Organize sua indignação: Junte-se!
Para seguir avançando sobre a velha ordem, para sermos capazes de revolucionar tudo o que está ai, é preciso avançar em nossa organização. Vamos Juntos!
Aqui está o manifesto do Juntos. Diante de tanto agito na vida política do país, decidimos atualizar nossas proposições. Fizemos o esforço de reunir neste manifesto algumas bandeiras que devem nortear nossa ação nas ruas na próxima temporada, bem como propostas de iniciativas. Aproveite ao máximo! Imprima o manifesto, indique aos amigos, leve para debater nas próximas reuniões. Faça bom proveito. E, mais importante, aproveite o nosso pontapé e faça o mesmo para sua escola, universidade, bairro ou local de trabalho. Pense em propostas, bandeiras a serem reivindicadas e (re)invente novos protestos!
Boa leitura!
Juntos Brasil
Organize sua indignação: Junte-se!
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Que tempos são esses? Devem se perguntar milhões pelo Brasil afora. São tempos politicamente intensos, isso se sabe. A Copa das Confederações cedeu lugar a Copa das Mobilizações. Pouco se comenta de futebol e muito se fala de política por ai. A pátria não calçou as chuteiras, na verdade, a camiseta e a bandeira do Brasil serviram de uniforme para os milhares de manifestantes que fizeram da rua sua arquibancada. Após semanas de grandes atos que reuniram milhões, o povo segue em atividade. Agora mais descentralizadas, as manifestações ainda reúnem milhares por melhorias em distintas localidades. Praticamente toda cidade brasileira, bem como inúmeros bairros, favelas e comunidades, estão tendo suas manifestações. Mesmo após a redução das passagens do transporte público, os atos de rua não cederam.
A presidenta, em conjunto com governadores e prefeitos, propôs um “pacto com cinco pontos” para amenizar as tensões no país. A proposta aparentemente mais progressista, a realização de um plebiscito sobre a reforma política no país, já está atravancada nos palácios de Brasília. Sobram 4 pontos, tudo mais do mesmo, sem nenhuma sinalização concreta de mudanças efetivas. O povo deu de ombros, mesmo após o pronunciamento da presidenta, ocorreram importantes mobilizações. Com destaque, para as periferias de Rio e São Paulo. E também pra Belo Horizonte. Diante da permanente cobrança e vigilância, os deputados decidiram derrubar a PEC 37, que até então tinha sua aprovação quase dada como certa. Agora se somam duas importantes conquistas nacionais: a redução das tarifas nas principais cidades e a derrota da PEC 37. Mas o povo quer mais.
O país vive uma ebulição social. Segundo pesquisas, cerca de 80% da população apoiam a ação da massa que toma as avenidas para protestar. O Brasil está mudando, e rápido. Há uma completa desconfiança em relação às velhas estruturas, tudo aquilo que se assemelhe com o velho modo de se fazer política está em xeque. A maioria dos políticos, palácios de poder, casas legislativas, mídia, polícia e os próprios partidos estão desacreditados. A relação promíscua daqueles que colocam os seus privilégios particulares acima do interesse público é alvo das principais críticas. A gastança desenfreada com a(s) Copa(s) e Olimpíadas no país também é motivo de muita revolta. Gera ainda mais indignação, a mão de ferro com que o Estado trata os insatisfeitos. A repressão policial às inúmeras manifestações só faz aumentar a raiva da maioria contra esta instituição e contra a inabilidade da maioria dos governantes. O aumento acelerado do custo de vida veio apimentar este universo de insatisfações.
Felizmente, pelas televisões e nas redes sociais saltam aos olhos bons exemplos de resistência juvenil e popular. São muitos países onde protestar e tomar as ruas tem surtido efeito. Por meio da ação coletiva e da revolta de uma maioria, derrubou-se ditaduras no Norte da África; questionou-se o poder de antigas partidocracias na Europa; chacoalharam-se países inteiros contra os efeitos da crise econômica. Esta combinação, aumento da indignação no Brasil e fortes exemplos de mobilização pelo mundo, alcançaram efeitos surpreendentes. Como dizia um cartaz, “colocaram Mentos na geração Coca-Cola”. A insatisfação extravasou e transbordou pelas ruas. Após algumas semanas o povo já tirou uma conclusão, só a ação coletiva de uma maioria mobilizada pode arrancar verdadeiras conquistas.
