Fifa, a Copa no Brasil não é também dos negros?
LAZARO

Fifa, a Copa no Brasil não é também dos negros?

Por que Glena Kozlowski tem mais representatividade que o casal Lázaro Ramos e Camila Pitanga para apresentar o sorteio dos grupos da Copa do Mundo?

Tatiane Ribeiro 27 set 2013, 19:30

Tatiane Ribeiro*

LAZARONessa semana, foi definido quem vai apresentar o sorteio dos grupos da Copa do Mundo. Essa é uma decisão que parece banal, e é tomada pelo Comitê Organizador Local (COL), que é o representante da FIFA no local da Copa. Mas, aparentemente, a decisão não é tão banal assim. O COL decidiu que quer embranquecer a Copa: para isso, resolveu vetar os nomes de Lázaro Ramos e Camila Pitanga, que tinham sido propostos anteriormente, em detrimento da apresentadora  Glenda Kozlowski.

De acordo com o COL, o casal não tem representatividade mundial, por isso não poderiam apresentar o sorteio. Aí fica a pergunta: a Glenda (nada contra ela), tem? Sendo esse o critério, é importante saber quais foram as aparições internacionais dela, que é “super conhecida” por ser apresentadora de programa esportivo global…

Agora, não é preciso ser muito esperto para entender porque a Glenda pode e o Lázaro não. Porque a apresentadora dominical é mais importante que a Camila Pitanga… Oras, não podemos enegrecer a Copa do Mundo. A Copa é dos brancos, feita para os brancos, e tem que ter cara de branco. Essa lorota de que essa será a “Copa de todos” (propagandeada por patrocinadores oficiais e tudo mais) é verdade até um certo ponto: tem que ter dinheiro pra pagar pela Copa. E, me desculpe, a maioria dos negros não tem. Não tem dinheiro pra pagar a entrada, consumir os produtos, dar lucro pra FIFA. Então também não tem direito a ser representado na apresentação do que quer que seja! LAZARO3 LAZARO2A Copa não é de todos. A Copa tem cor e classe social definida: a Copa é de quem puder pagar por ela. E é por isso, meus caros, que nem vale a pena colocar Camila Pitanga e Lázaro Ramos para apresentar o sorteio: seria só a doce ilusão de que preto tem voz e tem vez no país do futebol. Esse poderia ser um capítulo do livro do grande Mario Filho, “O Negro no Futebol Brasileiro”. Pena que esse foi escrito em 1947…

*Tatiane Ribeiro é negra, amante do futebol e do Juntos!


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