A violência contra a mulher tem nome: Feminicídio!
Combater o machismo significa lutar por uma sociedade onde tenhamos o direito de viver. Mas, se o direito à vida já foi promulgado por leis, por que ainda não é garantido à mulher?
As mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero, ou seja, pelo fato de serem mulheres, são denominados feminicídios ou femicídios. Segundo a recente pesquisa do IPEA, aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo, sendo essa a realidade de muitas mulheres no Brasil. Em relação às características epidemiológicas, as mulheres negras (pretas e pardas) constituem 45% das vítimas, enquanto os óbitos neste grupo representam 51% do total, sendo que 20% destas mortes são de adolescentes e jovens menores de vinte anos.
Durante o mês de Setembro, a cidade de Santa Maria/RS foi abalada por dois casos de feminicídio, surpreendentes pela frieza dos agressores. O primeiro, de uma bancária que foi assassinada com quatro tiros pelo ex companheiro na porta de seu prédio. Ele deu um tiro, ela caiu, ele saiu do carro e desferiu mais três. As pessoas que presenciaram a cena o viram sair de carro após o crime. Duas semanas depois, outro caso, digno de filmes de horror: Homem chega ao estacionamento de um supermercado, localizado no centro da cidade, e, usando luvas, larga o corpo de uma mulher morta com uma sacola plástica presa na cabeça e com o seu corpo amarrado. Essas brutalidades são evidências de feminicídios noticiados pela mídia, mas que estão longe de representar nossa realidade local, até porque os dados referentes ao feminicidio na cidade de Santa Maria são escassos e refletem também um pouco da conjuntura nacional no que diz respeito à violência doméstica, que sequer entra para as ocorrências policiais e os dados oficiais.
Por mais horrível que isto pareça, a grande parte da população já esqueceu. Infelizmente, ainda se ouve comentários como: “ah, ela deve ter traído ele”, comentários de uma sociedade machista e patriarcal que reproduz a ideia da mulher como uma escrava da vontade masculina. Mais do que isso, a violência contra a mulher é tão recorrente que é naturalizada, aceita e se procuram motivos, como se as vítimas provocassem as suas mortes.
Combater o machismo significa lutar por uma sociedade onde tenhamos o direito de viver. Mas, se o direito à vida já foi promulgado por leis, por que ainda não é garantido à mulher? Por que nós vivemos em um tipo de sociedade que não só causa, como necessita de desigualdade. O capitalismo e os grupos dominantes se mantêm no poder a partir da ideologia que transmitem a população e que será, necessariamente, uma ideologia que prega a opressão. Lutar contra o machismo, racismo e homofobia significa necessariamente lutar por outro tipo de sociedade. Logo, é necessária uma postura revolucionária para garantir a dignidade da vida humana a todxs e é para isso que nós devemos ocupar as ruas, as instituições e o Estado. Que a violência contra a mulher nos choque, mas jamais nos paralise!
O Juntas! em Santa Maria surgiu em 2012 com o intuito de debater as desigualdades de gênero e enfrentar o machismo na prática, por meio da luta diária pela autonomia, direitos e liberdade das mulheres. Acreditamos que com diálogo e organização coletiva podemos construir movimentos que mudem os rumos do machismo para o de igualdade de gênero. Enquanto uma mulher morrer por ser mulher continuaremos lutando!
Juntas Santa Maria organizou no dia 28 de setembro de 2013 o cine debate: “Violência contra mulher tem nome: feminicídio!”