Esta conclusão muito importante se soma à lista de conquistas destas últimas semanas. É decisivo que a população brasileira saiba por A+B que é possível mudar tudo que está ai por meio da ação coletiva nas ruas. O Juntos aposta num projeto de sociedade que supere o capitalismo enquanto modelo. E sabemos que só é possível revolucionar o Brasil e o mundo quando se unem os jovens com aqueles que conformam a maioria da sociedade brasileira, com todos aqueles que sobrevivem por meio do suor de seu trabalho. A ação comum entre os jovens e aqueles que representam a base da pirâmide social no país é decisiva para se conquistar vitórias mais profundas e de longo prazo. Nós do Juntos, a partir da rebelião de junho de 2013, pretendemos aprofundar esta aliança, batalharemos para que cada vez mais esta seja uma realidade presente em todas as nossas lutas.
Diante do exposto, o Juntos lança uma campanha: ORGANIZE SUA INDIGNAÇÃO! Sabemos que para seguir avançando sobre a velha ordem, para sermos capazes de revolucionar tudo o que está ai, é preciso avançar em nossa organização. Temos que unificar nossas reivindicações e propostas. Necessitamos somar forças e organizar ações em comum. Muito ainda pode ser conquistado. Pensando nisso, o Juntos lança este manifesto. Nele destacamos 6 pontos para reivindicação, os quais consideramos mais latentes nas recentes manifestações, e algumas propostas de ação. Vamos a eles!
O que reivindicamos?
Aqui pretendemos unir os principais gritos presentes nas passeatas de norte a sul do país. Estamos num outro momento da luta social e política no país, a população demonstrou sua força, os donos do poder – em suas distintas esferas – estão contra a parede. Mais do que nunca é possível conquistar. Aqui apresentamos um esboço das propostas mais latentes e urgentes. Agregue a elas tudo que for preciso reivindicar a partir da sua própria realidade.
Ponto 1. Transporte público, gratuito e de qualidade é um direito! As tantas mobilizações pelo país evidenciaram o problema do transporte público nas principais cidades, em geral muito caro, de péssima qualidade e superlotado. É sabido que o transporte coletivo é um filão bastante lucrativo para o empresariado. Em muitas cidades, existem verdadeiras máfias dos transportes. São cartéis que controlam os preços e nivelam por baixo o oferecimento do serviço. Assim como a saúde e a educação, o transporte também deve ser um direito assegurado pelo Estado. Por isso lutamos por passe-livre já e defendemos a tarifa zero no transporte público!
Ponto 2. Queremos saúde e educação no padrão FIFA! Defendemos que sejam investigados todos os contratos e licitações referentes às Copas e às Olimpíadas. Desde o anúncio que estes grandes eventos ocorreriam no país, foram gastos bilhões em obras e empreendimentos possivelmente superfaturados. Em contrapartida, centenas de famílias são removidas de suas casas. Se gasta o dinheiro público na viabilização de obras para “inglês ver”, ao mesmo tempo em que a população conta com serviços públicos de baixíssima qualidade. Defendemos que todo o lucro da FIFA com estes eventos sejam destinados para investimento em saúde e educação.
Ponto 3.
Ponto 4. Abaixo a repressão policial, pela desmilitarização da polícia! Seria engraçado, se não fosse triste, mas é percebido que determinada pessoa se dirige a uma manifestação pelos trajes. Lenços enroladas no pescoço mesmo debaixo de muito sol, óculos de natação na testa e odor de salada exalando da mochila. Não tem erro, tem protesto é quase certo que também tem repressão da polícia. O direito à manifestação foi conquistado no país a duras penas. Infelizmente, ele não tem sido respeitado. A polícia age com brutal violência. A repressão, as ameaças e o medo são cotidianos nas periferias. Defendemos a desmilitarização das polícias no Brasil. As forças de segurança, segundo sugestão da própria ONU, não podem responder ao Código Militar, no qual a ação violenta e a morte são uma conduta necessária às situações de guerra.
