A primeira greve de caráter internacional do Século XXI pode representar um passo adiante na dinâmica da luta social na Europa. Uma greve geral convocada em Portugal, Espanha, Chipre e Malta, tendo adesões de importantes setores industriais e de serviços, ainda que parcialmente, na Grécia e na Itália.
Se por um lado, os capitalistas, a Troika e seus representantes nacionais impõe mais sacrifícios ao povo[como na aprovação do orçamento grego], por outro é a primeira tentativa de uma ação coordenada comum, do ponto de vista dos trabalhadores e suas organizações.
Duas grandes questões se incorporam na pauta política da greve: a primeira delas é dramática situação de caos social[enorme número de suicídios e tragédias familiares motivadas por dívidas impagáveis e despejos] que se observa nas ruas da Espanha e Grécia; a segunda é o desgaste que os governos conservadores acumulam em Portugal e na Espanha. O que chama a atenção é que tal repúdio não encontra na oposição socialdemocrata eco, pelo contrário, tais partidos que já governaram recentemente, estão ainda mais desacreditados.
Os resultados da greve ainda são imprevisíveis, porém já assustam mais a burguesia do que nunca. E deixam desconfortáveis, os dirigentes sindicais mais burocráticos acostumados a conduzir de forma unilateral as negociações salariais e classistas.
As notícias que vão chegando aos poucos, reverberando nas redes, se espalhando no mundo, vão testar a hipótese que parece arriscada, contudo, possível: o 14 N pode marcar um novo tempo. De maior confiança dos trabalhadores nas suas próprias forças, de menor paciência com os governos de turno e de total unidade entre as demandas parciais de indignados, aposentados, trabalhadores, precários, imigrantes.
Amanhã a esperança tem um confronto decisivo contra a catástrofe. Nas praças do mundo. Somos esperança.
*Israel é sociólogo e dirigente nacional do PSOL.