*Anderson Castro
No dia 11 de abril pela manhã inicia-se uma manifestação no curso de odontologia da UFPA. Os discentes paralisaram as aulas e se colocaram em frente a faculdade. Munidos de cartazes, faixas, nariz de palhaço, jalecos e uma lista de mais de três metros de matérias que os discentes deveram comprar em todos os semestres de seu curso, assim os graduandos do curso mostram que não aceitam a sua condição e que irão lutar para transformar seu futuro. Indignados com a não paridade nas eleições para nova gestão da faculdade, o gasto absurdo com a compra de materiais e a falta de professores e infraestrutura do curso os estudantes fizeram a primeira mobilização em 100 anos do curso.
Entrevista com Elder Monteiro, presidente do Centro Acadêmico Livre de Odontologia (CALO) da Universidade Federal do Pará (UFPA), uma das lideranças da paralisação do referido curso.
Juntos! – Elder, a faculdade de Odontologia tem quase 100 anos de existência, vocês entram para a história de lutas estudantis da universidade articulando a primeira manifestação do curso paralisando as atividades da faculdade no dia de hoje. Qual foi o estopim e quais são as reivindicações dos estudantes?
Elder Monteiro ** (EM) – Os alunos já estavam insatisfeitos com todos os problemas que uma faculdade enfrenta na UFPA, tais como: faltas de professores, melhores condições de infraestrutura entre outros, porém, no dia 04 de abril de 2012, data da homologação do edital para as eleições da diretoria da nossa faculdade, ficou estabelecido que o aluno teria apenas 5% do peso de
votação. Isso foi o estopim para que começasse a surgir um sentimento de revolta, indignação e decepção frente a atitude tomada pelo conselho da faculdade de odontologia. A partir daí nós resolvemos realizar um protesto para chamar a atenção e mobilizar os acadêmicos do curso, pois uma escola só existe em função de seus alunos e, como tal, temos o direito e o dever de reivindicar uma porcentagem no mínimo igualitária (paritária) entre as categorias que compõe a universidade (professores, estudantes e técnicos administrativos). Para além, reivindicamos melhores condições de infraestrutura nas clinicas e laboratórios, materiais básicos disponíveis nas clínicas, presença de professores no horário de aula, entre outras coisas que avaliamos indispensáveis para o estudante de nossa faculdade.
J – No decorrer da paralização, houve uma audiência com o professor Armando Chermont, diretor da faculdade e com Eric Pedreira, Pró-reitor de planejamento e professor do curso de Odontologia.Vocês se sentiram contemplados com as propostas apresentadas pelas representações citadas? Porquê?
EM – Na verdade, sabemos que a tentativa deles era de acalmar os manifestantes, fizeram promessas de que irão suprir os materiais da clínica apenas por um determinado período, não nos deram propostas concretas. Temos consciência que esse material que nos foi prometido acabará muito rápido e que semestre que vem o aluno não terá a disponibilidade dos mesmos nas clínicas e laboratórios.
J – Como você avalia a participação de diretores e ex-diretores do DCE UFPA na manifestação?
EM – Eu avalio a presença dessas pessoas de forma ímpar, pois foi nosso primeiro passo em busca de nossos direitos na faculdade, e eles já possuem experiências em vários assuntos como esses que passamos. Eles nos incentivaram e estiveram presentes do inicio ao fim, e sem duvida nenhuma eu e outros alunos conseguimos presenciar o verdadeiro sentido de movimento estudantil, graças a participação e o incentivo dessas pessoas.
J – Caso as reivindicações estudantis não sejam atendidas, quais serão os próximos passos?
EM – Nós estamos decididos de que essas eleições serão paritárias, sempre realizamos nossas decisões em assembleia geral com os alunos. Faremos quantas manifestações forem necessárias para sermos ouvidos, as eleições ocorrerão nos próximo dia 20 de abril de 2012, estamos nos mobilizando para que essas eleições sejam paritárias e de forma alguma aceitaremos outra decisão da direção e/ou colegiado da faculdade.
J – O Juntos! agradece sua colaboração e desde já nos dispomos a contribuir no que for preciso para fortalecer a luta dos estudantes da Odontologia por um futuro diferente.
*Anderson Castro é ex-coordenador geral do DCE UFPA, membro do Juntos! Juventude em luta, coordenador da Rede Emancipa –movimento social de cursinhos populares e estudante do curso de Psicologia da UFPA
**Elder Monteiro é presidente do Centro Acadêmico Livre de Odontologia da UFPA e parceiro do Juntos!