Ponto 5. Por liberdade, igualdade e respeito! Queremos eliminar da sociedade brasileira todas as formas de discriminação e opressão. Queremos uma sociedade livre de racismo, machismo e homofobia. Por isso lutamos pela garantia de direitos às mulheres, aos LGBTTs e à comunidade negra. Para isso é preciso defender mecanismos legais que criminalizem todo o tipo de ação discriminatória e violência contra estes setores. Lutamos, portanto, por um Estado laico, pela criminalização da homofobia, pelo direito da mulher ao seu próprio corpo, por cotas e ações afirmativas em todas as esferas de poder. Basta de violência, opressão e discriminação!
Ponto 6. Pela democratização dos meios de comunicação! Como dizia o grito nas manifestações: “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura!” Globo e cia não conseguem esconder que sempre foram um editorial a serviço dos interesses da classe dominante deste país. A grande mídia faz de tudo para favorecer a hegemonia dos donos do poder. Lutamos pela democratização da mídia. Defendemos um novo marco regulatório para as comunicações no país. Além disso, incentivamos que todos os coletivos e indivíduos façam sua parte na democratização das informações. Ferramentas como blogs, vídeos e as redes sociais são muito importantes na produção de ideias e opiniões livres de cabrestos. Mas para isso não é possível que sejamos controlados, não é mesmo Obama? Não podemos permitir que o Facebook e nossas contas na rede sejam investigadas pela CIA e pelo Governo Norte-Americano. A liberdade de informação e comunicação passa pela livre produção de ideias. Tome parte neste movimento e utilize todas as ferramentas possíveis para produzir, divulgar e compartilhar ideias livres, além de outras fontes de informação!
A rua é nossa! O trabalho, a escola, a universidade e o bairro também!
São novos tempos, onde tudo que parecia impossível pode estar ao alcance de nossas mãos. As últimas semanas marcarão a História de nosso país. E de nossa geração. Parece até que a consciência política das pessoas deu um salto triplo carpado. Todo mundo fala de política agora. Além disso, a confiança na força da mobilização é tão grande que todos acreditam que é possível conquistar mais. Para tudo isso, o Juntos propõe, organize-se! São três propostas simples:
1. Reúna a sua galera: seja na escola, no trabalho, na faculdade, no bairro, entre os amigos, a turma do movimento estudantil, a galera da igreja, os moleques que fazem um rap lá na quebrada ou a geral que curte um baile funk. Chame quem quiser falar e ouvir e marque uma discussão, uma conversa, um bom debate. Agora é a oportunidade que temos para politizar ainda mais nossa juventude. Aproveitem a galera reunida e listem suas próprias reivindicações. Agora é hora de conquistar mais: eleição direta para diretor da escola, passe-livre na cidade, mais bibliotecas, aumento nas bolsas de assistência estudantil, maior participação. Junte-se, reúna, debata, organize-se e conquiste mais!
2. Organize reuniões do Juntos em sua cidade, sua escola, universidade ou frente de atuação. Seja um construtor de nosso movimento, leve nossas e suas ideias para mais lugares. É fácil, entre em contato conosco e tome a iniciativa! Multipliquemos o Juntos em todo o país! Se em sua cidade já tem Juntos, esteja convidado para nossas assembleias! Venha contribuir!
3. Vamos reinventar nossas formas de organização. Temos que pensar em formas criativas e diversas para juntar gente. Novas metodologias de reunião, a contribuição das redes, assembleias que permitam ouvir e ser ouvido, além de organizar nossos próximos passos. Estes grandes momentos de efervescência política são ótimos para reinventar nossas formas de atuação. Para dar um exemplo, na Turquia a polícia reprimiu as manifestações na Praça Taksin e o Estado proibiu aglomeração de pessoas nela. A população driblou a lei e encontrou outra forma de protestar, grandes atos silenciosos. Se as pessoas não falam entre si, não podem dizer que elas estão aglomeradas. Esta ideia deu novo fôlego às manifestações e juntou muita gente num protesto criativo e calado. Vamos usar a criatividade para ajudar a manter a atividade política em nosso país. Estamos parindo, ainda que pouco a pouco, um mundo novo! Queremos que ele tenha expressão, forma, cheiro e cores diferentes. Vamos lutar por um mundo onde todos sejam socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres, como diria Rosa Luxemburgo. Está em nossas mãos a construção deste futuro. Só depende de nós! A rua é a maior arquibancada do Brasil! E como aprendemos nestas semanas, só a luta muda a vida. Vamos Juntos!