Juventude gaúcha indignada lota Acampada do Juntos RS
A luta por Outro Futuro teve mais um ponto alto na Acampada do Juntos RS. Exatamente 132 jovens reuniram-se no último final de semana no sítio Trilha do Sol, em Viamão, conscientes da necessidade de fortalecer o movimento dos indignados no Rio Grande do Sul.
*Paola Rodrigues e Rodolfo Mohr
A luta por Outro Futuro teve mais um ponto alto na Acampada do Juntos RS. Exatamente 132 jovens reuniram-se no último final de semana no sítio Trilha do Sol, em Viamão, conscientes da necessidade de fortalecer o movimento dos indignados no Rio Grande do Sul. Esse movimento, materializado no Juntos, abriu a possibilidade de dezenas de universitários e secundaristas discutir política, acompanhada de muito bate-papo, piscina, festa e diversão. Foram assim os três dias da Acampada, que conseguiu fazer o balanço político da atuação do movimento, a partir do histórico de mobilizações que fomos protagonistas em 2011, e, ao mesmo tempo, pensar nas necessidades do momento e nas lutas que se aproximam em 2012.
Juntos de Porto Alegre, Santa Maria, Cachoeirinha, Alvorada, Pelotas, Esteio, Júlio de Castilhos e de outros cantos do Estado estiveram presentes na Acampada – momento importante de integração e socialização das lutas de todos os companheiros do RS. Desde o debate acerca da DEMOCRACIA REAL JÁ até o Cine-Cotas, que debateu o sistema de reserva de vagas adotado no vestibular da UFRGS, os participantes puderam compreender as contradições criadas pelo Capitalismo, evidenciando a falsa democracia em que vivemos. Há vagas nas Universidades, mas somente os que estudam em escolas privadas ou fazem cursinho tem condições de ocupar; a Constituição criminaliza o preconceito, mas grande parte dos negros são discriminados; o respeito às liberdades individuais e à diversidade sexual são garantidas por lei e todos os dias vemos homossexuais sendo agredidos. É esse o mundo que queremos?
Com essa discussão, a Acampada mostrou a necessidade de a juventude estar organizada. O Juntos! – há 7 meses – surgiu no exato momento em que se tornou imprescindível o projeto de uma nova sociedade e a defesa irrestrita dos interesse de 99% da população. Enquanto houver capitalismo, sabemos que as desigualdades continuarão vivas. Pra seguir nesse debate, a presença da vereadora da Fernanda Melchionna (PSOL) foi de grande importância pelo seu papel de protagonismo nas lutas dos jovens de Porto Alegre, principalmente na defesa do meio passe aos domingos para os estudantes e da meia entrada para jovens. Tudo isso como uma forma de garantir o acesso, ampliar e estender a cultura aos que mais precisam.
A crise econômica também foi tema de um dos painéis da Acampada. Os planos de austeridade que estão sendo adotados na Grécia, apesar do grande rechaço popular e o aumento do desemprego junto à ampliação do tempo de trabalho, em Portugal e na Espanha serviram de exemplos dos efeitos dessa crise. Por outro lado, as conquistas das mobilizações populares ganharam palco no debate da Acampada, quando citada a Islândia, que aprovou o não pagamento da dívida pública aos banqueiros, e a Síria, em que o povo segue em enfrentamento direto contra o governo de Basher Al Assad. A xenofobia e o descaso no tratamento dos imigrantes seguem evoluindo com o desenvolvimento da crise.
No domingo tivemos três oficinas fundamentais para conhecermos mais nossas lutas e atuarmos de forma mais decidida. A primeira foi meio ambiente, em que os participantes puderam contribuir com o debate, mostrando o retrocesso das alterações propostas pelo novo Código Florestal, principalmente quando se trata da anistia aos desmatadores, proposta pelo texto do novo código. Em seguida, tivemos o Cine-Cotas, em que assistimos o documentário da ocupação da reitoria da UFRGS de 2007, que dentre várias vitórias, conquistou a reserva de vagas no vestibular. Além de encaminhar a criação da setorial de Negras e Negros do Juntos RS. Por fim, a oficina de Gênero e Sexualidade desconstruiu diversas concepções que fundamentam o machismo, o feminismo e a homofobia, bem como, contribuiu para que os ativistas do Juntos pudessem ter uma melhor compreensão acerca dos desafios, como a aprovação do PLC 122 que criminaliza a homofobia, e o veto de Dilma ao kit anti-homofobia como moeda de troca com a bancada evangélica.
A Plenária Final foi o espaço de sistematização das ideias e propostas que o Juntos levará no próximo período. Foi aprovada a participação da regional RS nas atividades preparatórias para a Rio+20 e na Cúpula dos Povos. O calendário de lutas começa dia 06/03 com o ato pelo Veto presidencial ao novo Código Florestal, passa dia 28/03 nas lutas da educação e chegará em junho na Rio+20. Em abril, será realizado o I Encontro Estadual do Juntos RS, como expressão máxima da nossa democracia real, com a deliberação de uma plataforma local e da formação do Grupo de Trabalho Estadual do RS. A comissão organizadora já conta com 27 pessoas.
Saímos da Acampada muito fortalecidos na luta pela unidade dos 99% na construção de Outro Futuro. Isso será possível com tod@s Junt@s!
*Paola Rodrigues é estudante de jornalismo da UFRGS e militante do Juntos! e Rodolfo Mohr é estudante de Direito da UFRGS e membro do Grupo Nacional de Trabalho do Juntos!