BBB e o machismo nosso de cada dia
Define-se reality show como um programa de TV que se baseia na vida real. Pois bem, Big Brother Brasil cumpriu com o papel de mostrar a realidade que as mulheres vivem cotidianamente. Neste fim de semana, em uma festa da casa, um dos participantes que, segundo relatos, tentava ficar com todas as participantes…
Define-se reality show como um programa de TV que se baseia na vida real. Pois bem, Big Brother Brasil cumpriu com o papel de mostrar a realidade que as mulheres vivem cotidianamente. Neste fim de semana, em uma festa da casa, um dos participantes que, segundo relatos, tentava ficar com todas as participantes do programa a qualquer custo durante a noite, abusou de uma das participantes. Monique havia bebido demais e estava praticamente inconsciente em sua cama quando o sujeito se deita ao lado dela embaixo do edredom e passa a fazer movimentos claramente sexuais com a menina que aparenta estar desacordada. Transtornada e sem lembrar o que aconteceu, a moça passou todo o dia seguinte tentando entender o que havia acontecido, enquanto o rapaz apenas dizia que foram alguns beijos e mãos aqui e ali. A Rede Globo (a mesma emissora que vê graça em quadro de comédia de abuso sexual em metrô) vem fugindo da responsabilidade, dizendo que nada aconteceu. O âncora do BBB, Pedro Bial, acha que o caso é uma linda história de amor.
Com a grande repercussão do caso, ouvimos comentários como “quem mandou beber tanto” ou “a menina deveria se comportar melhor” ou ainda “quem mandou ser maria chuteira”. A culpabilização da vítima é recorrente nos casos de estupro e deve ser combatida. É comum vermos a vida sexual e o comportamento das vítimas de estupro e abuso sexual serem questionados já que se estabelece como ideal o comportamento assexuado, puro e dócil para a mulher. Quando se foge a esse padrão a culpa da violência é atribuída, nem sempre inteiramente, mas pelo menos parcialmente à mulher. Ela que não deveria ter bebido demais. Ela que não deveria usar uma roupa curta. Ela que não deveria andar pela rua escura. Como as Marchas das Vadias ao redor do mundo mostraram em 2011, a roupa que usamos não é um convite, o nosso comportamento não é o culpado. A culpa é do agressor. A culpa é do machismo com que somos obrigadas a conviver diariamente.