, elaboração e luta contra a crise ambiental e a barbarie capitalista!
- Contra o financiamento do agronegócio: ao Plano Safra da extrema direita e da conciliação de classes entregam o orçamento público para os ecocidas!
- Mineração é destruição: as mineradoras destroem ecossistemas e comunidades em nome do lucro. Justiça para Brumadinho e Mariana!
Declaramos guerra ao capitalismo, ao imperialismo, à extrema direita e à conciliação de classes! Faremos da COP-30 em Belém, um palco de lutas para dizer que não aceitaremos calados o fim do mundo!
Apostamos na força da classe trabalhadora, dos povos indígenas e quilombolas e da juventude para fazer uma revolução ecossocialista!