A FUP em Crise: Transporte Precário, Salas Vazias e Comunidade Silenciada
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A FUP em Crise: Transporte Precário, Salas Vazias e Comunidade Silenciada

A FUP vive hoje o desafio do transporte precário, do esvaziamento dos cursos e do afastamento da comunidade de Planaltina, o que compromete sua missão original de integração com o campo. É urgente recolocar o transporte e a conexão comunitária como pautas centrais para revitalizar o campus

Giovani da Conceição Santos 19 ago 2025, 12:59

Ao pensar sobre a situação da FUP (Faculdade UnB Planaltina), me veio à mente uma luta fundamental que precisa ser retomada: o transporte. Estamos falando de um campus avançado, localizado em uma região administrativa histórica, marcada por intensos movimentos sociais e lutas populares. Ainda assim, a realidade é de transporte precário, insuficiente para atender às demandas acadêmicas e de pesquisa.

O campus, pioneiro entre os chamados “campi avançados” da UnB — que inspirou a criação do BSAN, FCE e FGA — nasceu com um projeto ambicioso: ser um centro de pesquisas voltado ao campo, à agricultura familiar e ao trabalho conjunto com movimentos sociais, povos indígenas, comunidades quilombolas e ribeirinhas. No entanto, hoje nos deparamos com um espaço que, em muitos aspectos, parece abandonado.

Um exemplo gritante é o transporte: veículos da instituição permanecem há anos parados no estacionamento, enquanto grupos de estudantes precisam se virar para realizar suas pesquisas, sem qualquer apoio logístico. Isso compromete não só a produção científica, mas também o próprio sentido da existência de um campus rural.

Outra luta urgente é contra o esvaziamento das salas de aula. Hoje, na UnB Planaltina, todos os cursos — com exceção da Licenciatura em Educação do Campo — estão enfraquecidos, com turmas reduzidas e estrutura precária. Gestão Ambiental, Licenciatura em Ciências Naturais e Agronegócio sofrem com a falta de estudantes matriculados e engajados. Esse esvaziamento não é por acaso: ele está diretamente ligado à falta de integração entre a universidade e a comunidade de Planaltina.

A população local não encontra portas abertas para participar da vida universitária, e a universidade, por sua vez, não alcança nem dialoga de forma efetiva com quem vive na região. Estamos num ponto morto: não há conexão nem para dentro nem para fora, e isso impede que o campus cumpra seu papel social e acadêmico.

Além disso, vemos um afastamento preocupante da universidade em relação aos movimentos sociais. As feiras da agricultura familiar e eventos culturais — que deveriam ser parte viva do campus — tornaram-se raros e dependem de autorizações e burocracias que não condizem com um espaço que nasceu para ser referência no diálogo com o campo.

Sem transporte adequado, com cursos esvaziados e sem integração com a comunidade e os movimentos, fica cada vez mais difícil dar ao campus o significado e o papel que ele merece ter. É hora de recolocar o transporte como pauta central, combater o esvaziamento estudantil e reconectar a FUP com suas raízes e sua missão original.

Por fim, é preciso dizer: a direção insiste em afirmar que está ao lado dos estudantes, mas isso não basta. Queremos uma UnB Planaltina que abra verdadeiramente seus espaços para a comunidade, que rompa barreiras e preconceitos contra a população de Planaltina — muitas vezes vista apenas pela ótica da criminalidade — e que reafirme seu compromisso como universidade pública, gratuita, livre e para todos e todas.


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