14º CONEB-UNE: Amanhã será maior!
O 14º CONEB foi a demonstração de que a juventude brasileira anseia um movimento estudantil atuante, à altura das lutas por novos tempos. Milhares de jovens saíram de suas casas para debater de maneira coletiva a política educacional do nosso país.
*Por Camila Souza e Silvia Giese
O 14º CONEB foi a demonstração de que a juventude brasileira anseia um movimento estudantil atuante, à altura das lutas por novos tempos. Milhares de jovens saíram de suas casas para debater de maneira coletiva a política educacional do nosso país. Foram eleitos nas universidades por volta de 3500 delegados e compareceram cerca de 1800. Mas o público do CONEB superou os 3000 participantes. E mesmo em meio ao pré-carnaval de Recife/Olinda e diante das enormes dificuldades estruturais, o ativismo juvenil lotou todas as mesas de debate programadas, garantindo importantes espaços de discussão política.
O CONEB que tinha como eixo a atualização do projeto de Reforma Universitária da UNE aconteceu meses após a maior greve das Universidades Federais brasileiras. Greve que foi construída por grandes e históricas Assembleias Estudantis, as quais contrastaram a propaganda, o marketing do Governo Federal, com a precarização vivenciada no Ensino Superior público.
Distantes de toda a mobilização grevista do último período, no CONEB a direção majoritária da UNE teve que saldar o passado para não debater o presente. Com o lançamento da Comissão da Verdade da UNE, utilizaram da importante luta pelo direito à memória e a verdade como forma de esquivar-se do debate do esgotamento de uma política de expansão que promete a Universidade dos sonhos e na realidade não garante sequer a estrutura mínima necessária, como laboratórios e salas de aulas. E para isso contaram com o apoio do Levante Popular da Juventude, aliados da UJS na defesa do governo federal.
No entanto, o CONEB demonstrou que ao avançarem as lutas cresce ainda mais a bancada aguerrida da Oposição de Esquerda. A unidade construída nas lutas do último período e na gestão dos nossos Diretores da UNE permitiu aos militantes da oposição estarem juntos em cada mesa de debate polarizando programaticamente com o projeto governista defendido pelo setor majoritário da entidade. A enorme Plenária da Oposição de Esquerda reafirmou que devemos avançar nas lutas estudantis por democracia, por investimento, pelo direito à cidade, contra o aumento das passagens e construir no debate de cada universidade o projeto de educação, de movimento estudantil, da UNE que defendemos. Se hoje há uma UNE das lutas, das mobilizações ela é fruto tão somente da atuação e do crescimento do campo da Oposição de Esquerda, da nossa força e da nossa voz.
O numero reduzido da bancada do Juntos – devido a atividades importantes em nossas principais regionais (SP e RS) – não diminuiu a força da nossa política, expressa a exemplo na mesa “A juventude na luta por um novo Brasil”. Uma mesa representativa dos diversos grupos, coletivos estudantis, contou com a presença de Nathalie Drumond do GTN (Grupo de Trabalho Nacional) do Juntos. Reivindicamos nossas origens nas grandes primaveras mundiais, na luta contra as velhas práticas políticas, por democracia real já e na disputa pelo direito à cidade. E também na mesa que contou com a presença do Ministro Mercadante, com a fala do Rodolfo Mohr (GTN Juntos) e dos demais Diretores da UNE pela Oposição, podemos cobrar as reivindicações grevistas não atendidas, entre elas a ampliação da verba do PNAES (Plano Nacional de Assistência Estudantil) e colocar na pauta de discussão para além dos dados, da propaganda, mas pautada nas mobilizações da juventude e pela urgente e necessidade de mudança.
Intervimos na Plenária Final do CONEB apontando nossa contribuição às lutas do próximo período: contra o aumento das passagens de ônibus que ano a ano se repetem, por democracia de acesso, permanência e gestão nas universidades, por 10% já, por mais investimento, mais assistência estudantil. Por uma reforma universitária radical.
Voltamos aos nossos estados com uma enorme tarefa. Este CONEB provou que o protagonismo da juventude na construção das lutas por outro futuro está vivo e valente. E a medida que se avançam os processos de mobilização e luta cresce e ganha força a construção de uma alternativa de direção ao setor majoritário da UNE. Disputar essa entidade para que ela esteja à altura das lutas do presente é uma tarefa necessária e de todos. Como dizia o poeta, é tempo dos corações pularem para fora do peito em passeata em multidão. Em cada uma dessas mobilizações temos a certeza de que nos encontraremos. E a nossa presença no CONUNE será uma síntese das batalhas travadas no período e com ela vamos impor ao governismo uma grande derrota política, através da construção de um movimento amplo, diverso, enraizado e vivo nas lutas da juventude do nosso país.
* Camila é estudante da UFU e Silvia coordenadora do DCE UFPA. Ambas do Grupo de Trabalho Nacional Juntos!