O machismo não deve parecer natural
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O machismo não deve parecer natural

O Juntas compreende que o combate ao machismo deve ser algo diário, por isso propomos uma campanha que seja capaz de dialogar com aquelas que ainda não são convencidos da importância do feminismo, mas que diariamente também sofrem com as “garras” do machismo.

Barbara Dias e Heliane Abreu 4 set 2012, 12:36

*Bárbara Dias e Heliane Abreu

Na tarde do dia 15 de Agosto de 2012, na presença de mais de cem jovens no auditório da Universidade Estadual do Pará, dentro da programação do I Encontro Municipal do Juntos em Belém, foi lançada oficialmente a campanha do coletivo Juntas: “O Machismo não deve parecer natural.” Organizada pelo Juntas- Belém, a campanha visa um maior esclarecimento e debate dentro da temática do machismo e suas consequências na vida das mulheres.

O Juntas compreende que o combate ao machismo deve ser algo diário, por isso propomos uma campanha que seja capaz de dialogar com aquelas que ainda não são convencidos da importância do feminismo, mas que diariamente também sofrem com as “garras” do machismo.

Por isso, saímos nas ruas de Belém entrevistando mulheres sobre sua opinião com relação ao machismo, pontuando três eixos: 1) violência contra a mulher, 2) submissão da mulher e 3) imposição da mídia sobre o padrão de beleza feminino. Esta foi uma estratégia que encontramos para que além de aproximar mais mulheres do debate da opressão machista, também divulgávamos a campanha e a nossa maneira de pensar “Juntas”.

Marilene Guerreiro, 32 anos, uma das entrevistadas, nos traz a seguinte reflexão: “Um dos grandes problemas do machismo é a condição de “mulher submissa” que ele nos coloca, e a mulher não deve ser submissa, eu vim de uma família em que a minha avó era viúva e criou sozinha sete filhas mulheres, e a minha mãe me criou com esses valores, de não ser dependente. Hoje eu sou mãe solteira, tenho um filho de 14 anos e ensino pro meu filho que ele deve respeitar uma mulher, não só porque ela é mulher, mas porque ela é um ser vivo, igualzinha a ele, e tem o direito de respeitar e ser respeitada”Em sua simples fala, Marilene talvez nem perceba que é justamente isso que o feminismo busca, a igualdade. Nós lutamos para que cada vez mais as mulheres e homens eduquem seus filhos e filhas dentro dessa perspectiva igualitária, sem barreiras construídas com base no preconceito e a falta de diálogo familiar.

Sobre a campanha do Juntas, Débora Muniz, 22 anos ,decorre: “Acho importante grupos como o de vocês, terem essas ações, saírem nas ruas perguntando, informando, falando do trabalho de vocês com o feminismo, porque nós mulheres, deveríamos falar mais e saber mais sobre o machismo, mas parece que muitas não enxergam ou não querem enxergar que o machismo é uma presença diária.”

Discutir e lutar pela mudança na forma de educar a sociedade, demonstrando que ainda vivemos em uma sociedade desigual e machista – e não na falsa igualdade de gênero propagandeada pela mídia – em que várias mulheres sofrem com a violência, a falta de respeito e ainda continuam ganhando 30% a menos que homens nos salários. Essa é a nossa forma de dizer BASTA! O machismo não deve parecer natural. Somos gente e queremos dignidade e respeito!

Basta de ler nos jornais mulheres sendo vitimas da violência sexual e não nos indignarmos. Basta com a educação que ensina mulheres a não serem estupradas, quando se deveria ensinar os homens a não estuprarem. Basta com os rótulos. Precisamos dar um basta no machismo que continua a nos submeter aos horrores da humilhação, da exploração sexual, da subimissão e não nos manifestarmos.

Sabemos que esses ainda são pequenos passos, mas que pensados e executados JUNTOS, resultarão em uma ação social mais abrangente e acessível. O material coletado nessas entrevistas resultará em um vídeo-campanha afim de que conquistemos mais corações e mentes para somar no debate sobre o machismo. Deixamos aqui um convite para que TODAS que tem interesse em combater o machismo se integrem a esta campanha, organizando espaços de formações sobre o tema em suas cidades, buscando ações de divulgações da campanha. O JUNTAS Belém fica a disposição para qualquer contribuição e repasse de material.

Estamos JUNTAS, dizendo: O MACHISMO NÃO DEVE PARECER NATURAL!

*Bárbara e Heliane são militantes do Juntas Belém.


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