Dia do Trabalhador é todo dia
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Dia do Trabalhador é todo dia

É em um momento histórico que hoje se reivindica o Dia do Trabalhador. Entre ascensos e refluxos, a classe trabalhadora vive não um dia, mas um momento de transformações que abre as portas para novas lutas e novas conquistas.

Guilherme de Oliveira 1 maio 2012, 22:26

*Guilherme de Oliveira

É em um momento histórico que hoje se reivindica o Dia do Trabalhador. Na verdade, todos os dias são dos trabalhadores, daqueles que constroem e mantém as escolas e as universidades que estudamos, que limpam as ruas que caminhamos, que dirigem o transporte que nos locomovemos, que nos tratam quando estamos doentes… Se pegarmos a história da humanidade, não houve um dia que ela tenha conseguido evoluir sem a participação de um trabalhador. Entre ascensos e refluxos, a classe trabalhadora vive não um dia, mas um momento de transformações que abre as portas para novas lutas e novas conquistas.

Foi através de uma mobilização pela jornada de trabalho de oito horas ocorrida em Chicago, em 1886, que logo no ano de 1889 foi constituído o dia 1 de maio como dia internacional dos trabalhadores. Também em Chicago o emigrante austríaco Friedrich Von Hayek, economista e filósofo, formou gerações de economistas monetaristas ultra-conservadores como Milton Friedman na Universidade de Chicago. Hayek ensinou aos seus ‘’Chicago Boys’’ que a intervenção do Estado na vida individual ou social coloca o povo na ‘’linha da servidão’’. Ele apresentou a liberdade econômica (o direito de ganhar e usar sua fortuna sem intervenção exterior) sobre o mesmo plano das liberdades políticas ou pessoais duramente conquistadas pelos trabalhadores. É nesta crise de hoje que vemos claramente o fracasso da política dos Chicago Boys e a necessidade de avançar a luta dos trabalhadores para revolução socialista. Os grandes capitalistas do mundo provaram mais uma vez, na crise deflagrada em 2008 que segue até os dias atuais e não tem prazo para acabar, que são verdadeiras bestas que só pensam em lucro e não se importam em condenar 24,5 milhões de homens e mulheres da União Européia ao desemprego, por exemplo. É por estes trabalhadores que hoje estão sendo privados de exercer sua profissão e por todos os outros que mesmo tendo são privados de ter uma vida digna, que a luta clama por avançar e conquistar.

Novas perspectivas, vitórias e derrotas se apresentam para classe trabalhadora. É verdade que os anúncios de cortes, de avanços dos planos de austeridade apontam um futuro nebuloso, mas também é verdade que a luta e a mobilização histórica dos trabalhadores já começa a esboçar algumas respostas. No mesmo Dia do Trabalhador, Evo Morales, Presidente da Bolívia, anunciou a nacionalização da Transportadora de Energia. Essa é uma pauta histórica do povo boliviano que já na década de 50 havia conquistado a nacionalização das mineradoras e a reforma agrária. Os avanços dos mineiros e camponeses bolivianos foram atacados com um covarde golpe militar que destitui o presidente Victor Paz Estenssoro e empossou o assassino René Barrientos.

No mês passado, em abril, o povo argentino também aplicou uma dura derrota aos exploradores ao anunciar a expropriação das ações da distribuidora de gás e petroleira YPF. Tanto a Transportadora de Energia na Bolívia como a YPF argentina estavam nas mãos dos espanhóis que outrora colonizaram estes países e seguem até hoje explorando. As nacionalizações ocorridas são respostas não desta, mas de várias gerações da classe trabalhadora latino-americana contra os colonizadores e exploradores que não permitem sua verdadeira emancipação.

A nacionalização é um avanço que não deve restringir a luta contra a democracia burguesa, que é a melhor forma possível para o desenvolvimento do capitalismo e faz parte dos atuais governos. Como bem descreveu Lenin, depois que o capital se apropria da democracia, através da corrupção, por exemplo, ele exerce o seu poder de forma tão segura que qualquer mudança de partidos, pessoas ou instituições não abalam o seu domínio. Através deste sistema tão elogiado pelos grandes capitalistas, ‘’os trabalhadores de hoje se transformaram em escravos assalariados, em conseqüência da exploração capitalista, e esmagados pela necessidade e pela miséria, não se interessam pela política e, no curso pacifico dos acontecimentos a maioria da população, se encontram afastados da vida político e social’’, afirma Lenin.

Através de influências no governo do aimará Evo Morales ou no governo social-democrata da Cristina Kirchner, o povo tem conquistado algumas vitórias, que são grandes no presente, mas pequenas para o futuro. É preciso a partir delas conquistar também o Estado, o qual segundo Engels, “é o Estado da classe mais poderosa, daquela que domina do ponto de vista econômico e que, graças a ele, se torna também classe politicamente dominante e adquire assim novos meios para esmagar e explorar a classe oprimida’’.  Mesmo derrotada a classe dominante, os trabalhadores ainda tem a necessidade do Estado, só que dessa vez para garantir a democracia para a imensa maioria do povo e reprimir pela força os exploradores. Somente na sociedade comunista, quando a resistência dos capitalistas estiver definitivamente derrotada, que os capitalistas desaparecerão e não haverá mais classes. Essa é a nossa luta, esse é o nosso fim como militantes socialistas.

* Guilherme de Oliveira é presidente do Centro Acadêmico de Comunicação Social da PUCRS e militante do Juntos!


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